Vício é uma “bença”!



Edson Silva

E não é que está proliferando por aí um vício difícil de escapar dele e que, vez ou outra, todos de nós acabamos esbarrado nele? Não precisa ligar para nenhum órgão de repressão aos entorpecentes, estou falando de vícios de linguagem. Com os tempos internáuticos que vivemos até já estou me acostumando com os me “adiciona”, “adds”, “twitar”, entre outros. Mas o “must” entre os estudantes (e não são apenas entre os mais novinhos) são “tipo assim”, “né”, “como assim Bial?” e aquele dos seguidores de São Tomé: “ não creio” ou “não acredito”, mesmo!.

Os vícios na linguagem falada são antigos quanto falar. Bordões de TV, o linguajar das baladas, as gírias sempre fizeram e continuarão a fazer parte de nossa sociedade e é normal que seja com maior intensidade em tempos que a comunicação é quase tão rápida quanto a velocidade da luz. Aliás, a modernidade está derrubando até esta verdade absoluta de que a luz é o que há de mais rápido que conhecemos na natureza.

Mas voltando aos vícios de linguagem, vez ou outra me pego no falar ao telefone, mesmo com pessoas que não me são tão intimas, um “e aí véio?!”. Até agora ninguém reclamou, pois dá um ar mais amistoso na conversa, geralmente profissional. Mas confesso que tem vez que fico constrangido, afinal a pessoa do outro lado da linha, que não me conhece pessoalmente, pode pensar será que este “menino” é beneficiário do primeiro emprego? E como estou chegando nos cinquentinha, será engraçado a pessoa me ver e acreditar ter sido eu quem o atendeu tão informalmente.

Mas um dos vícios de linguagem do momento e que tem feito eu rir muito junto aos meus amigos ultimamente é o “óia qui bença!”. Normalmente, a expressão é precedida de alguma situação, no mínimo, inusitada ou mesmo desagrável, como ter pego um ônibus lotado, ter perdido horas num congestionamento ou ter sido “alugado” por algum chato que te escalou como vítima para saber toda a história sem graça da vida dele, “óia qui bença!”.

E quando você usa a expressão ainda corre o risco de ser repreendido com um conselho religiosamente correto de que devemos usar a palavras benção apenas para as coisas agradáveis que desejamos para nossas vidas, de nossos entes queridos, de nossos amigos e até para os inimigos, que eventualmente alguém tenha. Portanto, se você me aturou até aqui e não apelou para um “óia qui bença”, eu desejo ótimas bênçãos para todos nós.


Autor: Edson Terto Da Silva


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