A aprendizagem da língua inglesa no brasil



A Aprendizagem da Língua Inglesa no Brasil 

Nos atuais dias, a Língua Inglesa (LI) tem assumido um papel de grande influência no mundo. A globalização tem feito com que a cada dia o uso da LI se torne fundamental na vida das pessoas.  Meios de comunicação, como TV a cabo e internet por exemplo, têm “encurtado” o distanciamento que havia entre esta língua estrangeira e a população mundial, gerando o interesse pelo conhecimento do inglês. Nunca uma língua estrangeira alcançou tantas pessoas como o inglês tem alcançado.

A LDB (Lei das Diretrizes e Bases da Educação) assegura que a escola pública tem por obrigação incluir no seu currículo, “a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição”.[1] No Brasil, a grande parte das escolas oferece exclusivamente o inglês como língua estrangeira, principalmente a pública. 

Na escola pública, alunos que pertencem às classes populares, desprovidos de condições de ingressarem num curso de idiomas, buscam aprender a LI, porém nem sempre este aprendizado acontece. E por que não acontece?  O ensino de LI tem sido desvalorizado, tanto pelas instituições de ensino, quanto por profissionais mal qualificados, e que justificam a deficiência no ensino/aprendizagem da LI através de julgamentos dos alunos.

Moita Lopes[2] em seu livro, Oficina de Lingüística Aplicada, fala de uma série de julgamentos por parte de professores em relação à aprendizagem da língua. Segundo ele, os julgamentos vão desde “Coitadinhos, são muito fraquinhos” a “Eles não aprendem português quanto mais inglês” (1996, p.64).  O professor precisa ser o mediador entre conhecimento e aluno, e a sua participação é fundamental no processo de aprendizagem, precisa dar voz ao aluno gerando autonomia em seu aprendizado.

Percebe-se que esses julgamentos são feitos por parte de professores que costumam usar como referencial de ensino de segunda língua o país estrangeiro, fazendo certo distanciamento entre a realidade do aluno e a cultura do país da língua estudada. Muitos pesquisadores afirmam que não se pode aprender uma língua se o ensino da cultura não estiver integrado (JARAMILLO apud MOITA LOPES, 1996, p.41). Porém, argumenta-se que há casos em que pessoas se comunicam perfeitamente nessa língua sem ter conhecimento cultural, logo, “é possível se tornar bilíngue sem se tornar bicultural enquanto o oposto não verdade” (PAULTSON apud MOITA LOPES, 1996, p.41).

Moita Lopes (1996, p. 39), também aborda questões como a supervalorização da cultura de língua inglesa por parte dos professores, e argumenta que há “uma necessidade de pensar o ensino de inglês como língua estrangeira em termos da realidade brasileira, com o risco de se estar deixando envolver por pontos que não atendem aos interesses da maior parte dos alunos”.

Segundo Moita Lopes, uma abordagem instrumental recuperaria a posição de descrédito ao qual a disciplina chegou, pois os professores teriam um único objetivo: ensinar a ler. Essa também é a proposta feita pelos PCNs, alegando que os alunos podem usar essa habilidade em seu contexto social imediato (BRASIL,1998, p 20). Porém essa abordagem tem passado distante da realidade das escolas públicas, pois as escolas geralmente focam em exercícios descontextualizados através da gramática/tradução, provocando a falta de interação e de dinamicidade na sala de aula.

Outro problema que pode-se observar nas escolas, é a insistência de alguns professores pela “pronúncia perfeita”, podendo ser chamada de “domínio cultural” [3], e de acordo com Moita Lopes (1996, p. 43) é o primeiro “sintoma de alienação” ou de identificação total com o outro, e por conseqüente um “abandono de sua própria identidade cultural”. Esse não é o conceito de educação. Segundo os PCNs, os alunos precisam “conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural [...], como meio de para construir progressivamente a noção de identidade nacional [...]” (BRASIL, 1998, p.7). O ensino de uma língua estrangeira assim como de todas as outras disciplinas devem colaborar para construção de um cidadão critico, para que o aluno entenda qual é o seu papel político social e histórico.

A escola pública ainda é vista por seus alunos como ambiente de aprendizagem da LI, e essa credibilidade no papel da escola como o espaço do aprendizado da língua estrangeira é de extrema importância na busca de soluções para os problemas relativos a esse ensino. Se os professores de língua oferecessem aos seus alunos as condições necessárias e corretas para esse aprendizado, essa disciplina não seria desvalorizada. Pelo contrário, seria um elemento de grande valor na formação do aluno. 

Para que haja uma aprendizagem eficaz de LI é preciso que os professores busquem abordagens adequadas, e que considerem as condições da sala de aula e o contexto psicossocial e sociopolítico. É preciso que a escola publica e seus professores voltem o seu foco de ação para a educação em LI das classes subalternas.

 

Referências

 

BERNARDO, Aline Cajé. Língua Inglesa na escola pública e a relação com o saber. Disponível em: . Acesso em: 14 abr. 2011.     

BRASIL. Lei das Diretrizes e Bases da Educação. Disponível em: . Acesso em: 13 abr. 2011.

_______.Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua estrangeira. Brasília: MEC/ SEF, 1998. 120 p.

MOITA LOPES, L. P. Oficina de Lingüística Aplicada: A natureza social e educacional dos processos de ensino-aprendizagem de línguas.  Campinas, SP: Mercado de Letras, 1996. p. 35-80. 


[1] Cf. Art. 26. parágrafo 5º.

[2] Pesquisa elaborada por Moita Lopes em 1984 nas escolas do Rio de Janeiro.

[3] Moita Lopes afirma que a partir do momento que se transmite a cultura significa estar impondo uma ideologia da classe dominante. Segundo ele, controlar a cultura é controlar o poder, e quem detém a cultura é o imperialista. 


Autor: Tatiane Da Silva Bispo


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