Fazer o que.
Fazer o que. Depois de tanto tempo, já devia estar acostumada a ser deixada de lado. A ser a última a ser lembrada nos convites de festas, aniversários, a última a saber de tudo.
Sempre fui tida como a esperança pra fazer a família a sair do limbo. A futura médica. Ninguém nunca me perguntou como eu me sentia a respeito disso. Ninguém nunca me deu uma palavra que seja de apoio, imagine um gesto.
Se fazia uma coisa certa, se tirava boas notas não fazia mais que a minha obrigação, agora se não arrumava a cama por ter passado a tarde inteira estudando para um futuro que nem sei se quero ter eu era levada ao fundo do poço, me sentia um nada. Por simples lençóis mal colocados eu era o ser mais desprezível do universo.
Assim era minha família. Aí ele veio. Achei que tinha encontrado alguém que ia me ajudar, me apoiar. Mas não é bem assim.
É só eu falar que não gostei de alguma coisa, sou a escória. Sempre a culpada, sempre. Eu que deixei minhas amigas de lado por causa dos estudos, o tempo livre dedicava a ele. Mas ninguém vê isso.
Cada dia mais, me sentia sozinha, cada vez mais presa aos fantasmas que sempre me perseguiram. E ninguém se importava com isso.
Ninguém nunca se importou.
E eu padeço no limbo da minha vida, como sempre, sozinha, já devia estar acostumada.
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