Pesquisa sobre os sociólogos clássicos: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx



Fundação de Ensino Superior de Cajazeiras – FESC

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cajazeiras – FAFIC

 Pesquisa sobre os Sociólogos Clássicos: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx.  

Cajazeiras – PB

Novembro de 2010

Alex de Sousa

Trabalho científico apresentado a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cajazeiras – FAFIC, como requisito para a avaliação do componente curricular da disciplina: Teoria Sociológica, tendo como professor orientador Eduardo Pordeus. 

Cajazeiras – PB

Novembro de 2010

Émile Durkheim (1858-1917)

 

Émile Durkheim foi um dos que mais contribuiu para a consolidação da sociologia como ciência empírica e para a sua instauração no meio acadêmico, tornando-se o primeiro professor universitário dessa disciplina, o mesmo viveu numa Europa conturbada por guerras e em vias de modernização. As referências necessárias para situar seu pensamento são, por um lado, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial e, por outro, o manancial de ideias que, sobre esses mesmos acontecimentos, vinha sendo formado por autores como Saint-Simon e Comte. Durkheim recebe também influência da filosofia racionalista de Kant, do darwinismo, do organicismo alemão e do socialismo de cátedra.

Suas principais obras são:

ü  A divisão do trabalho social (1893).

ü   As regras do método sociológico (1895).

ü  O suicídio (1897).

ü  As formas elementares da vida religiosa (1912).

 

A sua concepção da sociologia se baseia em uma teoria denominada fato social. Seu objetivo é demonstrar que pode e deve existir uma sociologia objetiva e científica, conforme o modelo das outras ciências, tendo por objeto o fato social. Ele classifica os fatos sociais como “coisas”. As coisas são tudo o que nos é dado, tudo o que se oferece (ou ainda se impõe) à nossa observação.  Não sabemos, de fato, o que é o estado, a soberania, a liberdade de política, a democracia, o socialismo, o comunismo, mas isso não quer dizer, que não tenhamos nenhuma idéia sobre esses fenômenos. Todas essas coisas que não conhecemos, mas temos ideias do que elas sejam, são exteriores em relação a nossa consciência individual, mas elas exercem uma coerção sobre todos os indivíduos, por isso, essas coisas se tornam generalizadas em virtude de estarem comum ao grupo ou à sociedade.

Portanto, através dos fatos sociais ele procurava mostrar que a sociedade não é formada pelas partes, mas sim por um todo, e que só conseguiremos entendê-la se a observamos nesse seu todo.

O pensamento de Durkheim tem como eixo sociedade/indivíduo. Todas as suas obras nos relatam a força que a sociedade exerce sobre os indivíduos e que fora dela nós não somos nada. A compreensão desta relação nos é dada pelo autor através do seu objeto de estudo sociológico denominado como fatos sociais. Essa interação sociedade/indivíduo só é possível ser entendida se olharmos não somente para o indivíduo, mas sim para toda a esfera que o envolve. Como exemplo disto, podemos citar a sua obra o suicídio, onde a mesma afirma que, as causas reais dos suicídios são as forças sociais que variam de sociedade para sociedade, de grupo para grupo e de religião para religião, ou seja, emanam do grupo e não do indivíduo isoladamente.

A contribuição do seu pensamento para a nossa atualidade abrange vários ramos do estudo da sociedade, podemos citar:  

ü  As formas de se estudar os suicídios.

ü  As relações entre sociedade e indivíduo.

ü  O papel da sociedade na formação do indivíduo.

ü  Os padrões de valores.

ü  A sociedade como causa final do indivíduo.

ü   O valor das instituições para a socialização do indivíduo.

ü  As leis que organizam a vida em sociedade e são passadas de geração em geração.

ü  A importância da educação na formação de novos cidadãos.

ü  Entre outros.  

 

 

Max Weber (1864-1920)

 

            Max viveu na Alemanha, numa época onde se tratava um acirrado debate entre a corrente até então dominante no pensamento social e filosófico, o positivismo, e seus críticos. O objeto da polêmica eram as especificidades das ciências da natureza e das ciências do espírito e, no interior desta, o papel dos valores e a possibilidade de formulação de leis. Mas, foram Marx e Nietzsche, reconhecidos pelo próprio Weber como os pensadores decisivos de seu tempo, aqueles que, segundo alguns biógrafos, tiveram maior impacto sobre a obra do sociólogo alemão. Contudo, cabe lembrar a originalidade de Weber no refinamento dessas e de outras ideias que estavam presentes nos debates da época.

            Suas principais obras são:

ü  A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905).

ü  A ética econômica das religiões universais (1915).

ü  Economia e sociedade, publicação póstuma (1922).

 

Max Weber vê a sociologia, como um estudo das interações significativas dos indivíduos que formam uma teia de relações sociais, tendo assim, como objetivo, a compreensão da conduta social, pois, essa compreensão subjetiva da conduta social, feita por Max é definida como ação social. Para Weber a sociedade não é algo exterior e superior aos indivíduos, como para Durkheim, mas sim, algo que só pode ser compreendido a parti das ações individuais reciprocamente referidas. Portanto, para ele ação social era toda e qualquer ação que o indivíduo pratica-se, se orientando pela ação de outros. Ele sugere duas maneiras para a compreensão da conduta social: a real, baseada no conhecimento da conduta visível dos outros, revelando a intenção imediata ou indireta; a explanatória, voltada para o campo mais amplo dos motivos (diagnóstico da significação ou das intenções que motivam a conduta do indivíduo).

Portanto, a ação humana, para Max Weber, “é social à medida que, em função da significação subjetiva que o indivíduo ou os indivíduos que agem lhe atribuem, toma em consideração o comportamento dos outros e é por ele afetada no seu curso” (ROCHER Apud LAKATOS, 1990, p. 70).

O pensamento de Weber tem como eixo o indivíduo/sociedade. Para o estudo dessa relação indivíduo/sociedade ele utiliza como objeto a ação social, que segundo ele, pode ser caracterizada como: ação racional, visando aos fins, determinada pelo cálculo racional que estabelece os fins e organiza os meios necessários; a racional visando aos valores, determinada pela crença consciente num valor considerado importante, independente do êxito desse valor na realidade; a afetiva, aquela determinados por afetos ou estados emocionais; a tradicional, determinada por um costume ou um hábito arraigado. Ele também afirma que, poucas vezes a ação, principalmente a social, orienta-se exclusivamente por um ou outro desses tipos. Sempre haverá uma relação entre elas.

Por fim, percebemos que suas perspectivas, tanto na conceituação da ação social como na definição de seus diferentes tipos, Weber não analisa as normas e regras como exteriores ao indivíduo, mas sim, as classifica como resultado da ação conjunta dos indivíduos. As ideias coletivas, como estado, sociedade, o mercado econômico, as religiões, só existem porque muitos indivíduos orientam reciprocamente suas ações num determinado sentido. Sendo assim, essas relações devem ser mantidas continuamente pelas ações individuais.

O seu pensamento, ainda hoje esta presente em varias dimensões da nossa sociedade. Podemos citar alguns como:

ü  Na dimensão econômica (baseada na riqueza, na posse e na renda).

ü  Na dimensão social (baseada em status).

ü  Na dimensão política (baseada no poder).

ü  Estudo das diferenças entre classes sociais (uns acima e outros abaixo).

ü  Na compreensão dos tipos ideais, da distinção entre julgamento de valor e relação de valores.

ü  Etc.

 

 

Karl Marx (1818-1883)

 

            Karl Marx viveu numa época de conflitos marcados pelas revoluções, pelas guerras, por crise econômica. As experiências do desenvolvimento tecnológico e as revoluções publicas que tornaram os setecentos uma época única, inspiraram sua crença no progresso em direção ao um reino de liberdade. Marx, como herdeiro do ideário iluminista, acreditava que a razão não era só um instrumento de apreensão da realidade, mas, também, de construção de uma sociedade mais justa, capaz de possibilitar a realização de todo o potencial de perfectibilidade existente nos seres humanos.

           

Suas principais obras são:

ü  A sagrada família (1844).

ü  Miséria da filosofia (1847).

ü  Manifesto comunista (1848).

ü  Contribuição à economia política (1859).

ü  Obra prima: O capital (1867-1895).

 

Karl Marx, também procura estudar a sociedade, tendo como discussão, a relação entre indivíduo e sociedade, mas diferente de Émile Durkheim e Max Weber, ele não pensa nessa relação indivíduo- sociedade separadamente das condições materiais em que essas relações se apóiam. Sendo assim, sua perspectiva maior não era elaborar uma teoria geral sobre a sociedade, e sim, estudar a sociedade de seu tempo - a sociedade capitalista. No estudo da sociedade capitalista, ele define dois grupos existentes: os capitalistas, aquelas pessoas que possuem os meios de produção (máquinas, ferramentas, capital, etc.) e os proletariados, aqueles que nada possuem, a não ser o seu corpo e a sua disposição para trabalhar.

O pensamento de Karl Marx tem como eixo os modos de produção, através deles ele tenta explicar que as mudanças sociais ocorrem ou se originam através das forças produtivas e das relações de produção. Segundo ele, o homem, para satisfazer as suas necessidades, atua sobre a natureza, criando relações técnicas de produção, porém, essa atuação não é isolada, pois, nessa produção e distribuição necessárias ao consumo, o homem relaciona-se com outros seres humanos, dando origem às relações de produção e o conjunto dessas relações leva ao modo de produção. Os homens desenvolvem as relações de produção através do processo de trabalho (força humana e ferramentas), dando origem a forças produtivas que, também geram um determinado sistema de produção (distribuição, circulação e consumo de mercadorias).  

    O sistema de produção por sua vez, provoca uma divisão de trabalho (proprietários e não proprietários das ferramentas de trabalho ou dos meios de produção) e por fim, o choque entre as forças produtivas e os proprietários dos meios de produção determina as mudanças sociais. Em suma, ao estudar os modos de produção Marx, divide a sociedade em infra-estrutura que é a estrutura econômica, formada das relações de produção e forças produtivas e em supra-estrutura que se divide em dois níveis: o primeiro, a estrutura jurídico-politica, formado pelas normas e leis que correspondem à sistematização das relações já existentes: segundo a estrutura ideológica (filosofia, arte, religião, etc.), justificativa do real, é formado por um conjunto de ideias de determinada classe social que, através de sua ideologia, defende seus interesses.

Seu pensamento esta enraizado ainda hoje em nossa sociedade de diversas maneiras. Podemos citar:

ü  Nos movimentos sociais.

ü  No sistema capitalista existente.

ü   No método de analisar a desigualdade social.

ü  Na divisão das classes.

ü  Na economia.

ü  Nos partidos trabalhistas.

ü  Nos movimentos comunistas ainda existentes.

ü  Nos movimentos operários.

ü  Entre outros.

Referências

 

CASTRO, Ana Maria de.; DIAS, Edmundo Fernandes (org.). Introdução ao pensamento sociológico. São Paulo: Centauro, 2001.

 

QUINTANEIRA, Tania.; BARBOSA, Maria Lígia de Oliveira.; OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro de. Um toque de clássicos. Belo Horizonte: UFMG, 2003.

 

ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. Tradução: Sérgio Bath. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

 

LAKATOS, Eva Maria. Sociologia geral. Colaboradora: Marina de Andrade Marconi. São Paulo: Atlas, 1990.

 

TOMAZI, Nelson Dacio. et al. Iniciação à sociologia. São Paulo: Atual, 2000.      


Autor: Alex De Sousa


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