A revolta árabe: entenda as manifestações em busca de democracia e suas consequências
Após a bem-sucedida revolta das massas na Tunísia no início deste ano, que acabara com o poder do ditador Zine El Abidine Ben Alí, de 82 anos, que governou por 23 anos numa forte ditadura, outros países árabes se rebelaram contra o governo ditador presente há anos nas regiões.
EGITO
No Egito, a população aceitou a “Jornada de Protestos”, realizada por várias organizações de oposição ao regime de Hosni Mubarak, exigindo liberdade, a quebra do regime ditador e mudanças econômicas. Os protestos duraram 18 dias, e segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas) resultaram em mais de 300 mortos e cinco mil feridos. O uso de redes-sociais para organizar manifestações, fez com que o sinal de internet e de telefone fossem interrompidos - o governo nega intervenção.
Após muita pressão da massa, Mubarak admitiu que não seria candidato a um sexto mandato na eleição presidencial, e que sairia do poder. A segurança do país era incapaz de impedir a revolta da população. O povo egípcio permanece firme contra a ditadura e ainda, contra imposição de um Governo Provisório durante a troca de regime, assunto levantado recentemente, e já criticado e protestado pelos egípcios.
LÍBIA
Na Líbia, a situação foi mais complicada. O povo protestava contra o Governo Ditador de Muammar Kadhafi, que esteve no poder a quase 42 anos. A ditadura no território líbio, não permitia o desenvolvimento econômico, social, educacional, e causava muito sofrimento a qualquer cidadão. Mas, Kadhafi se recusou a sair do governo, e disse que só sairia morto do poder. As manifestações continuaram, e a ONU permitiu o uso de forças militares contra o governo líbio. Há cerca de um mês, uma notícia se espalhou, para o alívio do povo, Muammar Kadhafi havia sido preso e morto enquanto tentava fugir. Suas pernas estavam gravemente feridas e seu rosto ensangüentado. Um de seus filhos também faleceu. Não se sabe ao certo quem foi o autor do assassinato. O corpo do ex-ditador líbio foi exibido como um troféu, e ficou à exposição por alguns dias, depois, foi enterrado em um lugar secreto. Agora a Líbia luta contra qualquer vestígio do governo de Kadhafi, seguindo rumo à democracia.
Além desses países, outros como: Jordânia, Lêmen, Argélia, Mauritânia, Síria, Arábia Saudita, Bahrein, Marrocos, Sudão e Omã, também estão em protestos contra seus respectivos governos autoritários.
Essas revoltas dificultam a recuperação européia sobre a crise atual, pois a partir do momento em que a Líbia entrou em protesto, os Europeus temem o preço do petróleo Líbio que poderá aumentar muito decorrente dos prejuízos adquiridos antes e depois das manifestações. Além disso, as economias de alguns países da África do Norte são de mesma natureza européia, tornando mais difícil uma solução à crise.
É de fato importante a intervenção do povo em situações como as dos árabes, é a única forma de interromper um governo injusto, autoritário e sem dignidade. No Brasil, vivemos isso na década de 80, as manifestações como as “Diretas Já!”, onde o povo foi às ruas contra o regime autoritário, foram peças chaves e decisivas no fim da Ditadura Militar em 1985.
Certamente, o povo tem seus direitos a serem respeitados, e deve lutar contra crises, regimes e transformações que impossibilitem uma vida digna, com liberdade, futuro e acima de tudo paz social.
Vânia S. Faleira - 2011
Email: [email protected]
São Paulo, Brasil
Autor: Vânia Santana Faleira
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