Eleições em Marrocos: um voto de teste para os islâmicos
O Indice de comparecimento às urnas será também observado, particularmente em um país onde o absentismo dos eleitores é alta: apenas 37% dos inscritos votaram nas eleições parlamentares de 2007.
Em clima dos acontecimentos “da primavera árabe”, marroquinos vão às urnas na próxima sexta-feira para eleger um novo parlamento, um teste eleitoral depois de meses de reveindicações sócio-políticas. Os islamistas do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (PJD) esperam sair vencedores desta eleição.
Poucos meses depois de uma reforma constitucional iniciada pelo Rei Mohamed VI e aprovada massivamente n um referendo em 01 de julho 2011, estas eleições legislativas, em que 13 milhões de marroquinos foram escritos chamados a participar de modo que ás forças políticas – Pouco mais de trinta partidos em lista – levem os eleitores ás urnas.
Nesta ótica o PJD espera um "efeito Ennahda", que levou o partido islâmico da Tunísia a ganhar essas eleições de 23 de outubro passado, ocupando 89 assentos de 217 da Assembléia Constituinte.
Entrada possível para o Governo
O PJD é atualmente o maior partido da oposição, com 47 deputados, trata de um sucesso porque e pela primeira vez as portas do governo foram abertas. Apesar da falta de pesquisas, interditado duas semanas antes do início da campanha, a maioria dos especialistas dão uma boa chance para ele chegar em frente.
"O Marrocos será islamista", previu mesmo semanal francês"Tel Quel" na capa de sua edição desta semana. "O PJD será seja o primeiro ou o segundo", anotou por outro lado um de seus líderes influentes, Saad Eddine El Othmani, em uma entrevista.
No entanto, o partido islâmico terá de enfrentar seus dois adversários: o Istiqlal (Independência) do primeiro-ministro Abbas al-Fassi (52 deputados) e do partido da União Nacional Independente (RNI, liberal)do Ministro da Economia, Salaheddine Mezouar (38 Deputados).
Chamando para um boicote
As eleições serão também um teste para o "Movimento de 20 de Fevereiro," este movimento espontâneo surgido na esteira da primavera árabe chamou para um boicote da votação na sexta-feira, bem como vários outros partidos de esquerda.
O Movimento inclui os islamitas, os militantes esquerdistas, jovens e manifestantes reclamando desde meses nas principais cidades profundas reformas sociais e políticas. "Eu não vou votar porque não muda nada neste país", diz Ouidad Melhaf, uma jovem estudante do Movimento.
A taxa de participação será também é observada especialmente em um país onde a cultura de absentismo é alta: apenas 37% dos inscritos votaram nas eleições parlamentares de 2007.
Apesar dos desafios significativos e os apelos das autoridades para votar, os marroquinos não parecem menos interessados para participar . A Cinco dias da eleição, a campanha eletoral para designar os 395 futuros membros do parlamento é relativamente monótona, com poucos cartazes.
Sem muita "motivação"
"Nós não vimos uma grande motivação", lamentou há poucos dias uma delegação da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (PACE). Independentemente do resultado de sexta-feira, a vida política marroquina não será a mesma como antes, por causa da aprovação da atual reforma constitucional.
A principal novidade é que o Primeiro-Ministro vai ser desigando no seio do partido que obteve o maior número de votos. Preservando a preminência do rei, a nova constituição concede mais de poder tanto ao parlamento como ao chefe de governo.
Este último pode, por exemplo, dissolver o parlamento, mas ele deve governar em uma coalizão. Neste novo contexto, "quais serão as relações entre o rei e o chefe do governo?" interrogou o quotidiano arabofone, Akhbar Al-Yaoum.
A eleição, supervisionada por mais de 4000 observadores estrangeiros marroquina , deve finalmente dar uma nova facete para a política local: 87% dos candidatos na lista nunca participaram e 45% são candidatos jovens menos de 45 anos, segundo o Ministério do Interior.
Lahcen EL MOUTAQI
Professor e pesquisador
Autor: Lahcen El Moutaqi
Artigos Relacionados
Marrocos: A Nova Constituição Vai Reduzir Os Poderes Do Soberano
Eleiçoes Para Presidente No Brasil 2010
Calendário Eleitoral E Novos Partidos Em 2012
Primeira Visita A Argel De Um Chefe Da Diplomacia Marroquina Desde 2003
Grécia: Um Especialista Em Finanças Pode Vir A Ser Líder Do País
Artigo: A Oab E O Fim Do Voto De Legenda
Marketing De Guerrilha E A Sua Relação Com As Eleições Presidenciais Do Partido Dos Trabalhadores No Ano 2002