Feriados



FERIADOS

 

Para que servem os calendários?

Para marcar as calendas, diriam os antigos romanos.

Mas nós nos utilizamos dele para algo, digamos, mais corriqueiro. Nós o usamos para estabelecer as datas: saber quando começam e terminam os eventos, quando devem ser feitas as comemorações. Marcar as datas que devem ser lembradas e chorar pelas que gostaríamos de esquecer.

Calendário é isso.

Mas é, também, uma lista de números, representando dias e meses, para os quais olhamos para localizar algumas datas especiais: nosso aniversário ou o da pessoa querida! Quando virá o próximo pagamento! Quando teremos que pagar a próxima prestação. Quando chegarão as férias. Quando será ...

Agora, falando sério, o que mais queremos do calendário, é saber quando será o próximo feriado!

Ocorre que a maioria de nós é movida não pelo trabalho, nem pelo desejo de realizações, mas pela insatisfação com o trabalho desenvolvido. E, assim, para fugir do trabalho que não temos coragem de abandonar, nos contentamos em dar pequenas fugidas. Por isso passamos os meses angustiados não porque não conseguimos realizar mais um empreendimento importante, mas porque ainda demorará chegar o próximo feriado.

E assim fazemos nossa vida: buscando os feriados que não nos satisfazem, mas nos alegram. Não nos realizam, mas nos afastam de uma das poucas coisas que podem nos realizar – o nosso trabalho. Ainda não nos demos conta de que um dos elementos que mais nos diferencia, e nos humanizam, é nossa capacidade – e possibilidade – de trabalhar. Pelo trabalho, mais do que produzir nossa subsistência, nós reproduzimos o mundo, recriamos o mundo. Nosso trabalho – pelo menos para aqueles que professam alguma crença – é uma das formas de colaborarmos com o criador, pois o trabalho é um meio de melhorarmos o mundo.

Mas não nos interessa o trabalho. Queremos o feriado como rota de fuga. Mas, quem sabe um dia criaremos coragem e deixaremos de esperar pelo próximo feriado e nos alegraremos em realizar maravilhas pelo trabalho. Enquanto esse dia não chega, vamos esperando o próximo feriado.

E assim passou o 12 de outubro, dia das crianças e o dia de nossa senhora. E o que fizemos? Aumentamos as prestações, pois acabamos comprando algo a mais... Mas quais foram as reflexões e decisões que assumimos? As crianças passaram a ser melhor educadas? O sentimento religioso nos tornou mais solidários?

Não. Usamos os feriados apenas para nos ausentar dos nosso cotidiano e não como espaço de reflexão e melhoria de nossa capacidade de nos humanizarmos.

Passou dia 15 de outubro e o dia 28 de outubro: dia do professor e dia do servidor público. Os professores, de modo geral, usaram a data para se alegrar. Mas não se alegraram por serem agentes de mudança na vida dos estudantes; não por serem os responsáveis pela transmissão e inovação nos conhecimentos. Alegraram-se porque nesse dia não precisaram se “estressar” com os gritos e desedeucação dos estudantes. Principalmente porque já havia passado o dia dos estudantes, data em que se comemora, por força das contingências atuais, não a educação, mas a crise de valores que invade a vida dos jovens.

E o dia do Funcionário Público? Infelizmente, em virtude do emperramento burocrático, o servidor público deixou de ser uma referência para ser motivo de chacota. Principalmente porque ainda não conseguimos superar – pois ainda é um fato – a triste imagem do funcionário público como aquele trabalhador que vive de fazer nada!!! Que vive de infernizar a vida dos que dependem dos serviços públicos. Infelizmente ainda convivemos com aqueles servidores que não se assumem como “servidor”, mas como pessoa que ainda pretende tirar proveito pessoal do status de servidor público.

Então, já descobriu para que servem os calendários? Se ainda está na dúvida, reflita com o que diz Raul Seixas na música “Você”:

“Você alguma vez se perguntou por que faz sempre aquelas mesmas coisas sem gostar? Mas você faz, sem saber porquê, você faz!  E a vida é curta! Por que deixar que o mundo lhe acorrente os pés? Finge que é normal estar insatisfeito. Será direito, o que você faz com você? Por que você faz isso por quê? Detesta o patrão no emprego sem ver que o patrão sempre esteve em você e dorme com a esposa por quem já não sente amor. Será que é medo? Por que,  você faz isso com você?”

Neri de Paula Carneiro – Mestre em Educação, Filósofo, Teólogo, Historiador. Rolim de Moura - RO
Autor: Neri P. Carneiro


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