A importância da gramática nas aulas de língua portuguesa
Estudar a gramática e dominá-la é colocar em prática o bom uso da língua que sucessivamente levará aquele que estuda a gramática a falar e escrever bem (Travaglia, 2001)
O professor que domina os diversos tipos de gramática e também os estudos lingüísticos na teoria e na prática sabe da importância em fazer com que os alunos conheçam a gramática e a que julgamos fundamental para o ensino é a Gramática Internalizada que é o conjunto de regras dominadas por aquele falante do uso normal da língua e que o professor deve estudá-la através de uma gramática descritiva, que descreve e registra uma determinada variedade da língua, analisando o que é dito e escrito na realidade daquele falante, explicando posteriormente o real mecanismo daquela língua.
Celso Cunha, em seu livro “Língua e Liberdade” afirma que “a língua tem que viver em perpétua evolução” e Câmara Jr. diz que “há mudanças no uso da língua conforme a situação social”. Conforme a afirmação se entende que o ensino deve ser produtivo, analisando as variantes lingüísticas de cada falante para desenvolvimento da competência comunicativa, porque falamos a mesma língua e ela é composta por diversos dialetos que devemos analisar para que a gramática seja internalizada naquele que fala e já conhece a sua língua, faltando somente adequá-la de acordo com o meio social e ficar atento para as variedades da língua que é diferenciada pela região, classe, gênero e estilo de cada pessoa, pois a fala depende da cultura de cada indivíduo e também do seu nível sócio-cultural implicando conseqüentemente na escrita, também de acordo com a fala.
Nas escolas de nível fundamental e médio fala-se muito em Gramática Normativa, nomenclatura que deixa todos os estudantes com medo, por acreditar e julgar-se que alguns ou boa parte dos que falam a língua portuguesa não tem domínio de gramática, mas qual é a definição de gramática? Carlos Franchi em seu livro “Mas o que é mesmo ‘Gramática?”” define que “gramática é o conjunto sistemático de normas para bem falar e escrever, estabelecidas pelos especialistas, com base no uso da língua consagrado pelos bons escritores”.
E o que acontece nas escolas? Os alunos até hoje não conseguem colocar em prática muitas normas desnecessárias ao seu convívio para a fala e a escrita e devemos colocá-los para praticá-la em sala de aula, porque ao aluno
“deve-se dar a oportunidade de crescer lingüisticamente, através da prática constante em aulas que sejam um prazer e uma descoberta constante, oportunidade de manifestação individual, espontânea, em que, sem ser reprimido nem humilhado por constantes correções de seus “erros”, ele vá progredindo à força de praticar, e de ser exposto a bons modelos: modelos que lhe agradem, que lhe digam alguma coisa”. (Luft, 1997)
“A língua está em perpétua evolução” (Celso Luft) e a cada dia surge uma palavra diferente e o educador tem que observar como isso acontece, pois a linguagem da nossa juventude é influenciada constantemente pela linguagem da internet, mais precisamente por sítios de relacionamento como o Orkut e Messenger. O papel do professor diante de situações como esta é justamente mostrar para o aluno que naquele determinado contexto é aceitável que as palavras estejam abreviadas ou curtas como, por exemplo, o uso do “você” que nesses sites os jovens substituem por “vc” e o professor demonstram-se consciente, sem fazer julgamentos e conseqüentemente executa a adaptação necessária, pois se o aluno precisar falar com o diretor da escola ou escrever uma redação numa prova de vestibular, ele não poderá escrever dessa forma, pois não é a linguagem adequada para aquele determinado momento.
Diante das observações acima, o professor deve refletir sobre como está ensinando gramática para os alunos, pois cabe ao mediador trabalhar a gramática sugerida para que a comunicação seja desenvolvida com o conhecimento das variedades da fala.
Consequentemente a esse avanço da capacidade de cada indivíduo produzir sua fala adequada, o docente utiliza o que foi ensinado, como suporte inicial para que o discente consiga valorizar as variantes estudadas, ampliar a sua capacidade lingüística, desenvolver habilidade e competência na interação comunicativa, internalizar realmente a gramática e não decorá-la e ter um contato íntimo com ela, para que seja o seu instrumento de reflexão toda vez que falar e escrever.
Quando obtemos realmente o domínio do que já foi citado, temos também a capacidade principalmente de interpretar diversos textos, compreendê-los e transformá-los, porque a gramática “não se aprende por exercícios, mas por práticas significativas”, de acordo com a tese de Sírio Possenti e essas práticas ocorrem quando o educador trabalha a partir da realidade gramatical daquele aluno, descobrindo a sua natureza lingüística e a sua dificuldade, sendo assim, mediante essa análise o estudante consegue criar a sua própria teoria individual no qual o seu saber pessoal vai ser construído, desconstruído e reconstruído.
As práticas mediante o conhecimento do professor tornarão aprendizado para o aluno, que também vai perceber que o desejo de falar bem, implica em ouvir e praticar a fala e é assim também com a escrita, pois quando desejamos escrever bem temos que ler bastante e diversos textos/livros e praticar a nossa escrita, práticas essas que serão desenvolvidas em sala de aula e não somente como “tarefa para casa”, pois o professor deve praticar em sala de aula a oralidade, a leitura e a escrita.
A cada estudo por intermédio da realidade que o aluno vive será internalizada na sua convivência uma nova maneira de aprender todo aquele conteúdo e contribuir para que eles tenham domínio e façam as correções necessárias gramaticalmente de si mesmo, aprendendo também a evitar estrangeirismos e cacofonia, e o professor alcançando o seu objetivo, deixando-os capacitados a expressar claramente o seu pensamento através da linguagem, nas produções da fala e escrita, porque o homem dispõe da língua e ela não é imposta e como diz Veríssimo, a gramática tem que apanhar todos os dias para perceber quem é que manda nela, portando, cada indivíduo tem o poder da palavra e por intermédio dos estudos saberá como utilizá-las.
Finalizamos então, deixando explícito o desejo de que cada educador esteja atendo e coloque em prática o ensino de gramática para que seja vista “em uso e para o uso, constatando-se uma funcionalidade procurando inseri-lo em situações reais ou que se aproximem o máximo possível da realidade” (Prestes, 1996), pois “o que queremos é salientar que atualmente faz-se necessário o ensino de gramática, justo para munir os alunos de um instrumento de luta para inserir-se de modo mais efetivo e eficaz na sociedade: o uso de linguagem adequada às mais diversas situações comunicativas em que eles estiverem inseridos, que vão além das instituições escolares e se estendam em quaisquer situações de sua convivência no meio social”. (Soares)
Autor: Danielle Rossato
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