O meu primeiro emprego: quem manda? o patrão ou a patroa.



Creumir Guerra O MEU PRIMEIRO EMPREGO: QUEM MANDA? O PATRÃO OU A PATROA. Compreendeu. Compreendeu. Quem conheceu o Genésio de Oliveira com certeza o ouviu dizer a palavra compreendeu por diversas vezes. Gostava de andar pela cidade de Mantenópolis, parar aqui e ali para uma prosa. Genésio foi comerciante na cidade por décadas. Certa vez, quando eu tinha treze anos, estava no quintal da casa de um tio avô, imóvel onde também funcionava uma oficina de consertar bicicletas. Eu era muito amigo dos filhos do dono da oficina, dois meninos chamados Elinalton e Jocélio. O primeiro da minha idade e outro mais novo. Estávamos os três jogando dama no quintal quando chega o pai dos meninos e puxa de uma vez o tabuleiro, espalhando as pedras do jogo para todos os lados. Elinalton! Jocélio! Vocês não tem serviço não? Bradou o Senhor João Meireles. Tomei um baita susto e sai de fininho. A venda do Genésio ficava ao lado da oficina. Entrei na venda e comecei a conversar com o comerciante. Ele perguntou quantos anos eu tinha e se estudava. Disse-me que se eu estudasse a noite ele me empregaria na mercearia para trabalhar das 08h00min às 17h30min, saindo uma hora antes das aulas. O salario seria o equivalente a ¼ do salario mínimo. Comecei no dia 20/12/1979. Foram três anos de trabalho e muitas histórias para contar. Os produtos como arroz, feijão, macarrão, açúcar e biscoitos eram pesados e ensacolados por mim. As sacolas eram de 1 kg, 2 kg e 5 kg. Botava o peso de um lado da balança e a sacola no outro e derramava o produto até o fiel ficar no meio exato. O arroz que era pesado era o chamado de arroz da colônia, produzido no município. O arroz de fora, normalmente do Rio Grande do Sul, vinha já empacotados em sacolas de 5 kg. Genésio chegou para mim e disse que o arroz de fora era especial e eu não poderia abrir as sacolas para vender menor quantidade. Era mais caro e fora da sacola seria confundido com o arroz da região, que era mais barato. Genésio pegou o seu fusca e foi para o sitio e me deixou sozinho tomando conta do comércio. Chega um freguês e vê o arroz do Rio Grande e pede 2 kg. Falei que só poderia vender a sacola de 5 kg. A dona Gecy, mulher do patrão, ouviu a minha conversa com o cliente e veio lá dos fundos, de onde moravam, e foi me dando logo um esculacho. Quem falou que não pode vender dois quilos? Você é preguiçoso e não quer é ter o trabalho de pesar o arroz para o homem. A mulher meteu a mão na sacola e pesou os dois quilos de arroz e voltou bufando para a casa dela. Eu fiquei numa raiva. Deixa só quando o Genésio chegar. Vou contar a ele que a ordem dele foi desrespeitada. Além do mais, eu tinha sido insultado por obedecer ao que ele mandara. Já era depois das cinco da tarde quando o Genésio chegou do sitio para me liberar para ir para a escola. Contei o episodio para ele tim tim por tim tim. Esperava que o homem fosse esfregar aquela sacola aberta na cara da mulher na minha presença. Seria a gloria. Nada. Genésio falou calmamente que as mulheres são assim mesmo e era melhor deixar para lá a ter uma briga com a Dona Gecy. O tempo me mostrou que Dona Gecy era gente boa.
Autor: Creumir Guerra


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