As juras de amor eterno e o primeiro acidente a gente nunca esquece



Lembro-me como se fosse hoje de estar sentado em cima de uma sacaria de cereais, na mercearia do Quinca Cirilo, em Mantenopolis. No local trabalhava o meu amigo Zé Luiz. Conversa vai e conversa vem e o papo em questão era o casamento. Falei que somente me casaria quando ganhasse três salários mínimos por mês; possuísse casa própria e um fusca. Arranjei uma namorada vinda de Cuparaque e depois de um ano já queria casar. Dez meses depois já estava entrando na Igreja Presbiteriana para fazer os votos de na riqueza e na pobreza. No meu caso era na pobreza e na pobreza. Na hora em que o Pastor Davino de Almeida me fez jurar ate que a morte os separe, eu balancei o dedinho do pe. Pensei que nunca era tempo demais e a coisa não poderia ser uma ida sem volta. A minha remuneração era de quase três salários. Também estada estudando o ultimo ano da faculdade. O casório foi em janeiro e a formatura em dezembro. Era recém casado e em um dia de sábado, na parte da tarde, chego da faculdade e encontro minha esposinha em prantos. Chorava e chorava. -O que foi?- O meu irmão comprou uma motoca velha e estava me ensinando a pilotar. Eu dei a volta no quarteirão e quando descia o morro da casa do Dr. Aloísio eu perdi o controle e bati no carro dele. Depois eu continuei descendo o morro e cai na vala de esgoto. - Calma, já passou. -Eu estava com medo de você brigar comigo. - Por quê? Eu quebrei o farol do carro do Dr. Aloísio e acho que vai ficar caro. -Deixa que eu vá conversar com ele. Depois de descansar um pouco fui ate a casa do medico. Chamei e prontamente ele veio me atender. Antes que eu falasse alguma coisa ele me chamou para mostrar o carro novo e o sinistro ocorrido. Aloísio me contou que chegou a casa e viu o carro novinho com o farol quebrado. A mulher dele garantia que não era ela quem dirigia o possante quando o infortúnio aconteceu. O cunhado havia pegado o veiculo emprestado, mas também negava participação no caso. -Eu não posso julgar, falou o medico. Acho que meu cunhado esta com vergonha de admitir. Pode ser um vândalo que passou pela rua. –Dr. Aloizio, eu sei quem causou este prejuízo ao senhor. Foi a minha mulher. –Que alivio! –Manda fazer o orçamento. Eu não sei se posso pagar o reparo agora. – Tudo bem, mando consertar e depois divido pra você em quantas parcelas forem necessárias. Eu pensei que o doutor não iria aceitar que eu consertasse o carro numa oficina de fundo de quintal. Com certeza ele vai levar para a Pomal, em Mantena-MG. O telefone toca e o medico fala para eu passar no hospital. – Obrigado, eu estou melhor. – Não, quero te falar do conserto do carro. – Ok. Passo ai. Adentro a sala do doutor Aloísio e ele me diz que o valor era de seiscentos reais. Nossa! Falei com os meus botões: ganho novecentos por mês. – quatro de cento e cinqüenta esta bom? – beleza. Regresso ao lar e a mulher pergunta e ai? Sabe aquele vestido novo? Esquece. A viagem para Cuparaque? Esquece. Trocar a televisão preta e branca? Nem pensar. Uma lição: perdoar não significa esquecer e sim se conformar que ficou no prejuízo.


Autor: Creumir Guerra


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