Empreender



Tenho ouvido muito sobre empreendedorismo. O termo parece estar na moda. Principalmente quando conversamos com a famosa geração Y (aqueles na faixa dos 20-30 anos, mais ou menos).

Muitos tem o discurso de: "pretendo trabalhar um pouco, juntar meu dinheiro para poder abrir meu negócio". São raros os casos de jovens que tem como objetivo construir carreira em uma empresa. Isso parece que ficou na geração passada.

Não vou me estender nas discussões do porquê dessa ânsia neste artigo, mas vou explorar um pouco das consequências dessa "vontade coletiva" para o mercado de trabalho e o que ela exige dos futuros empreendedores.

Se uma fatia dessas pessoas que desejam como carreira o Empreendedorismo de fato o fizerem, uma consequência lógica que veremos será a escassez de mão-de-obra para o mercado de trabalho, principalmente quando pensamos em cargos estratégicos. Se olharmos para o mercado atual, já veremos que muitas empresas enfrentam um problema em sua pirâmide de pessoas: é muito complicado achar e, pior ainda reter colaboradores para o meio da pirâmide (que corresponde aos cargos de Coordenadoria e Gerência). Em outras palavras, a geração Y é difícil de pegar e mais difícil ainda de reter. A retenção é difícil por alguns motivos: essa geração não admite ficar parada ou ficar sem desafio (me utilizo do generalismo, mas sei que toda regra tem exceções). Por isso, caso se sinta incomodada em um cargo ou em uma empresa, essa geração não tem problema nenhum em procurar novos desafios. E, em alguns casos, como o de quem vos fala, o novo desafio é desbravar o mundo empreendedor. 

Para a Economia, mais empreendedores significa mais empresas no mercado, o que, por sua vez, traz mais concorrência e deixa o mercado mais competitivo. Mas será que todos esses novos desbravadores estão preparados para se inserir no mercado sem estar sob as asas de uma empresa?

Aqui chegamos no primeiro grande desafio do empreendedorismo: fazer acontecer. Mesmo que você tenha sócios em sua aventura empreendedora, dificilmente alguém exercerá o cargo de chefe. Não só na cobrança, mas dividindo tarefas, segurando alguns problemas, etc. E isso significa que se o empreendedor não se dispuser a fazer determinada atividade, ninguém mais o irá e ela morrerá. Ou seja, caso tenhamos um empreendedor não pró-ativo, como esperar que a empresa dê certo? E, neste caso, não haverá alguém para cobrar uma mudança de postura.

Outro grande desafio que caminha lado-a-lado com a proatividade é que o empreendedor não precisa ser ótimo em nada, mas deve ser bom em tudo. Eu explico. Na sua vida empreendedora, você irá precisar tomar decisões ligadas a abertura de empresas, precificação de produtos, qual cartão de visita é mais apropriado, qual logo tem mais a ver com a proposta da empresa, qual a real proposta da empresa, que modelo de impressora é o ideal etc. Tornando mais prático, o empreendedor deve saber falar de Finanças, Questões Legais, Marketing, Contabilidade, entre muitas outras. Isso exige que esse empreendedor não tenha dificuldades em sair da sua zona de conforto. Mesmo que a empresa seja em sua área específica de atuação, mais hora menos hora ele irá se deparar com questões alheia a seu mundo. Logo, o empreendedor não pode se ancorar nessa zona de conforto e ali ficar para sempre. Por melhor que ele seja, deve-se ter o conhecimento básico para transitar entre as mais diversas áreas de uma empresa.

Outro ponto que acredito ser essencial a qualquer empreendedor é não ter medo de terfrio na barriga. Empreender é arriscar e arriscar é não ter certeza do que virá pela frente. Com esse frio na barriga vem, também a necessidade de saber o que deve ser feito quando as coisas não dão certo. Por mais bem elaborado que seja o planejamento, ele acabará falhando em algum aspecto e aí deverá entrar a capacidade de improvisação.

A prática é bem mais complexa que a teoria, como em quase tudo na vida. Por isso, futuros empreendedores, antes de tomar qualquer decisão ou de idealizar carreira empreendedora, entenda tudo que vem com essa decisão. Afinal, toda carreira tem alguns pré-requisitos básicos. Por que o empreendedorismo não teria?


Autor: Laercio Miguel Morato Junior


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