A relação entre o capitalismo, economia solidária e ambientalismo



 

Resumo

O presente texto mostra a relação existente entre três dos principais temas da atualidade, como o capitalismo. Suas principais características e como pode influenciar na vida em sociedade através do comercio e produção. Também, um breve comentário sobre a visão Marxista da exploração do trabalhador assalariado e o poder exercido pelo homem sobre o outro.

Outra questão da atualidade é a economia solidária. Oriundo das iniciativas associativas, buscando uma nova racionalidade onde se discute justamente economia e solidariedade. Assim também, há o ambientalismo como um novo movimento social que busca uma resposta a vários setores sociais como o crescimento exponencial da população humana, deterioração dos recursos naturais renováveis e não renováveis e sistemas produtivos poluentes.

 

Palavras chave: Capitalismo, Economia solidaria, Sociedade

 

 

O Capitalismo

O capitalismo tem como característica, a relação econômica entre os meios de produção com fins lucrativos e o setor privado, onde se promove a oferta, demanda e preço. Existem inúmeras definições de capitalismo. Como aqueles que defendem que é apenas um sistema em que a produção é totalmente privada ou os que defendem que a economia é mista.

No século XV, na Europa, já havia uma atividade econômica intensa entre os comerciantes e burgueses que realizavam com a África e Ásia através do Mar Mediterrâneo, tornando assim o capital, a principal fonte de riqueza. Com a expansão da comercialização, houve a necessidade de ampliar a produção.

Já no século XVIII, o comercio era a principal atividade econômica da Europa, com o surgimento de novas técnicas para a produção de mercadorias. Como a invenção das máquinas a vapor, e Consequentemente, surgem um novo grupo econômico bem mais forte que a anterior, denominada “burguesia industrial”, que ficavam com a maior parte dos lucros industrial e a maioria continuava nos campos e lavouras.

Com a industrialização do capitalismo, o trabalho assalariado se generaliza e o homem, passa a comprar o trabalho do outro através do salário. Com a revolução industrial, a competição entre os países industrializados para obter matérias – prima torna – se cada vez mais intensa. A necessidade de produzir e vender para o mundo surge uma nova forma de exploração, o colonialismo.

Os países industrializados da Europa na procura de matéria – prima invade os países da áfrica e Ásia, explorando seus recursos naturais e seus trabalhadores nativos com baixos salários. Além de fornecer matéria – prima, as colônias também tornam – se consumidores em potencial destes produtos industrializados.

Na antiguidade, Havia alguns pensadores preocupados com a sociedade e sua organização como Karl Marx, e Tomas More que escreve sua obra denominada “Utopia”, no qual narra à possibilidade de uma sociedade ideal comunista, para abolir a idéia de propriedade individual e absoluta.

“(...) No centro de cada quarteirão das cidades, encontra – se um mercado de coisas necessárias à subsistência, onde são depositados os diferentes produtos de todas as famílias. Cada pai de família vai procurar nos mercados tudo o que necessita para os seus, dele não se exigindo nenhuma espécie de pagamento, seja em dinheiro, seja em outras mercadorias. (...)” (MORE, “Os Pensadores” 2004)

Em Carl Marx, o capitalismo encontra – se definido em sistemas de classe. Segundo Giddens[1], Marx em suas concepções como critico ferrenho da sociedade capitalista de sua época, sua análise identifica uma sociedade marcada por contradições e desigualdades sociais, onde das quais o domínio do homem sobre o homem se apresenta de forma mais aguda. Ainda nas palavras de Giddens:

 “O capitalismo é um sistema de produção que contrasta radicalmente com os sistemas econômicos anteriores da história, já que envolve a produção de mercadorias e de serviços vendido a uma ampla faixa de consumidores. Marx identificava dois elementos principais dentro das empresas capitalistas. O primeiro é o capital – qualquer bem, incluindo dinheiro, maquina ou mesmo fábricas, que possa ser usado ou invertido para produzir bens futuros. A acumulação de capital anda de mãos com o segundo elemento, a mão – de – obra assalariada se refere ao conjunto de trabalhadores que não possuem o meio de sua sobrevivência, mas precisam encontrar emprego fornecido pelos que detêm o capital. Marx acreditava que, aqueles que detêm o capital, os capitalistas, formão uma classe dominante, enquanto a massa da população constitui uma classe de trabalhadores assalariados, ou uma classe operária.

Giddens mostra claramente a forma como Marx via elementos da sociedade capitalista, ou seja, o antagonismo presente, capitalistas, a classe dominante e os trabalhadores, que podemos denominar neste momento de classe dominada. Desta forma que Giddens identifica que Marx analisa o capitalismo como a pior forma de dominação do homem sobre o homem.

Economia solidaria

Uma das questões mais relevante e contemporânea da atualidade é a chamada economia[2] solidaria. Um movimento social que procura uma nova forma de pensar as relações de produção e troca de bens e serviços. Este movimento não foi compreendido pelos economistas e cientistas sociais onde tinham o lucro e egoísmo como paradigmas conceituais. (JEFFERSON Marçal, 2004)

 Desta forma, não compreendendo o mecanismo de como a solidariedade ideologia gestora de uma nova proposta da relação de trabalho, de produção e de consumo, poderá moldar um novo contrato social, tendo a economia como uma ciência dinâmica, concreta e em constante evolução e comprometida com a humanidade.

A economia solidaria vem se apresentando com alternativas de gestão de trabalho e renda com o favorecimento da inclusão social, promovendo a pratica organizada, sob a forma de cooperativas, prestação de serviço, finança solidaria e um comércio justo. (www.mte.gov.br/, acesso em 10 de novembro de 2011)

No portal (WWW.tem.gov.br) do Ministério do trabalho, encontramos algumas características que a economia solidaria:

  1. “Cooperação: existência de interesses e objetivos comuns, a união dos esforços e capacidades, a propriedade coletiva de bens, a partilha dos resultados e a responsabilidade solidária. (...)
  2. “Autogestão: os/as participantes das organizações exercitam as práticas participativas de autogestão dos processos de trabalho, das definições estratégicas e cotidianas dos empreendimentos, da direção e coordenação das ações nos seus diversos graus e interesses, etc. (...)
  3. “Solidariedade: O caráter de solidariedade nos empreendimentos é expresso em diferentes dimensões: na justa distribuição dos resultados alcançados; nas oportunidades que levam ao desenvolvimento de capacidades e da melhoria das condições de vida dos participantes; no compromisso com um meio ambiente saudável;(...)”

A proposta de uma economia solidaria avança com a pespectiva de um novo contrato social, na tentativa de consolidar modelos mais efetivos para abarcar a totalidade socioeconomico de uma nação e do mundo.

O movimento ambientalista

O ambientalismo é considerado um “novo” movimento social aparecendo lado a lado com o feminismo e o pacifismo. Com a expansão do setor de serviços nas sociedades contemporâneas têm favorecido o surgimento destes novos movimentos de contestação. (apud: SERGIO Boeira, 2009)

A preservação do verde é uma plataforma de ação política em torno da preservação do ambiente, seja entre classes, estudantes ou políticos. O movimento ambientalista, ao provocar um debate amplo sobre a questão do desenvolvimento sustentável e a preservação do meio ambiente, tem suscitado questões, tais como a necessidade do aproveitamento racional dos recursos hídricos e saneamento básico.

Nos anos 60, principalmente em países do hemisfério norte, é que o movimento ambientalista emerge com força, principalmente nos Estados Unidos. Manuel Castells[3] define o ambientalismo como: “uma forma de movimento social descentralizado, multiforme, orientado à formação de redes e de alto grau de penetração”.

 Para Castells, existe uma diferença entre ambientalismo e ecologia, para ele ambientalismo “são formas de comportamento coletivo” que se propõe a alterar a relação entre o homem e o ambiente, definido como natural. De sertã forma, essa postura coloca – se contra as estratégias desenvolvimentistas.

Estas estratégias são embasadas em uma perspectiva globalizante, visam maximizar os lucros e tornar as relações humanas mais precárias. Ecologia define o autor. “é o conjunto de crenças, teorias e projetos que contempla o gênero humano com parte de um ecossistema”.

Vejamos algumas organizações ambientais que incorporam e acompanham os movimentos sociais.

  1. O Greenpeace, certamente, é uma Das mais populares organizações ambientais do mundo. Fundada em 1971, no Alasca, por ativistas que buscavam impedir a realização detestes nucleares pelos Estados Unidos, é uma organização que atua em escala mundial e que visa modificar do comportamento das pessoas em relação ao meio ambiente.
  2. RBJA (Rede Brasileira de Justiça Ambiental) articula uma serie de atores relacionados aos movimentos sociais, organizações não - governamentais sindicatos e pesquisadores brasileiros. A RBJA foi criada em setembro de 2001, no colóquio internacional sobre justiça ambiental, realizado na Universidade Federal Fluminense, em Niterói – RJ. Outras redes do mesmo tipo já existem em outros países da America latina, como o Uruguai, e o Chile.

O conceito de justiça ambiental á muitas vezes, utilizado nos Estados Unidos por grupos étnicos que colocam em evidência situações em que grandes empresas e mesmo o estado oneram grupos minoritários com uma grande parcela de risco ambiental. “Racismo ambiental refere – se a qualquer política, prática ou diretriz que afete diferenciadamente ou prejudique (internacional ou não – internacional) indivíduos, grupos ou comunidades com base em sua raça ou cor.”   

 

Conclusão

Podemos observar que as características do capitalismo como a propriedade privada os meios de produção o trabalho assalariado, contribuíram para a formação da sociedade moderna. Segundo Walter Gonçalves[4], “Um dos pilares da sociedade moderna é o progresso humano tem como origem na dominação da natureza por meio da ciência e de sua aplicação tecnológica. (...) Uma das principais consequências dessa subestimação da natureza é exatamente o efeito estufa. (...)”

 Vimos que no texto apresentado, como o processo do capitalismo influência diretamente na vida em sociedade e na natureza, onde há uma necessidade de mobilização através de movimentos sociais, Na tentativa de conter seus efeitos. Com isso surge a concepção holística de organização social no que cada ser é parte integrante do mesmo e para qual não precisa entrar porque esta nela e nela permanece, e com ela integra – se de forma permanente.

  Referências

- Marina Bitelman FGV “A disseminação da política pública de economia solidaria para as cidades de São Paulo e Osasco”

- JEFERSON Rocha, “Economia Solidária: Discutindo uma nova ética nas relações de troca”.

- Castells, Manuel. Era da informação: Economia, sociedade e cultura. São Paulo paz e Terra.

- ABRAMOVAY, RICARDO. Paradigmas do capitalismo agrário em questão. 2. Ed. São Paulo/Rio de Janeiro

 

- MORE, Tomas “Utopia” Coleção os Pensadores Ed. Abril Cultural


[1] Anthony Giddens: Sociólogo britânico, considerados por muitos, um dos mais importantes filósofos social britânico contemporâneo. Um dos primeiros a trabalhar o conceito de globalização e trabalhou como assessor de ex – primeiro ministro britânico Tony Blair.

[2] O termo Economia, e de origem grega, e significa a gestão sábia dos bens e servia para indicar a administração da casa, do patrimônio particular, enquanto a administração da polis (cidade – estado) era indicado pela expressão “economia política” (Sandroni, 2002)

[3] Manuel Castells: sociólogo espanhol, 1967 e 1979 lecionou na universidade de Paris. Foi nomeado em 1979, professor de sociologia e planejamento. Segundo o Social Sciences Citation Index Castells foi o quarto cientista social mais citado no mundo no período 2000 – 2006.

[4] Doutor em Geografia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Professor do Programa de Pós-graduação em Geografia da UFF e Ex-Presidente da Associação dos Geógrafos Brasileiros (1998-2000). Foi ganhador da Medalha Chico Mendes em Ciência e Tecnologia em 2004.

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Autor: Prof. Mike Malcher


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