O relato



São Paulo, 10 de Novembro de 2003

O Relato

 Querida, amiga Laura a história que irei lhe contar é verdadeira, aconteceu há três anos com o Alexandre. Perdoe-me, mas não tive coragem de lhe escrever contando o fato porque estava ciente dos problemas que enfrentava na época.

Você se lembra é claro da época do colégio quando estudávamos juntas com o Alexandre, o Marcos e a Andréia, formávamos um grupo e tanto; fazíamos muitas travessuras.  Você e o Alexandre namorando e eu só atrapalhando os encontros, saíamos sempre juntos; sinto saudades!

Foi uma tragédia quando seus pais resolveram se mudar para o Rio de Janeiro e como não gostavam do Alexandre não queriam que o namoro seguisse adiante, sabe disso melhor do que eu.

A distância acabou com o Alexandre, começou a usar maconha nada que o Marcos, Andréia e eu dizíamos fazia com que reagisse e aceitasse a realidade éramos jovens com apenas 17 anos e não sabíamos o que fazer.

Tentei entrar em contado por telefone Laura, mas nunca lhe encontrava em casa e sei que seus pais não gostam de mim, por isso optei por escrever as cartas e aquela que pedi novamente que me deixasse contar a ele que estava grávida dele quando foi embora a resposta chegou tarde demais.

Em seis meses Alexandre de viciado passou a ser traficante e com o desespero de ir ao seu encontro roubou o dinheiro das drogas, mas antes de chegar à rodoviária foi baleado pelos falsos amigos que o levaram ao vício.

Não precisa se desesperar ele não morreu forma seis tiros que o levaram ao coma à UTI, mas com a graça de Deus sobreviveu e hoje faz seis meses que saiu do coma e seu nome foi à primeira palavra que pronunciou.

Sei que não foi fácil para você Laura a gravidez e o fato de seu pai tê-la obrigado a dar para a adoção não tive coragem de contar isso a ele, espero que receba o Alexandre de braços abertos na rodoviária no dia 10 de dezembro à tarde.

Eu sei que o amor que ambos sentem e verdadeiro e ele está recuperado e fizemos uma surpresa juntando o dinheiro da passagem para que possam finalmente ficar juntos, tem um extra para começarem a vida um presente dos pais de Alexandre que sempre gostaram de você.

Por favor, me perdoe por não ter lhe contado o que realmente estava acontecendo.

Sinto saudades, beijos e felicidades de sua amiga que te ama Mariana.

  Rio de Janeiro, 25 de fevereiro de 2004

  A resposta 

Querida amiga Mariana está perdoada por esta falta, mas não lhe perdoarei se não for minha madrinha de casamento na igreja em breve conto com sua presença.

Sei que está curiosa de como transcorreram os fatos, recebi sua carta no dia 20 de novembro não nego que chorei ao saber de todos os acontecimentos, mas recebi sua carta antes de lhe escrever contando que meu filho ficou comigo e não foi para adoção. Como eu achei que você havia dito ao Alexandre o ocorrido pensei que seria melhor que ele acreditasse nisso.

Li a carta para os meus que ouviam sem dizer nada, eu estava alterada e falava sem parar que isso tudo poderia ter sido diferente que a única coisa que me fazia levantar de manhã e ir trabalhar é a presença do meu filho e que agora eles não poderão nos separar porque que sou maior.

Meu pai deu um murro na mesa e me ofendeu várias vezes, mas minha mãe pela primeira vez ficou ao meu lado. Na véspera de esperá-lo na rodoviária já havia arrumado uma pequena casa para morarmos, pedi um adiantamento no trabalho aluguei uma casa modesta com dois cômodos e banheiro, levei meu jogo de quarto e alguns pertences minhas amigas do trabalho me deram de presente um fogão e até fizeram chá de panela.

Você tem razão eu o amo e sempre o amarei e a esperança de vê-lo novamente enchia-me de muita alegria e saber da surpresa que o filho lhe seria. Não nego que fiquei com medo de sua reação ao fato de ter-lhe ocultado a gravidez, no entanto sei que ele me ama e tenho esperança que esse amor seja maior que o rancor que poderá sentir.

Quando chegou a tarde do dia 10 eu estava esperando-o com as mãos suadas e as pernas tremendo eu não sabia qual seria sua reação ao ver nosso filho em meus braços.

Ele desceu do ônibus como estava bonito, pegou suas malas ainda não tinha me visto, gritei seu nome, ficou para a minha frente sem dizer uma só palavra de seus olhos escorriam as lágrimas eu também estava chorando.

Nós abraçamos, nós beijamos e fomos para casa e contei-lhe tudo o que aconteceu deste nosso ultimo encontroem São Pauloaté hoje ouviu sem dizer nada e quando viu nosso filho ficou muito emocionado e o registrou no outro dia.

Meu pai por incrível que pareça colocou o Alexandre para trabalhar com ele exigindo que nossa união seja oficializada com o casamento. Pedi para o Alexandre só contar aos pais dele por telefone quando você recebesse a carta.

Meu pai disse que você pode ligar quando quiser que a ligação será passada ou o recado, mas você pode ligar para esse número que é de uma vizinha para combinarmos os detalhes do casamento eu quero a sua ajuda.

Agora sou eu que lhe peço perdão pela aflição que lhe fiz passar com a promessa e pela mentira da adoção, você é e sempre será a minha melhor amiga mesmo com a distância compartilhamos as dificuldades e agora e hora de compartilharmos as alegrias.

Com amor de sua amiga Laura.

PS: O Alexandre lhe manda lembranças e disse para você e o Marcos deixarem essa timidez de lado e assumirem um ao outro o sentimento que todos já sabem que existe. Seja feliz!

Fone: (xxxx) xxxx.xx.xx – Residência de Dona Mariquinha.


Autor: Adriana De Barros Silva


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