Fim da família ou por que terminam os casamentos



Fim da família ou por que terminam os casamentos

 

Depois de ouvir várias opiniões sobre o assunto, me dei conta de que a instituição casamento vem se alterando. Essas mudanças vem ocorrendo nas formas da sua constituição, na sua manutenção e principalmente pelos diferentes motivos pelos quais eles terminam. Importante lembrar que, como várias outras instituições humanas, além das alterações, o casamento também chega a um ponto final.

O casamento é um relacionamento que se pretende estável. Ele começa porque duas pessoas acreditam que se amam, mas ocorre por causa de alguns interesses: ter alguém para não ser só; ter alguém para sexo estável e sem promiscuidade...

A forma como ele se manifesta e sua estabilidade também são variáveis. Nos dias atuais, nem se restringe ao tradicional homem e mulher; existem casamentos bem originais e, consequentemente, famílias nunca antes imaginadas. Embora nem todos aceitem, estão se tornando comuns os relacionamentos entre duas mulheres ou dois homens. Inclusive, nesses casos, com adoção de crianças para ocuparem o espaço dos filhos.

Qualquer relacionamento matrimonial tem um ponto inicial, quase sempre romântico. Desenvolve-se de diferentes formas e invariavelmente terminam. Existem pelo menos três tipos de fim: Alguns terminam no momento em que “a morte os separa”. Outros mal começam e já entram em crise e chegam ao fim. Também existem os que vão se arrastando nas aparências; embora  mortos por inanição se escoram nas conveniências e conveniências.

Houve época em que os relacionamentos terminavam quase sempre pelas contingências da natureza: a morte produzia a separação. Frente a isso os parceiros nada tinham a fazer. Contra a morte o ser humano ainda não encontrou solução. Os casamentos que terminam com a morte, são os que menos recebem comentários para entender seu fim.

Mas aqueles relacionamentos que terminam por outras causas pedem reflexão, pois casamento é uma instituição que a sociedade considera necessária. Pode se adaptar a novos modelos, mas não se extinguir. Por isso se buscam explicações sobre os por quês de ter terminado.

Sabemos que poucos são os relacionamentos duradouros, de vinte, trinta, cinquenta anos, como no tempo dos nossos avós, daí a indagação: por que terminam os casamentos?

Como já disse, morrem por inanição! Morrem de fome!

A grande maioria deles não são alimentados com ingredientes simples e que estão ao alcance dos companheiros: companheirismo, diálogo e sexo. Sobram outros ingredientes: intransigência, individualismo, interesses divergentes, pouco diálogo. O casamento ocorre por que o casal vislumbra a possibilidade de desenvolver atividades comuns, construir sonhos que ambos partilham... e para fazer sexo sem ter que se esconder ou dar explicações.

E, como qualquer grupo humano, o casamento se mantém enquanto os parceiros alimentam esses interesses comuns. A partir do momento em que os interesses de um se sobrepõe ao do outro, aquele que se sente em segundo plano sai do grupo. Às vezes não ocorre a separação jurídica, mas a separação efetiva já ocorreu há tempos. Às vezes o casal continua dormindo na mesma cama, mas cada dia estão mais distantes. Vivem num inferno de aparências.

É nessa hora que me lembro de uma música do Raul Seixas: “Você”

“Você alguma vez se perguntou por que / faz sempre aquelas mesmas coisas sem gostar? / Mas você faz, sem saber porquê, você faz!  E a vida é curta! / Por que deixar que o mundo lhe acorrente os pés? / Finge que é normal estar insatisfeito. / Será direito, o que você faz com você? / Por que você faz isso por quê? / Detesta o patrão no emprego / sem ver que o patrão sempre esteve em você / e dorme com a esposa por quem já não sente amor. / Será que é medo? Por que? você faz isso com você? / Por que você não pára um pouco de fingir / E rasga esse uniforme que você não quer. / Mas você não quer, prefere dormir e não ver”

Então, porque terminam os casamentos? Por que os interesses se diferenciaram, perderam o norte da cumplicidade e os dois já não fazem mais sexo como antigamente. Às vezes descobrem isso cedo e procuram uma nova vida. Mas outros se arrastam... por medo e assim continuam dormindo com quem “já não sente amor

Neri de Paula Carneiro

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Rolim de Moura - RO

 


Autor: Neri P. Carneiro


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