O rei e os passos (de chuteiras)



Uma das coisas mais gratificantes em nossa profissão de escrever é poder relatar a história e até pré-história de alguns acontecimentos. Quando digo pré-história não precisa o leitor pensar que precisará se aventurar por alguma caverna em buscas de pinturas ancestrais ou marcas feitas com lascas de pedras. A pós era da escrita veio com tantas modernidades que neste momento você pode estar lendo estas bem traçadas linhas de meu teclado tanto em um jornal, como numa revista ou site, por meio de um computador caseiro, notebook, smartphone ou alguma outra engenhoca deste século XXI.

 Bom, mas acabaremos falando de Copas do Mundo e a pré-história desta competição iniciada em 1930 (Uruguai) pode ser contada a partir de um personagem que nasceu em 1940 e só a disputaria aos 17 anos, em 1958 (Suécia), para gravar seu nome na história. Por certo, o menino Edison, um garoto negro e magrinho, nascido na cidade mineira de Três Corações, em idade muita tenra deve ter encantado muitos adultos com seus primeiros dribles e gols com bolas de meia e em pisos de chão batido, já que qualquer rua servia como campos para sonhadores decididos por realizações maiores.

 E aquele menino, aos 9 anos, ao ver o pai chorando porque o Brasil perdeu sua primeira chance de ser campeão mundial, em 1950, em pleno Maracanã, no Brasil, prometeu que um dia faria o Brasil campeão de futebol.  Ninguém podia imaginar que a fala ingênua do menino era, na verdade, palavra de futuro rei. E em setembro de 1953, na cidade de Bauru, prestes a completar 13 anos (será que é por isso que o Zagallo gosta do número?), Dico(?) foi selecionado numa peneira para o Bauru Atlético Clube (BAC).

 Pensam que estou enganado? Não conhecem Dico e sim Zico? Mas este foi o  primeiro apelido de Pelé, aliás, Edison não gostava deste apelido, assim como não gostava do i no meio do nome. Pelé ficou dois anos no BAC, nascia um rei e então ele foi para o Santos e, a partir daí, todos conhecem a história de quem se tornou o maior jogador de futebol de todos os tempos. Para não dizer que não falei de Pelé em Copas, ele disputou quatro delas, foi campeão em três, e fez gols em todas elas. Foi o jogador mais jovem do mundo a fazer um gol em Copas, em 19 de junho de 58, contra País de Gales, na mesma competição fez 3 na França e 2 na Suécia, com direito a chapéus em beques, foi campeão.

 Em 62, fez só um gol contra o México, mas a equipe foi bicampeã. Em 66, novamente só fez um gol. Em 70, na Copa do México, faria 4 gols, o Brasil seria tricampeão e Pelé seria lembrado pelos belos marcados e até pelas lindas jogadas não concluídas em gols, como um chute dado de trás da linha do meio campo, que por muito pouco não pega o goleiro Viktor, da Tchecoslováquia, de surpresa e era apenas a estréia de nossa Seleção na competição.   

 Quer uma escalação do Bauru Atlético Clube (BAC), de 1953, equipe que viu nascer o rei Pelé? Osmar, Grillo, Paçoca, Zoel, Aniel e Esquerdinha; Maninho, Pelé(que era número 8), Miro, Pérsio e Leleco.


Autor: Edson Terto Da Silva


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