A infância informatizada



Eu me lembro que quando eu era criança, o que eu mais gostava de fazer era brincar com meus amigos na rua de “pega-pega”, “esconde-esconde”, “policia e ladrão”, entre outras brincadeiras. Nós brincávamos tanto durante o dia, quanto a noite. E nossas mães, nem se preocupavam em ficar lá fora olhando-nos brincar com medo de alguma coisa ruim acontecer, pois o máximo que poderia acontecer era nós nos machucarmos e entrar chorando em casa. Mas no muito era apenas um arranhão ou um corte que logo melhorava e nem precisava ir ao hospital.

E não éramos somente um grupinho de amigos brincando, por várias ruas que você circulasse, iria ver crianças brincando de maneira saudável.

Então, estive analisando o passar do tempo e pude perceber que o número de crianças brincando na rua diminui a cada dia. Qual a explicação para isso? Violência aumentando? Número de crianças diminuindo? Ou outras opções de lazer? Com a invenção do computador pessoal e o grande número de lares adquirindo tais equipamentos, uma nova forma de lazer surgiu. O computador possibilitou as pessoas inúmeras atividades diferentes. No caso da criança, os jogos digitais e a internet atraíram seu interesse, pois há uma variedade enorme de jogos e a internet oferece inúmeras possibilidades, como jogos on-line, bate-papos com pessoas do mundo todo, vídeos, filmes, entre outros. As crianças saíram das ruas para passar horas a fio na frente do monitor. Para a criança moderna, sua infância resume-se a um teclado, um mouse, e monitor, onde ela brinca com jogos, conversa com seus amigos sem sair de casa, assisti seus desenhos favoritos e faz diversas atividades.

As ruas estão ficando vazias e as mães até preferem que seus filhos fiquem dentro de casa devido ao aumento da violência, mas percebe-se que uma coisa puxa a outra. Veja bem, o aumento da violência nas ruas é proporcional a diminuição de pessoas nas ruas também. Pois quando as crianças apenas brincavam nas ruas e suas mães ficavam conversando com outras mães enquanto seus filhos brincavam, ninguém mexia com ninguém, pois tinham medo das pessoas verem seus atos e testemunharem contra elas. Por exemplo, um seqüestrador não cometeria nenhum crime contra uma criança, enquanto inúmeras mães ou pessoas estivessem acompanhando ela. Sem existe muitas testemunhas, ele não age, agora se não há quase ninguém que possa denunciá-lo, fica fácil de agir.

Também se percebe que o relacionamento das crianças com outras não é mais físico, pois com o surgimento das redes sociais, podem-se ter inúmeros amigos e não saber quem são realmente. Antigamente, eu conversava com meus amigos olhando em seus rostos e não apenas uma foto na frente de um monitor, e ainda tinha certeza de que era ele mesmo. Hoje, uma criança vê a foto de um amigo e não sabe se é ele realmente ou outra pessoa, um adulto no caso, usando um perfil falso e enganando sua ingenuidade e isso é terrível. Com isso, os pequenos estão se tornando adultos frios que não sabem se relacionar pessoalmente e que por isso vemos tantos casos de violência contra o outro, casos de divórcio aumentando, pois um não sabe conviver com as diferenças do outro, entre outros problemas que vemos na sociedade atual. E o computador começo a invadir os lares a apenas vinte anos aproximadamente, vinte anos... O que será daqui cem anos? Cadê as crianças? O que é infância?

É claro que não é culpa do computador, pois ele foi criado com a intenção de facilitar nossas vidas, mas a maneira como o estamos usando. Não podemos nos transformar em escravos do computador e nem deixar nossos filhos acabarem assim. Para que isso não aconteça, devemos limitar o uso do computador pelos nossos filhos e incentivar eles a brincarem de outras formas novamente. Uma criança que brinca e se diverte de forma saudável com outras crianças, tem muito mais chances de ser um adulto melhor que sabe se relacionar na sociedade. Ainda há solução para essa decadência na sociedade nesses últimos vinte anos, mas não será de uma hora para outra. Mas quem sabe, poderá levar menos de vinte anos para que ela volte a ser o que era novamente. Devemos agir já, enquanto há esperança, pois a informática não é um fim, apenas um meio, mas a sociedade precisa separar cada coisa no seu lugar e tempo apropriados.


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