Afinal, o que é linguística aplicada?



A tarefa de definir o que é LA não é simples. É uma discussão que já dura muitos anos devido a não aceitação desse campo como área de cunho próprio. A mais antiga das interpretações apresentada por Corder, que é: a noção de LA como sinônimo de estudo cientifico dos princípios e da prática do ensino/aprendizagem de LE. Percebe-se que muitas controvérsias tem se levantado a esse respeito, mas, no entanto, tem- se observado que as ciências aplicadas e, particularmente o ensino são sempre vistos como menor, em relação a ciência pura, e isso tem criado obstáculos para o estabelecer a LA como área de direito próprio. Enfim, a definição de área de estudo da La tem se estendido cada vez mais para áreas de ensino/aprendizagem de LM, multilinguísmo, sociolingüística, entre outros. Halliday, McIntosh e Strevens dizem que a LA usa as descrições feitas pela lingüística para outra finalidade fora da linguística, no entanto, Corder diz que, “a LA que pressupõe a lingüística é uma atividade e não um estudo teórico, que utiliza estes resultados para o ensino de línguas”.  Palmer coloca a LA como uma mediadora, ou seja, uma disciplina que pode englobar várias matérias. A LA então seria entendida como o uso de matérias lingüísticas cujo conteúdo pode aprimorar o trabalho prático em disciplinas que incluem o uso da linguagem. Algumas metáforas como “a LA é uma encruzilhada, uma ponte com trafego nos dois sentidos” ou “a LA é horizontal, com intersecções” usadas para definição do termo, tem surgido para indicar desenvolvimentos futuros. Kaplan diz que a “LA constitui o ponto no qual todo o estudo da linguagem se encontra e se torna realidade”, ou seja, é o ponto onde o estudo da linguagem se intersecciona com outras disciplinas. Ingram e Strevens, vêem a LA como área autônoma que constrói seus próprios princípios.  Cada vez mais a La tem se tornado independente da Linguística e tem se desprendido da idéia de ensino de línguas de um modo geral. Diversas linhas de pesquisa sobre a LA em outras áreas tem surgido, áreas estas que não são de ensino de línguas.  Entretanto a LA só pode fimar-se como área de pesquisa de direito próprio a partir do momento que os lingüistas aplicados se dispuserem a fazer a LA sem complexo de inferioridade, ao invés de fazerem aplicação da Linguistica.

Referência:

CELANI, Maria Antonieta Alba. PASCHOAL, Mara Sofia Zanotto. Linguística Aplicada: da aplicação da linguística à lingüística transdisciplinar. São Paulo: EDUC, 1992. 


Autor: Tatiane Da Silva Bispo


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