E os índios, como ficam?



[...] em 1991, o percentual de indígenas em relação à população total brasileira era de 0,2%, ou 294 mil pessoas no país. Em 2000, 734 mil pessoas (0,4% dos brasileiros) se auto-identificaram como indígenas [...] (IBGE, 2005). Apesar do aumento relativamente significativo no número de índios no nosso país, não há muito o que se comemorar. Como é de praxe, os índios eram donos-autônomos deste território onde hoje estamos pisando; uma vez que aqui já o habitavam, antes mesmo da chegada dos brancos, amarelos, negros – é claro que a culpa é em suma dos europeus, não das outras etnias.  Sem dúvida, tinha-se uma população indígena, naquela época, muito maior do que a de hoje, e não precisa perguntar quem cometeu tal extinção.

Fazendo uma análise do filme “A missão” é possível perceber a inenarrável covardia da ação europeia sobre este povo, ao abusar das boa-fé e inocência deles; para através da religião cristã induzi-los ao trabalho escravo e aos valores europeus; e deixar livre o espaço para que Europa continuasse dominando, e tomando as riquezas pertencentes que lhes cabiam.

Observando essas informações e comparando-as com o que se vê hoje, pode-se dizer que tudo isto trouxe para nós, e principalmente para o povo indígena uma enorme perda, e ao mesmo tempo uma certa possibilidade de se pensar o como agir em relação a tudo que se liga a questão indígena. Primeiro, o que nós, enquanto descendentes de índios – não importa a cor, somos todos um pouco desta mistura – pensamos, realizamos a este respeito? A resposta mais provável seria que pouco aprendemos, sabemos de nós mesmos. E os que se dizem índios diretos, promovem situações que valorem esta identidade? Hoje podemos ver com maior volume a voz daqueles que ajudaram a nos formar, observe, por exemplo, as leis que dão maior amparo, por causa da cobrança deles.

Mas, existe um fator que massacrou a cultura indígena – o fato mesmo de eles por obrigação se adaptarem a “nossa cultura”. O centro das ações, da estruturação socioeconômica no território, antes, era toda a cargo dos próprios; isto muda com o fato do descobrimento – exploramento melhor dizendo. Agora os nativos tem que aprender a língua portuguesa, assim como tiveram que aprender, na marra, os negros. Os Jesuítas talvez não tiveram tanta dificuldade para se adaptar ao linguajar indígena, mas acredito que eles não pretendiam de forma alguma aprender a língua daqueles. Houve sim diálogo, mas houve também morte, sangue inocente; e isso é repudiante. Hoje assistimos a uma ditadura cultural, mas que também aflige o sentimento daqueles que um dia eram os donos autônomos deste território chamado Brasil. Fala-se muito hoje em respeito a diversidade, o que não é ridículo – temos que compreender cada um como sendo um ser individual/social. Só que não podemos deixar de entender também o que está por trás desta sociedade e deste indivíduo, quem – em hipótese alguma foi descoberto – aqui já estava antes mesmo de isto aqui se tornar a “nação” Brasil.

           


Autor: Uarlei Moisés De Oliveira


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