As dores do crescimento



* Alexandre Abdo Hadade

 O Brasil é um dos países mais burocráticos para se abrir uma empresa. Ao iniciar um negócio, os empreendedores passam por um processo demorado e o sucesso só vem com muito trabalho e planejamento. Infelizmente, essa é a realidade de muitos empresários. Segundo pesquisa realizada pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae) em 2010, 58% das empresas de pequeno porte fecham as portas antes de completarem cinco anos. Apesar de ser um índice alto, o estudo mostra uma queda se comparado com o ano 2000, quando a taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas chegava a 71% no mesmo período.

Isso me faz recordar a definição dos ciclos de vida das empresas apontada por Ichak Adizes – especialista mundial em gestão corporativa. Assim como Adizes, acredito que há características específicas para cada fase: no início tem-se um líder que atua de forma intuitiva, depois a empresa passa por etapas em que atua sem diretrizes definidas, mas em algum momento vem a profissionalização e o planejamento, que são vitais para o sucesso do negócio.

Vejo que algumas empresas se comportam bem em relação ao crescimento e agem de maneira bastante profissionalizada. A Natura é um caso de sucesso, que nasceu em 1969, a partir de um laboratório e uma pequena loja, e cresceu vertiginosamente. Hoje conta com receita de R$ 5,1 bilhões e cresce entre 20% e 40% ao ano. Por atuar em um mercado muito competitivo e inovador, a companhia sempre agrega novos modelos de gestão para se adequar à realidade atual.

Mas e as empresas de pequeno e médio porte? Elas também têm que ser agressivas e estarem atentas quanto à profissionalização, porque quanto mais embasado é o processo, maiores serão as chances de êxito. A Prática Produtos é um exemplo de PME que ao conduzir sua gestão de forma estruturada, inicialmente com base nos programas do Sebrae e posteriormente da Fundação Dom Cabral, alcança cada vez mais resultados significativos. Nos últimos dez anos multiplicou seu faturamento por 15, atingindo quase 60 milhões de reais em 2011.

Preparar-se para o crescimento é essencial! Buscar cursos ou pessoas de referências em gestão são cruciais e um importante passo na escalada de crescimento. Fazendo uma analogia com nós, seres humanos, podemos dizer que as organizações também passam por uma fase conturbada e por vezes traumática, que é a adolescência. Se não houver uma base sólida, no caso da empresa uma gestão consistente, os traumas persistirão na vida adulta.

Nesses 13 anos como empreendedor de um negócio que caminha para um momento maduro, focado em planejamento e gestão de pessoas, vejo que, mesmo com todas as dificuldades, é cada vez maior o número de novos negócios no país. Dados divulgados recentemente pelo Global Entrepreneurship Monitor apontam que temos quase 22 milhões de empreendedores, que representa 11,5% da população tocando um negócio no Brasil.

Como empreendedor aprendi que seguir o feeling faz total diferença em muitos casos, mas é primordial não esquecer que com consistência na gestão e amparados por processos idôneos, serão maiores as chances de passar pelas dores do crescimento rapidamente e de maneira bensucedida.

* Alexandre Abdo Hadade é presidente da Arizona (empresa de Premedia que oferece serviços e soluções integradas para comunicação, proporcionando eficiência operacional para o marketing das empresas e das agências de publicidade)


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