O motivo pelo quais os jovens engressam no mundo crime
O crime é hoje uma das principais preocupações da sociedade. Em termos jurídicos crime é toda conduta típica antijurídica ou ilícita praticada por um ser humano. Em sentido mais popular, crime é um ato que viola uma norma moral.
Como conceito analítico, o crime pode ser dividido em duas vertentes: a clássica, e a finalística. A primeira é regida de culpalidade e a segunda teoria diz que a culpalidade não faz parte de um conceito de crime, ou seja, a culpa só influenciará no veredicto final. Segundo DURKHEIM: (1996) “quem vai dizer se aquele ato é crime é a sociedade”.
No desenvolvimento da adolescência, é comum o jovem apresentar episódios que envolvam mentiras e agressividade. Por isso que nem todo adolescente agressivo é criminoso, mas todo criminoso é agressivo. De acordo com ABRAMOVAY: (1999) “o sujeito agressivo tem atitudes agressivas para se defender”. Pois aquele indivíduo que sem motivo algum agir de forma agressiva para com seu próximo ele por si pode ser considerado criminoso.
Para analisarmos os diversos fatores que levam milhares, e milhares de jovens a praticar atos delituosos, precisaremos traça o perfil do jovem do século xxl.
A adolescência é uma etapa do ser humano marcada por diversas mudanças físicas, psicológicas e comportamentais.
A adolescência é uma fase de metamorfose. Época de grandes descobertas, e rupturas. E por isso mesmo uma fase da vida que envolve risco, medos, instabilidade. Muitas vezes os adolescentes buscam soluções mágicas para resolver seus problemas. (BESSA. 2004, p. 420)
A adolescência é tida como uma fase de extrema fragilidade psíquica. E por isso se houve alguma falha nesse processo pode trazer conseqüências trágicas não só para o indivíduo, mas para a sociedade.
Para a criança crescer com saúde e se tornar um adolescente saudável é preciso bem mais que uma educação formal. Mas isso não só é papel da escola, mas da sociedade em geral. Conforme TEIXEIRA: (1994, p. 29) “a negligência e a privação familiar são fatores responsáveis pelo cometimento de delitos.”
Muitas vezes, nos indagamos porque o adolescente de hoje é diferente do adolescente de quinze anos atrás.
Para entendermos melhor a problemática é preciso fazer uma viagem de volta ao tempo, onde traçaremos também o perfil da família.
Em primeiro lugar o pai de família era provedor e a mãe era quem cuidava do lar e da educação dos filhos. Os pais eram responsáveis em passar os valores morais e éticos. Na sociedade contemporânea em que vivemos os pais são obrigados a trabalharem desesperadamente para manter um padrão de vida deixando seus filhos para trás. As crianças crescem criadas pela baba eletrônica (televisão) ou por pessoas estranhas, que acabam lhe passando valores que não são os valores dos pais. Formando assim um exército de adolescente com o futuro promíscuo.
Certamente, quando a criança entra na escola, ainda é, em todo o sentido, apenas um produto dos pais; é dotada, sem dúvida, de uma consciência do “eu” em estado embrionário, mas de maneira alguma é capaz de afirmar sua personalidade, seja como for. É certo que somos tentados a considerar, mormente as crianças esquisitas ou cabeçudas, as indóceis ou as difíceis de educar, como se fossem especialmente dotadas de individualidade ou vontade própria. Mas é puro engano. Em tais casos deveríamos sempre examinar o ambiente doméstico e o relacionamento dos pais, e, nestes, quase sem exceção, haveríamos de encontrar as únicas e verdadeiras razões que explicassem as necessidades dos filhos. O modo de ser perturbador dessas crianças é muito menos expressão do interior delas mesmas do que reflexo das influências perturbadoras de seus pais. (JUNG, 1981, p.58)
A família foi a primeira instituição criada na fase da terra. Ela exerce um papel de grande importância da vida do homem. Mas como uma família vulnerável poder formar cidadãos do bem? Acreditamos que este seja um dos principais fatores dos jovens entrarem no mundo da criminalidade, pois a maioria dos jovens possui família, mas esta ausente, ela não tem suporte moral, financeiro e muito menos psicológico para formar cidadãos. Porém, não só a estrutura familiar pode ser apontada como fator derteminante no cometimento de ato infracional, mas a estrutura social.
Já sabemos que são inúmeros fatores que podem levar um adolescente a entra no mundo da criminalidade. Mas porque o índice de crime praticado por jovens tem aumentado?
Impedidos de trabalhar, pois o sistema produtivo não oferece a chance do primeiro emprego e isso se agrava com a precariedade da formação educacional, desencantados da impossibilidade de inserção formal, os jovens se entregam a um ócio improdutivo e voluptuoso, no qual a presença de substâncias psicoativas é freqüente é em seguida se iniciam em praticas transgressoras como a única saída para obtenção de recursos quando as oportunidades de trabalho são bloqueadas o crime se torna alternativas concretas às vezes as únicas possíveis (ESPINHEIRA 1999, P.40)
Os fatores que levam um adolescente a cometer um crime são muitas vezes complexos e variados. São os chamados fatores intrínsecos - biológicos, genéticos, psicológicos e emocionais e os fatores extrínsecos - família, os amigos, é desigualdade social
A CF/88 (constituição federal de 1988) dispõe em seu art. 3° inciso l: “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir a desigualdades sociais e regionais.” Erradicar a pobreza e não os pobres.
A problemática da desigualdade social não se restringir só ao Brasil, e um câncer que estar piorando há séculos quanto mais se falar do problema, mas as autoridades fecham os olhos. A situação de carência absoluta de condições básicas de sobrevivência tende a embrutecer os adolescentes, assim a pobreza seria geradora de personalidades derruptivas. Além de serem pobres se sentem maltratados apontados pela sociedade como diferentes, e inferiores. Assim acabam encontrando na criminalidade a válvula de escape para tanto preconceito. Por essa razão se sentem na obrigação de castigar a sociedade que não lhe da oportunidade. Segundo ELIOT: (1939) “infelizmente há momentos em que a violência é a única maneira assegurar a justiça social.”
Ninguém nasce violento, embora a agressividade faça parte da natureza humana. Assim, a violência pode ser desaprendida. Para isso faz-se necessário a promoção de um programa de prevenção envolvendo ações governamentais e civis conjuntas, para que as pessoas possam “criar um clima harmônico em seus relacionamentos e o fortalecimento dos sentimentos de compaixão e de solidariedade para o estabelecimento da Cultura da paz”. (MALDONATO 1998, p.116)
A adolescência por se caracterizar uma fase de vulnerabilidade do ser humano, o uso de entorpecentes nessa idade pode acarretar vários problemas não só físicos, mas psicológicos e sociais, e é um dos fatores que influenciam a criminalidade entre jovens.
Esses adolescentes se comportam como acham que devem, até porque na rua não há limites para eles, fazendo com que se relacionem com pessoas usuárias, e chegam a pensar que tudo é mais fácil.
Tantas desigualdades, tantas diferenças e egoísmo, em meio a essas frustrações esses jovens encontram refúgios nas drogas que causam leves viagens alucinadoras.
Droga cientificamente é todo e qualquer medicamento. Ela agir na parte mais delicada do cérebro humano, o mecanismo de transmissão os impulsos nervosos. O cérebro tem milhões de células, que comunicam se entre si é geram sensações, pensamentos ou ações, essa comunicação só acontece graças às substâncias químicas neurotransmissores. É ai que as drogas chegam para atrapalhar elas impedem essa comunicação. Cada droga tem seu efeito próprio é pode trazer conseqüências desastrosas para seu usuário e até mesmo perda do equilíbrio mental
A questão do consumo de drogas, durante muito tempo se restringiu aos adultos, porém nos últimos anos passou a fazer parte do mundo dos adolescentes que acabaram se tornando seus maiores usuários Conforme ASSIS: (1999) “o jovem tem necessidade natural de experimentar limites sociais de seu comportamento como forma de assimilar o mundo.
É importante também frisarmos o papel da escola na vida do jovem. A educação além de sua essencial importância para desenvolvimento humano é um fator indispensável para evitar a criminalidade. Só através da educação esses adolescentes serão capazes de tolerar, e respeitar os outros. A educação é um processo social de desenvolvimento. Não é a preparação para vida, é própria vida.
Envolvidos na criminalidade, assaltos e até mesmo homicídios esses jovens abandonam os estudos, pois não encontram quem os incentivem para estudarem. Quando já estão envolvidos torna-se difícil, pois não conseguem sair do crime por receios de amigos, pois seu círculo de amizades está ligado ao crime
A instituição responsável de educar nossos adolescentes é a escola. Mas o que é de responsabilidade da escola?
A escola deve ser responsável por propiciar o aprendizado, o conhecimento, as idéias. Seria essa então a educação formal. Os pais Já não querem assumir a responsabilidade dos ensinamentos aos seus filhos deixando a escola com a responsabilidade da educação total (LAKATOS, 2006, p.325)
Se a educação não transforma a sociedade sem ela tampouco a sociedade muda.
Já abordamos três importantíssimos fatores extrínsecos, ou seja, fatores externos que estão no “meio”, mas e o fator intrínseco? Abordarremos agora, Fatores internos, ou seja, fatores genéticos e psicológicos. Segundo (FREUD) “o homem seria intrinsecamente mau e destrutivo.”
Há quem procure as causas do crime no individuo que a comete. Nesse caso a duas linhas de pesquisa a primeira explicar o comportamento do criminoso de um ponto de vista biológico. Uma das mais conhecidas e a frenologia criada no século xvlll, segundo a qual o criminoso possuir características físicas, como saliência no crânio, que o diferenciam das demais pessoas. Outros pesquisadores encontram índices de que crime é algo transmitido geneticamente.
A outra linha de pesquisa procura as causas do crime na psique do criminoso. Segundo (FREUD, 1930) o comportamento anti-social e a delinqüência são decorrentes de um desequilíbrio entre o ego, superego e id, as três partes da personalidade individual. Se o superego que representa a internalização do código moral da sociedade é muito fraco, o individuo não consegue reprime seu id seus instintos e desejos naturais. Resultado: ele força as regras e comete um crime
O papel da personalidade no comportamento criminoso foi reforçado por pesquisas posteriores, como um estudo publicado há cinco anos sobre adolescentes. Descobriu-se que os jovens com maior índice de delinqüência eram os que mais freqüentemente tinham reações nervosas e sentimentos de terem sido traídos. Eram também os que mais facilmente recorriam a agressões ou a posturas impositivas. Em outra pesquisa, esta de longo prazo, iniciada na década de oitenta, os cientistas detectaram que as crianças mais irritáveis, impulsivas e impacientes desenvolveram na adolescência maior propensão ao crime. Outro fator detectado foram os problemas neuropsicológicos, como dificuldade de comunicação e memória fraca, entre outros. Os garotos que aos treze anos tinham as maiores dificuldades neuropsicológicas eram os adolescentes com maior nível de delinqüência, cinco anos mais tarde.
Para Freud não a como eximar a agressividade do homem, quando ela não aparece de forma explicita, ela aparecera de forma implícita, e se volta para próprio homem que a negou.
Para quem vê na sociedade a causa das mazelas do mundo, como os sociólogos, as explicações biológicas e psicológicas para o crime são importantes e podem ajudar muito na recuperação desses jovens delinqüentes e criminosos. Mas teriam pouca utilidade para prevenir a criminalidade. Seria a mesma coisa que tentar atacar as doenças cardiovasculares com cirurgias, sem atacar a alimentação gordurosa, o tabagismo e o sedentarismo da população. Para os sociólogos, o crime é a resposta do indivíduo ao meio em que vive. E depende do cruzamento de vários fatores sociais.
Há muitas teorias diferentes sobre o assunto, cada uma com fórmula própria, realçando este ou aquele aspecto da vida em sociedade para explicar por que, de repente, um monte de gente resolve roubar, matar ou estuprar.
Mas o que fazer? Como tratar? Como punir? Para os que já nasceram tratar e única alternativa, mas para os que ainda estão por vim? Não basta só tratamento tem que prevenir, e prevenir da maneira certa.
"A sociologia tradicional colocava o problema nos seguintes termos: como a sociedade pode fazer indivíduos coabitarem?... Eu estava interessado no problema inverso, ou, se preferir, na resposta inversa para esse problema: através de que jogo de negação e recusa a sociedade pode funcionar? Mas a questão que hoje me faço se transforma: a prisão é uma organização complexa demais para ser reduzida a funções negativas de exclusão: seu custo, sua importância, o cuidado com sua administração, as justificativas que se procura lhe dar, parecem indicar que ela possui funções positivas (FOUCAULT1975, p 123)
Infelizmente sabemos que não é assim. Nosso sistema penitenciário não se preocupar em recuperar esses jovens delinqüentes, mais sim em punir, em isolá-los da sociedade, mas como podemos ressocializa-los afastando do convívio humano?
Se a violência existe é porque esses jovens, lá atrás , quando começou no mundo do crime com seus doze, treze, quatorzes anos de idade, não recebeu do estado aquilo que efetivamente precisava, é um jovem que não foi trabalhado, é no começo da infração quando passou a usar entorpecentes, quando ele começou a furtar tapeite de carro,ninguém vai para o crime bárbaro do nada. Esse jovem não recebeu das autoridades publicas aquilo que erra necessário para tirá-lo do mundo da criminalidade. Mandar um jovem com dezesseis anos de idade para um sistema penitenciário tão falido, que não reeduca, não vai trazer benefícios para esses jovem e para a sociedade.( JUNIOR, 2007)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos que, diversos fatores podem levar esses jovens a praticar crime, deste o mais simples, ao mais bárbaro, mas infelizmente as medidas sócias educativa e a política de prevenção que temos em nosso país ainda deixam a desejar. O sistema não cumpre com uma das suas finalidades primordiais, a ressocialização do condenado, e estar fabricando cada vez mais delinqüentes, por isso nem sempre jogar esses jovens em uma casa de detenção ou até mesmo em um presídio não resolve o problema. Recuperá-los, sim, mas com outro sistema. De acordo com (FOUCAULT, 1975, p. 112) “Não se pune, portanto para pagar um crime, mas para transformar o culpado.
O adolescente autor de um ato infracional estar em risco social, necessitando de uma atenção maior, para que possa reparar seus atos e pode se reintegrado na sociedade, não sofrendo preconceito, pois apesar de tudo continua sendo um cidadão de direitos, mas é muito difícil para sociedade encontrar nesse adolescente um cidadão.
Nem há muito que comentar sobre tudo isso, os fatos falam por si só e para aqueles que acham que "lugar de bandido é na cadeia", é bom lembrar que um dia eles voltarão às ruas e, com bastante sentido, muito mais revoltados do que entraram.
Não se tem notícias a respeito de um novo sistema, uma nova ordem estrutural, tornando assim o sistema carcerário em um verdadeiro depósito de condenados.
Considerando que a juventude simboliza o futuro de qualquer nação, são, portanto, necessárias medidas urgentes para evitar que os jovens caiam no mundo do crime. O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer. Sabemos que para haver mudanças é preciso mudar a ideologia.
Autor: Ogna Jessica Menezes Rodrigues
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