O corpo desaparecido



O desaparecimento, em Campinas(SP),desde fevereiro de 1987, da dentista Alba Panza de Figueiredo, talvez esteja entre os mais intrigantes e misteriosos crimes já registrados no País. Acusados pelo crime, inclusive o então marido de Alba, o também dentista Paulo Figueiredo Júnior, estiveram presos, foram julgados, mas a verdade é que o corpo da vítima jamais foi achado e não foi por falta de buscas, as quais ocorreram até em território paraguaio.

Entre 88 e pelo menos até 1991, tentar achar o corpo da dentista virou quase que paranóia e fixação de policiais e da imprensa da região de Campinas. Cada ossada, cada vestígio que indicasse a existência de um corpo humano era minuciosamente analisado por peritos na tentativa de chegar à identificação de Alba, filha de José Panza Neto, político da região de Leme.

Cada investigação renovava a esperança da família em pelo menos dar um sepultamento decente para a vítima, já que, após tantos anos de desaparecimento, não havia esperança de se encontrar a dentista com vida. Nas infindáveis buscas, várias ossadas foram encontradas, algumas acabaram identificadas outras não, mas peritos da Polícia descartaram todas em relação a ser a da dentista.

Os descartes vinham em constatações das mais diversas, tais como determinada ossada ser de um homem, outra ser de uma mulher, de origens orientais ou africanas, assim por diante. Mas, de qualquer forma nenhuma informação deixava de ser checada, afinal encontrar o corpo seria a forma mais rápida de se chegar aos criminosos, já que a única testemunha do crime, o então marido de Alba, dizia ter parado o carro na rodovia Anhanguera, em Campinas, pois sentia forte dor de cabeça. Foram alguns minutos e, segundo ele, apareceram dois homens e sequestraram a dentista, que nunca mais apareceria.

Contradições, muitos detalhes mal explicados, levaram a Polícia a indiciar Figueiredo como sendo mandante da morte. Chegou a outros supostos envolvidos, que seriam intermediários e até mesmo um que teria testemunhado a execução, mas não chegou ao principal, ou seja, o corpo de Alba. Mesmo assim, Figueiredo e outros acusados acabaram julgados e presos, sendo que alguns cumpriram integralmente a pena. 

Voltando as buscas do corpo, a paranóia era tanto que certa vez chegou as raias do absurdo. Uma pessoa comunicou que havia uma ossada próxima de um quartel do Exército, a poucos metros da margem da rodovia Anhanguera. Não precisou muito para policiais e imprensa já ligarem: "Finalmente, deve ser o corpo da pobre dentista".

Em poucos minutos, o local estava todo movimentado, com policiais apreensivos diante de uma possível novidade para seguirem nas investigações e imprensa em alvoroço aguardando a triste, mas tão esperada confirmação de que, após anos de buscas, finalmente foi encontrado o cadáver da vítima. Coube ao médico legista Fortunato Badan Palhares a, em poucos minutos, jogar um balde de água fria naquilo que poderia ser um novo caminho para a investigação.

Ao analisar os ossos, o perito constatou que a ossada sequer era humana... Policiais e repórteres se entreolham e disfarçam como se cada um quisesse se desculpar pela mancada e a chuva fina se encarregaria de desmanchar marcas de passos e de pneus deixadas no local... Até esta crônica ser escrita, em 2005, portanto por 18 anos, o mistério do desaparecimento do corpo da dentista Alba continuava, chegamos em 2012 e nada. 

 


Autor: Edson Terto Da Silva


Artigos Relacionados


"o Dentista"

Delegado Caridoso Ou Matador?

O Dentista E A Importância Da Consulta De Rotina

Odontologia E Fonoaudiologia Juntas Contra O Ronco.

Censurar B.o.s é Burrice Antiga

Confira As Diferenças Entre Odontologia E Ortodontia

Crime Ao Amanhecer