A curiosidade matou um cara



A curiosidade matou um cara

 

Atendendo a uma designação especial do procurador geral de justiça fui fazer um júri numa pequena cidade da região norte capixaba. Era um processo antigo em que réu estava foragido e homiziado no Estado de Rondônia, onde foi preso. Li o processo para fazer a acusação e atento às causas que levaram uma pessoa de bem a tirar a vida de seu semelhante.  A vitima foi pega de surpresa quando lavava o seu fusca com uma mangueira. O acusado chegou por trás e fez os disparos nas costas do desafeto, que nada pode fazer para se defender, já que sua atenção estava voltada para o carro que lavava na rua. O acusado trabalhava como barbeiro na cidade e dias antes do crime havia tomado uma surra que lhe foi imposta pela vitima. O barbeiro contou que era noite e estava dando umas caminhadas para desanuviar a cabeça e de repente lhe deu vontade de entrar no mato para defecar. De onde estava viu o carro parado debaixo de uma arvore. O veiculo mesmo parado fazia um movimento: renque..renque..renque. O barbeiro viu que um casal estava em conclave amoroso e deu uma espiada. O homem do salão sem querer deixou escapar o que tinha visto e em pouco tempo a cidade inteira estava sabendo. A vitima, que não era flor que se cheirasse, ficou sabendo que o barbeiro era quem estava espalhando pela cidade que ele tinha levado uma mulher para o mato. O cara pegou o cabelereiro de morro abaixo e lhe deu socos, tapas, chutes e pontapés, dizendo que era para ele aprender a não seguir os outros e bisbilhotar o que não de sua conta. Pior ainda era não ficar com a língua dentro da boca. O rapaz cortador de cabelo saiu com a fuça inchada. Se não bastasse, no outro dia o homem difamado passou na barbearia e perguntou se a cara do barbeiro tinha desinchado, pois a mão dele não. Naquele momento o valetão assinou sua sentença de morte. O barbeiro comprou um revolver e esperou o momento para vingar a coça sofrida.

 

 


Autor: Creumir Guerra


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