A importância da gestão democrática no ensino brasileiro



A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DEMOCRÁTICA NO ENSINO BRASILEIRO

 

 

O tema gestão democrática, não pode ser concebido de forma isolada, especialmente quando se trata de  Escola Pública, devemos ressaltar a  importância do Conselho Escolar, o Projeto Político Pedagógico e os mecanismos que alicerçam os princípios que norteiam a participação da comunidade escolar em todos os passos que permeiam uma gestão comprometida com o coletivo. O Ministério da Educação lançou recentemente uma capacitada chamada de Escola de Gestores que julgo de fundamental importância aos gestores de escola, pois é um estudo que instigados a compreender e colocar em prática a gestão democrática que deve ser pautada em princípios democráticos, solidificados no diálogo, participação e transparência.

Esse artigo é fruto desse estudo que foi realizado na Escola de Gestores do MEC, pois não é mais possível conceber a gestão de uma escola sem levar em conta os mecanismos de participação, onde os alunos podem ter maior conscientização, não apenas no aprendizado, mas na participação da gestão democrática, onde podem ter condições de exercer sua cidadania e fazer a diferença na sociedade. Vivemos um momento importante da história da educação em nosso país, onde inúmeros educadores estão refletindo a refletir a respeito do fundamento da vida comunitária que deve ser pautada em valores que devem ser essenciais ao efetivo exercício do bem comum.

Particularmente quero evidenciar e enfatizar alguns momentos de desse estudo da Escola de Gestores: primeiramente foi a implantação do Projeto de Intervenção (PI), desenvolvido durante as primeiras etapas do curso, com o PI começamos a perceber as mudanças em nossas unidades de ensino, pois todos começaram a ‘pensar’ nos problemas que temos e como poderíamos solucioná-los; por meio do PI, começamos a reelaborar o PPP; destacando que a essência dos trabalhos foi a construção no coletivo, onde buscamos estabelecer as metas comuns para mudar a realidade escolar. O PI veio no momento oportuno, pois há tempo que necessitávamos de uma parada em nossas escolas, uma vez que nosso PPP merecia revisão e, como conseqüência, reelaboração. Enquanto trabalhamos nessa reestruturação obtivemos a oportunidade de avivar alguns segmentos que não estavam ativos nas unidades escolares, como deviam ser; assim, foi possível reestruturar o Grêmio Estudantil, debater com os alunos e fazer nova eleição, que ocorreu de forma democrática. A eleição do Grêmio foi realizada entre os alunos do 5º ao 9º anos que tiveram a oportunidade de ouvir as duas chapas em um debate, sendo que a eleição ocorreu por meio do voto secreto e assim foram eleitas as diretorias do Grêmio Estudantil das duas unidades de ensino.  A APM e o Conselho Escolar também foram renovados, os pais e os demais representantes dos segmentos escolares, foram eleitos por aclamação em assembléias feitas com essa finalidade. Toda a comunidade escolar se envolveu nesses trabalhos por meio de debates, discussões, questionamentos (inclusive respondendo questionários), tendo a oportunidade de emitir opinião, dessa forma foi reconstruído o Projeto Político Pedagógico. Com essa participação e com os segmentos organizados e estruturados temos a convicção que avançamos na solidificação da gestão democrática nas escolas em que somos gestores.

Vale a pena lembrar que os teóricos estudados também nos proporcionaram grande embasamento para a realização deste trabalho, pois através deles foi possível refletimos em nossas ações, buscando melhorar nosso trabalho como gestor de escola pública. Passamos a entender que alguns problemas de nossas escolas, acompanham a trajetória e o estigma da escola pública brasileira que têm suas raízes ao longo da história, mas na atualidade ao se refletir sobre essas dificuldades, percebemos que somente o caminho da gestão democrática será a solução; obviamente que existe um contexto de anos de lutas pela reinstalação dos princípios democráticos e pela não aceitação de formas autoritaristas de governos que acabaram impondo sua vontade, onde todos eram obrigados a aceitá-los. Vivemos em outros tempos. A democracia se encontra em alta e, a escola pública se insere nesse contexto.

Essa constatação é elencada nos últimos capítulos desse trabalho, onde procuramos demonstrar o quanto foi importante podermos reelaborar o PPP, tornando-o o documento magno de nossas unidades de ensino, afinal, através deles fomos capazes de nos aprimorar, buscar a perfeição e melhorar a qualidade da educação e, com certeza obtermos índices que demonstraram esse empenho. Esse trabalho de  reelaboração, iniciado com o PI e solidificada com o PPP, podemos assegurar que estamos mais fortalecido, nossos problemas não ‘desapareceram’, mas, podemos projetar mudanças,  sempre com o pensamento voltado para oferecer o melhor para os educandos.

Não podemos deixar de citar  Libâneo

O projeto representa a oportunidade de a direção, a coordenação pedagógica, os professores e a comunidade, tomarem sua escola nas mãos, definir seu papel estratégico na educação das crianças e jovens, organizar suas ações, visando atingir os objetivos que se propõem. É o ordenador, o norteador da vida escolar (1998, p.42).

 

E foi isso que acontece e continua acontecendo em nossas escolas. Ainda existe muito trabalho para ser feito, mas essa reflexão e retomada do PPP nos garantiu esse ‘norte’ da vida escolar, pois todos os envolvidos no processo escolar se comprometeram em buscar um ensino mais qualitativo. E essa qualidade que tanto almejamos nos é apresentada em forma de índice, medida pelo IDEB. Assim podemos dizer que cada vez mais buscamos subsídios para proporcionar aos nossos educandos uma educação em que eles possam ser de fato, cidadãos conscientes e não seres alienados em um sistema socioeconômico que apenas deseja sugá-los, para não dizer explorá-los. Esses cidadãos críticos que nos comprometemos formar, sabedores não só de seus deveres, mas também de seus direitos, são os alicerces de nosso trabalho num regime que enaltece os princípios democráticos  que fazem de nossas escolas, locais onde os alunos se sintam acolhidos e tenham vontade de frequentá-las, pois eles sabem que ali serão ouvidos, atendidos e acima de tudo, valorizados como seres humanos que merecem respeito, dignidade e onde receberão uma educação que em muito contribuirá para seu crescimento.

 

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Autor: Ciro Toaldo


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