Africa do norte: primavera árabe e desenvolvimdento da região
As projeções do FMI, do mês de Setembro 2011, mostram que Marrocos e Mauritânia são os menos que subiram os efeitos da primavera árabe e da crise global que países como Egipto, Argélia ou Tunísia
O vento da "primavera árabe" que sopou no Norte da África em 2011i, sem dúvida forçou a transição política nestes países da região. Mas a democracia tem um custo, que provou ser elevado para alguns estados, pelo menos, a curto prazo. Na verdade, "o impacto econômico foi muito significativo, particularmente sobre os gastos públicos", conforme um relatório recente da Comissão Econômica (CEA), tratando das condições económicas e sociais no Norte de África.
O aumento de preços dos alimentos no início de 2011, conjugados aos acontecimentos da primavera árabe, levou os governos norte-Africanos a manter os subsídios sobre os preços dos produtos básicos.
Em Marrocos, por exemplo, o cargo da Caixa de Compensação tem aumentado significativamente em relação á previsão do orçamento 2011. "O custo para as finanças públicas deste tipo de polîtica será ainda maior do que os preços dos alimentos, permanecendo em um nível elevado", anotou o relatório.
A primeira consequência de revoltas populares era para selar a recuperação que começou em 2010, após os efeitos da crise mundial 2008-2009.
O FMI teve que rever suas projeções duas vezes para a região, após o início destes manifestações e reivindicações socioeconômicas.
A primeira revisão, em abril 2011, mostrou que Egito, unísia e Sudão foram atingidos significativamente pelos choques internos e externos. Argélia e Marrocos, entretanto, foram pouco afetados, enquanto Mauritânia se obrigou a rever suas previsões.
A situação em Líbia, Tunísia e Egipto assustou muitos países da região. O clima reforçou o cenário de mudanças, abrindo o caminho para islamistas, em menor medida a Argélia.
Mas isso foi bastante positivo para Marrocos e Mauritânia que conseguiram lidar com as manifestações e reivindicações. Evitando que o problema provoca mudanças radicais do regime.O desempenho de Marrocos e Mauritânia contribuiu para a redução total de perdas acumuladas em termos de desenvolvimento socioeconômico.
Ao contrário de outros países da região, que perderam entre 1 e 6 pontos de crescimento em comparação com as projeções do FMI, em abril 2011, eles amelhoram seus resultados, respectivamente 0,3% e 0,59% para atingir taxas de crescimento 4,6% e 5,7%.
Globalmente, a taxa de crescimento prevista para o Norte de África em 2011 caiu para 0,61% contra 4,4% em 2010.
No entanto, a maioria dos países da região experimentou um grande déficit em conta corrente, principalmente por causa da redução da produção e de exportações de bens e serviços.
Há também uma contracção significativa de investimento directo estrangeiro, que tinha declinado devido à crise global. Na verdade, Líbia, Egito e Tunísia foram mais duramente atingido pelo declínio do IED, com uma perda de 5,10%, respectivamente 1,73% e 1,50% do PIB.
Em Marrocos, o índice é negativo (-0,14%), levando a pensar que ainda é afetado por choques externos, relacionados com a crise globa, anotaram os expertos de economia regional.
Em termos de exportações, os países da região conviveram com a perda de 3,7% em relação a 2010, seja 209 bilhões de euros contra 217 milhões no ano anterior.
Esta contra indicação explica principalmente a contração de 68% das exportações da Líbia em termos (hidrocarbonetos), e 30% da balança de serviços no Egito. Ao contrário de Tunísia, Marrocos e Argélia conheceram um aumento de exportações respectivamente 8%, 13% e 28,1%.
No entanto, especialistas da CEA alertam contra a dependência vis-à-vis do mercado europeu, que não oferece a curto prazo, perspectivas de crescimento forte para toda a região.
Assim, se a previsão para 2012 indica um aumento do produto para toda a região, isso é possível caso as exportações de petróleo da Líbia voltem a produzir, mas ao mesmo tempo a persistência da crise na Europa deve levar a uma redução da demanda para países como Marrocos, Mauritânia ou Tunísia.
Além disso, as incertezas associadas às transições políticas pode ter um impacto muito negativo sobre a balança de serviços, incluindo o turismo e o transporte aéreo.
Lahcen EL MOUTAQI
Pesquisador Universitário
Rabat-Marrocos
Autor: Lahcen El Moutaqi
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