A necessidade de professores habilitado desde



A NECESSIDADE DE PROFESSORES HABILITADO DESDE

AS SÉRIES INICIAIS

 João Carlos Leal Cunha*

Resumo 

             Hoje é comum nas turmas do 1º ano do Ensino Médio nos depararmos com alunos que não dominam os conceitos básicos de regra de sinais, frações e até noções básicas de geometria, não sabendo distinguir sequer um quadrado de um retângulo. Diante de toda essa problemática defendo a idéia de que as escolas públicas deveriam possuir um professor licenciado em Matemática desde as séries iniciais, ao qual caberia a responsabilidade de desmistificar a Matemática para a criança. Tal mudança só será possível através da Educação Matemática, movimento esse que vem se consolidando nas licenciaturas. De acordo com esse movimento o professor deve se voltar para a pesquisa e a compreensão de como o aluno dá significado ao conteúdo, interagindo-o ao meio social.

           De acordo com os índices divulgados pelo Ministério da Educação, os resultados da Prova Brasil de Matemática são baixos, o que demonstra pouco domínio dos alunos em relação à disciplina.

            Considerando minha experiência profissional e observações em sala de aula, como professor de Matemática, pude verificar que os alunos que entram no 1º ano do Ensino Médio não possuem as habilidades e as competências necessárias para entender os conteúdos a serem ministrados.

            Isso se deve a vários fatores. Entre eles, podemos destacar a falta de alguns conhecimentos matemáticos que são ensinados nas séries finais do Ensino Fundamental, mas que não são aprendidos; e a necessidade de cursos de formação continuada por parte das Secretarias de Educação com o objetivo de preparar melhor os professores que saem da graduação acadêmica somente com embasamento teórico e quase nenhuma prática docente.

            Hoje é comum nas turmas do 1º ano do Ensino Médio nos depararmos com alunos que não dominam os conceitos básicos de regra de sinais, frações e até noções básicas de geometria, não sabendo distinguir sequer um quadrado de um retângulo.

            Além disso, o professor de Matemática da Rede Pública dispõe de poucas aulas semanais para assumir a função de ensinar o conteúdo matemático do Ensino Médio e também os conceitos básicos do Ensino Fundamental, os quais não foram ensinados nas séries anteriores e que serão importantes no decorrer do ano letivo para a aquisição de outras aprendizagens.

            Diante de toda essa problemática que atinge o processo de ensino e de aprendizagem nessa etapa escolar defendo a idéia de que as escolas públicas deveriam possuir um professor licenciado em Matemática desde as séries iniciais, ao qual caberia a responsabilidade de desmistificar a Matemática para a criança. Trabalhando de forma concreta e lúdica, ensinando as crianças a pensar, a identificar as figuras geométricas e a fazer cálculos mentais, não se limitando apenas a resolver problemas e contas, as quais as crianças resolvem de forma mecânica, sem entender “o que” e o “porque” estão fazendo. Talvez, assim, fosse possível desenvolver em cada criança um conhecimento matemático sólido que serviria de alicerce para os outros níveis de ensino.

            Observando a prática docente, sabemos que o professor polivalente das séries iniciais se propõe a tratar de várias áreas de ensino que às vezes não domina. Isso traz prejuízos ao aprendizado das turmas, pois ele tende a trabalhar mais os conteúdos que aprecia, ensinando assim superficialmente outros como, por exemplo, os conceitos matemáticos.

            Além disso, o ato de ensinar reflete as crenças e as impressões que cada professor possui. Se ele se identifica com os números e as operações matemáticas ele desenvolverá nos alunos o gosto pela disciplina. Se, por outro lado, tiver dificuldades em relação a essa área, poderá transferir para os alunos a aversão e o desinteresse por tal conhecimento.

            De acordo com Tardif[1] o trabalho dos professores exige conhecimentos específicos à sua profissão. Então, na formação profissional ensinam-se teorias sociológicas, psicológicas, didáticas, filosóficas etc. que foram concebidas, na maioria das vezes, sem nenhum tipo de relação com o ensino nem com as realidades cotidianas do ofício de professor. Então, o grande desafio nos próximos anos será o de abrir um espaço maior para os conhecimentos dos docentes que atuam nas salas de aula dentro do currículo das universidades.

            Portanto, é essencial a unidade da profissão docente do pré-escolar à universidade, pois cada professor é realmente um sujeito do conhecimento e um produtor de saberes. É preciso então reconhecê-lo como tal e dar-lhe um espaço maior na pesquisa universitária¸ pois os professores de profissão não são objetos ou estatísticas de pesquisa, mas colaboradores e até co-pesquisadores em muitas práticas de ensino.

            No ensino da Matemática tal mudança só será possível através da Educação Matemática, movimento esse que vem se consolidando nas licenciaturas. De acordo com esse movimento o professor deve se voltar para a pesquisa e a compreensão de como o aluno dá significado ao conteúdo, interagindo-o ao meio social. Enfim, como utiliza essa aprendizagem em sua vida.

 

* Pós-Graduado e Professor de Matemática aprovado no Concurso Público do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul (Ensino Médio) - Campo Grande-MS.

 

[1] TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Ed. Vozes, 2006.

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Autor: João Carlos Leal Cunha


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