A aprendizagem significativa crítica :na visão humanista de novak



Então até aqui a aprendizagem significativa foi focalizada de um ponto de vista basicamente cognitivo. Evidentemente, todos sabemos que o ser humano não é só cognição. A pessoa conhece, sente e age, como fica, então, a aprendizagem significativa em uma perspectiva humanista?

O próprio Ausubel, ao explicitar as condições para a aprendizagem significativa (1968, p. 37-38), de certa maneira leva em consideração o lado afetivo da questão: a aprendizagem significativa requer não só que o material de aprendizagem seja potencialmente significativo, como também que o aprendiz manifeste uma disposição para relacionar o novo material de modo substantivo e não arbitrário a sua estrutura de conhecimento (AUSUBEL apud MOREIRA, 1999; p. 102-103).

Dessa disposição para aprender, pode-se perceber a grande importância do domínio afetivo na aprendizagem significativa já na formulação original de Ausubel. Mas foi Joseph D. Novak[1] (1977,1981) quem deve um enfoque humanista à aprendizagem significativa Novak é co-autor da segunda edição da obra Educacional psychology: a cognitive view (1978, 1980, 1983) e durante muito tempo trabalhou no refinamento, testagem e divulgação da teoria da aprendizagem significativa, a tal ponto que essa teoria deveria ser, hoje, a teoria de Ausubel e Novak. Porém, Novak tem o que ele chama de sua teoria de educação (ibid): ”A aprendizagem significativa subjaz à integração construtiva entre pensamento, sentimento e ação que conduz ao engrandecimento (empowerment) humano”.

Para Novak, uma teoria educacional deve considerar que seres humanos pensam, sentem e agem, devendo ajudar a explicar como se pode melhorar as maneiras pelas quais as pessoas fazem isso.

Para uma melhor compreensão acerca desse assunto, busquemos entender a idéia de lugares comuns da educação, originalmente proposta por Schwab (1973) e, posteriormente ampliada por Novak. Segundo Schwab qualquer fenômeno educativo envolve diretamente quatro elementos aprendiz (aprendizagem), professor (ensino), matéria de ensino (currículo)[2], e matriz social (meio contexto). Quer dizer em um fenômeno educativo, de alguma maneira alguém (aprendiz) aprende algo (adquire conhecimento), interagindo (trocando significados) com alguém (professor) ou com alguma coisa (um livro ou um programa de computador, por exemplo) em um contexto (em uma escola, uma sociedade).

A estes quatro elementos, aprendiz, professor, matéria de ensino e contexto, Novak acrescentou mais um sempre presente (ou quase) nos eventos educacionais: a avaliação. Além disso ele prefere o termo conhecimento em vez de Novak são: Aprendiz, professor, conhecimento, contexto e avaliação e são considerados portanto, os constituintes básicos de uma infinidade de eventos educativos.

É levando em conta esses cinco elementos que Novak propõe, como fundamental em sua teoria, “a idéia de que qualquer evento educativo implica uma ação para trocar significados e sentimentos entre professor e aluno”. (MOREIRA, 1999; p. 37).

Precisa-se ainda deixar explicito que aprendizagem correta, pois o educando poderá aprender de forma significativa, porém, de maneira errada, ou em outras palavras, poderá atribuir os conceitos significativos que na sua compreensão implicam aprendizagem significativa, mas na visão do educador são errôneos por que não são compartilhados pela comunidade de usuários. Sobre essa questão, vejamos o que diz Moreira:

 

[...] é essa interação entre o novo conhecimento e o conhecimento prévio – na qual o novo adquire significados e o já adquirido se torna mais diferenciado, mais rico, mais elaborado – que caracteriza a aprendizagem significativa, e não o fato de que tais significados sejam corretos do ponto de vista cientifico (op. cit. p. 38).

 

Novak é considerado o criador dos mapas conceituais e refere tê-los usado em várias pesquisas, contemplando as diversas áreas do conhecimento.

Mapas conceituais são representações gráficas semelhantes a diagramas, que indicam relações entre conceitos mais abrangentes até os menos inclusivos e são utilizados para auxiliar a ordenação e a seqüenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino, de forma a oferecer estímulos adequados ao aluno. Servem como instrumentos para facilitar o aprendizado do conteúdo sistematizado em conteúdo significativo para o aprendiz.

A utilização de mapas conceituais em educação pode ser aplicado nas diversas áreas do ensino e da aprendizagem escolar, como planejamentos de currículos, sistemas e pesquisas educacionais.

Como instrumento de aprendizagem, auxiliam o aluno para fazer anotações, resolver problemas planejar o estudo e/ou redação de grandes relatórios, preparar-se para avaliações e identificar a integração dos tópicos.

Por usa vez, para os professores, podem constituir-se em poderosos auxiliares nas suas tarefas rotineiras, tais como: tornar claro os conceitos difíceis, arranjando-os em uma ordem sistemática, auxiliar os educadores a manterem-se mais atentos aos conceitos-chave e às relações entre eles, transferir uma imagem geral e clara dos tópicos e suas relações para seus educandos, reforçar a compreensão e aprendizagem por parte dos alunos, permitir a visualização dos conceitos-chave e resumir suas inter-relações, verificar a aprendizagem e identificar conceitos mal compreendidos pelos alunos, auxiliar na avaliação do processo de ensino e ainda, possibilitar-lhes avaliar o alcance dos objetivos pelos alunos através da identificação dos conceitos mal entendidos e dos que estão faltando.

Para a Construção dos referidos mapas é necessário observarmos alguns passos. Primeiramente, anotar os principais termos ou conceitos acerca do tópico estudado; depois, começar a construir o mapa observando-se que os conceitos devem ser contornados com um currículo; dando continuidade, localizar o conceito mais geral e os específicos abaixo dos intermediários. Em seguida, traçar as linhas de ligação entre os conceitos e logo após “etiquetar” as linhas de ligação com as palavras correspondentes para indicar como os conceitos estão relacionados (proposições). Por último, fazer a revisão do mapa.

Um mapa de conceitos é sempre pessoal, mas alguns aspectos devem ser levados em considerações para que se consiga um maior aprimoramento, tais como: usar palavras; frases simples para informação desejada, utilizar fontes (tipo de letras facilmente legível), optar por cores diferentes para separar as idéias, criar símbolos e imagens sugestões empregar formas diferentes para vários grupos de informação e finalmente, mostrar através de setas as relações de causa e efeito.

Os mapas representam uma opção de como utilizar a teoria ora abordada como um sistema de referência para a preparação de materiais instrucionais que irão facilitar a aprendizagem significativa em sala de aula.

Com essa abordagem, chagamos à conclusão de que Novak, mesmo adotando a teoria de Ausubel e, conseqüentemente, o conceito de aprendizagem significativa, no entanto, ele deu novos significados a esse conceito ou estendeu o âmbito de sua aplicação.

 [1] É professor emérico da Universidade de Cornell – EUA.

[2] Não se trata aqui de simplesmente, equacionar currículo e matéria de ensino (ou conteúdo). O que se pretende é estabelecer uma correspondência entre o que propõe Schwad e conceitos freqüentemente utilizados (MOREIRA, 1999; p. 36).


Autor: Cícera Meireles


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