Recompensas
Recompensas
Quando um doutor da Lei disse: “Mestre, eu te seguirei aonde quer que fores”. Jesus lhe respondeu: “As raposas tem tocas e as aves do Céu tem ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. Ele está dizendo que não mandou ninguém oferecer abundâncias a quem queira seguir o Seu caminho. Ao contrário; Ele diz ao jovem rico: “... Se você quer entrar para a vida, guarde os mandamentos”... “Se você quer ser perfeito, venda tudo, distribua com os pobres, e você terá um tesouro no Céu. Depois venha e siga-me” (Mateus 19:16-22).
Servir de coração a Deus, traz grandes bênçãos que enriquecem o espírito, mas acumular patrimônios, não. Este ensinamento é argumento daqueles sobre os quais Deus já se lamentou: “Este povo me honra apenas com os lábios, enquanto o coração anda longe de mim.”
Se ser pessoa de Deus trouxesse abonança, que quantidade de bens teriam acumulado os Apóstolo, os Profetas e os Discípulos que foram amortizados na peleja de aprender e ensinar o evangelho?
Só os verdadeiros homens de Deus, convidam seus discípulos à caminhada de espinhos.
As promessas de retribuições e prosperidades que, grande parte dos que se colocam como líderes religiosos fazem, não condizem com a caminhada do povo de Deus na retirada do Egito, nem com o martírio dos Apóstolos e Profetas, muito menos com a singeleza d’Aquele que convidou Seus escolhidos ao caminho da cruz.
Querer ou prometer ao rebanho proezas durante a caminhada ao Pai, é dizer que a peleja de Moisés no deserto, a paciência de Deus e a caminhada de Cristo aos pregos na cruz, foram em vão.
Os quarenta anos no deserto, mostram que a passagem da escravidão para a terra prometida, não é estrada margeada de oásis nem arborizada com frutos do Céu.
Iniciar a caminhada rumo a uma vida renovada, é algo parecido com o amadurecimento de Paulo, que não murmurou diante de um dos poucos pedidos que fez ao Pai: ‘...foi me dado um espinho na carne, um anjo traquino para me espancar, a fim de que eu não me encha de soberba. Por esse motivo, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Ele, porém, me respondeu’: “Para você basta a minha Graça...”
Então, os que se propõem a atravessar o deserto para matar a sede com a água que jorra para a vida eterna (João 4:13,15), devem se encher de abstinência e aceitar o convite, assim como aceitaram aqueles que, com segurança, entenderam o SIGA-ME de Jesus, e mesmo quando muitos acharam muito duro o Seu jeito de falar, e desistiram (João 6:6), eles, quando perguntados se também queriam desistir, responderam: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna...”
Promessas de recompensas imediatas, não foi Jesus quem fez; ao contrário, quando lhe ofereceram todo luxo, toda a fama e toda a riqueza, Ele preferiu a coroa de espinhos e a obediência ao Pai. E deixou a oferta para os de coração endurecido e o tentador, que de Cristo ainda zombaram quando estava na cruz, sangrando e lavando os nossos pecados com sangue e lágrimas de dor.
Hoje, diante de tudo que vemos, alguém poderia perguntar-Lhe: Valeu a pena Senhor? Com certeza Ele diria que sim, pelas ovelhas e pelos bons pastores.
Se Você fosse curioso e quisesse saber sobre os grandes nomes da Bíblia, e responsáveis por guiar o povo de Deus, você talvez se perguntasse: O que recebeu Moisés pela peleja dos quarenta anos no deserto? Uma das respostas seria:
“Por que tratas tão mal o teu servo? Por que gozo tão pouco do teu favor, a ponto de me impores o peso de todo este povo? Por acaso, fui eu que concebi ou dei à luz este povo, para que me digas: ‘Tome este povo nos braços, da maneira que a ama carrega a criança no colo... Se é assim que me pretendes tratar, prefiro a morte! Concede-me esse favor, e eu não terei que passar por essa desgraça!” (Números 11:10-15). E depois de tudo, não teve o direito de entrar na terra prometida.
O que recebeu Jeremias para que, por sua boca, fossem ditas as profecias do Pai?
Resposta:”... Maldito seja o dia em que eu nasci. Que jamais seja bendito o dia em que minha mãe me deu à luz! ... Por que não me fez morrer no ventre materno? Minha mãe teria sido a minha sepultura, e seu ventre estaria grávido para sempre! Por que saí do ventre materno, só para ver tormento e dores, e terminar meus dias na vergonha? (Jeremias 20:14-18).
O que recebeu Josué para mostrar o poder de Deus sobre as águas do Jordão e na derrubada da fortaleza de Jericó?
Resposta: “Ah! Senhor Deus, por que fizeste este povo atravessar o Jordão? Foi para nos entregar nas mãos dos amorreus e nos fazer perecer? Oxalá nos tivéssemos contentado em ficar no outro lado do Jordão! (Josué 7:7...).
O que receberam os Apóstolos, além de uma bolsa, uma sacola e uma espada (Lucas 9:3... ; 10:3,4), e por fim, o martírio?
O que recebeu Paulo, além da resposta do Pai: “A você basta a minha graça”? (2 Coríntios 12:9).
O que recebeu o Filho do Pai, nos dias de pregação? Bem, sobre este você já sabe.
Pelo nascimento de Jesus, os pastores do campo se alegraram e os Magos viajaram longa distância para presenteá-Lo com ouro, incenso e mirra (Mateus 2:1-18). E nós? com que O presenteamos por ter bebido o Cálice do nosso perdão? Será que nos tornamos caçadores de recompensas?
Quando a implantação do Reino do Céu era ofertada apenas ao povo Israel (Mateus 15:24), e ainda não era urgente a implantação do Reino de Deus, foi ordenado por Ele que não fosse dada nenhuma herança à tribo da descendência de Levi, mas que fossem dadas quarenta e oito cidades (Número 35:7), com áreas de pastagem, aos seus descendentes para que eles cuidassem dos seus animais e servissem ao sacerdócio. Porém, quando o Filho veio abrir a oportunidade de salvação, tanto para os circuncidados, como para os pagãos (Mateus 8:5-13; João 10:14-18; Romanos 15:9-12), Ele entendeu que havia urgência de anunciar, que o Reino de Deus já estava entre os homens, e que era necessário implantá-Lo no coração dos que estivessem aptos para se habilitarem, pela conversão, a entrar no Reino do Céu. E por, isso não havia mais tempo para que os Apóstolos e os setenta e dois Discípulos cuidassem de si, mas apenas para anunciarem a boa nova. Por isso, às pressas, eles só podiam dispor de uma bolsa, uma sacola e uma espada (Lucas 22:35-38), pois a messe era grande e os operários eram poucos.
Se no tempo de Jesus a anunciação já era urgente, hoje se quer muito mais empenho na divulgação do evangelho. Portanto, aquele que nos dias de hoje pretende está ao lado direito do Senhor, é bom ser vigilante nas palavras, com as quais, estão alimentando seus rebanhos; pois não é bom andar pronunciando o que nem o Pai nem o Filho mandaram anunciar. Não trabalhe retardando os Planos de Deus. E, aos que costumam apenas seguir guias ou instrutores da Palavra, sejam mais cuidadosos ao tomar os caminhos que eles mandam seguir; você pode estar sendo atraído por lobos ou sendo guiado por cegos; assim você acabará sendo devorado ou caindo no precipício. Não fique seguindo apenas o que os outros dizem. Vá à Fonte! Confira no mapa se a estrada que te mandaram seguir, leva-te ao lugar prometido. Eles podem está te encaminhando a um labirinto confuso, e você pode passar do tempo de achar a saída. A vida é sua, e quem tem que prestar contas dela é você. Você tem o mapa nas mãos, mostrando os caminhos a seguir.
A Bíblia é o mapa e a Fonte daqueles que pretendem fazer a travessia entre o obscuro e à claridade da Vida.
Veja como é fundamental para um cristão buscar entender, ao menos um pouco, a maneira como Deus costuma agir.
Quando Ele resolve pôr em prática uma parte dos Seus Planos, que diz respeito aos destinos dos homens e das nações, Ele começa a guiar Abraão, e a ele anuncia parte do que já havia escrito, dizendo: “Saiba com certeza que seus descendentes viverão como estrangeiros numa terra (Egito) que não será a deles. Aí nessa terra eles ficarão como escravos e serão oprimidos durante quatrocentos (400) anos...” (Gênesis 15:12-16). Veja bem, são quatrocentos anos oprimidos na escravidão; e se você perguntar o por quê, não vai encontrar nenhuma razão. Mas isto só vai acontecer depois da vinda de Isaac, da trapaça de Jacó contra seu irmão Esaú, e muito depois da maldade dos filhos de Jacó com o irmão jovem José. E depois de cumpridos os longos anos, Deus manda Moisés libertá-los, mas não para uma vida de recompensas, mas sim para penarem por quarenta (40) anos rodopiando (Números 14: 27-35), com todas as desvantagens que pode oferecer um deserto. E quando seus descendentes chegaram à terra prometida, não a receberam já pronta em forma de presente; tiveram que enfrentar guerras e mais guerras, para irem ocupando espaços, ao custo de sangue e cabeças roladas.
Infelizmente, os ensinamentos dos instrutores atuais são cheios de promessas de salvação e retribuições fáceis.
Em João (10:11-13) Cristo diz: “Eu sou o bom pastor. O mercenário, que não é pastor e as ovelhas não são suas, quando vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e sai correndo... O mercenário foge porque trabalha só por dinheiro, e não se importa com as ovelhas.” É por isso que cabe a você zelar pelo lugar, que após a caminhada, vai querer alcançar. E lembre-se de que Deus prefere o quente ou o frio, nunca o morno. E gosta de luta, seja a espada de metal, ou a língua, pregando o evangelho da anunciação.
Autor: Josué Firmino Dos Santos
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