Angelina Motre
Angelina Motre
Por Ariana Lourenço da Silva
Em meio ao cheiro inebriante das flores campestres e da intensa neblina daquela noite escura, surge como uma aparição divina de pés descalços, vestida numa alva camisola de cetim, uma jovem mulher de aproximadamente uns vinte e seis anos. Era Linda! Maravilhosamente linda, uma beleza inenarrável! Tão bela, tão bela, que, se Vênus a visse, se curvaria.
A misteriosa dama caminhava lentamente em direção à humilde casinha de pau-a-pique da família Klein. Lá morava uma mulher de nome Maria, seu marido Paulo e seus dois filhos, um menino e uma menina.
Toc toc toc... Maria abre a porta pensando que era seu marido que havia saído para caçar, mas se assusta ao se deparar com a jovem moça. E pergunta: quem é você? Meu nome é Angelina Motre, venho de muito longe, em uma missão especial. Preciso que você e sua família me acolham nesta noite
Sem mais perguntas e meio que enfeitiçada, a humilde mulher manda que Angelina entre em seu pequeno barraco de pau-a-pique. O barraco tinha um quarto e uma cozinha somente!
Do quarto uma voz doce e fina grita! Mamãe, papai chegou? Não, temos visita! Então as crianças saem do quarto correndo... O menino matreiro pergunta: quem é ela? Antes que Maria pudesse responder, a moça se apresenta: Meu nome é Angelina Motre, vim passar a noite com vocês. Como se todas as perguntas já tivessem sido feitas, ninguém pergunta mais nada, estavam hipnotizados.
Maria serve o jantar, todos comem pateticamente felizes, menos Angelina que diz não sentir fome. Depois da refeição, as crianças voltam a brincar no quarto enquanto Maria lava as louças. A vida da família acontece normalmente como se Angelina não estivesse ali. Para quebrar o silêncio mórbido da noite, Angelina pergunta: onde está seu marido? Foi caçar, deve voltar pela manhã! Sem vontade de continuar a conversa com a mera desconhecida, Maria diz: Já está tarde, por isso acho melhor irmos dormir. Amanhã é um longo dia. Você pode repousar na cama do meu filho, ele costuma deitar comigo quando o pai dele não está. Angelina sorri!
Na manhã seguinte, por volta das cinco horas, Paulo, ainda de longe, percebe que sua casa está em chamas, se aproxima e nada mais pode ser feito. Sua mulher e seus dois filhos estão mortos! O incêndio provavelmente fora provocado pelo fogão à lenha que permanecera aceso depois do jantar. Paulo chorava desesperadamente, porque agora estava sem nada e sem ninguém. Na noite passada, o Anjo da Morte e da Destruição visitara sua família.