Torcedor não importa para FPF



Quando a gente ama não pensa em dinheiro. O verso imortalizado pelo Tim Maia se encaixa perfeitamente na paixão brasileira chamada futebol, mas parece não sensibilizar engravatados da Federação Paulista de Futebol (FPF). Sob alegação de arrecadar mais e, portanto, prevalecer o Futebol S/A invés da Paixão FC, tiraram da cidade de Campinas um dos jogos da final entre Guarani e Santos, levando as partidas para o Morumbi, na Capital, sob o eufemismo de “maior conforto” ao público. A verdade é que pensam que assim dá mais dinheiro, já que o público seria maior. Além disso, o preço do ingresso foi dobrado.

Pelo jeito, os tais homens de gravatas e cartolas pouco se importam se o futebol do interior do estado minguar (sem trocadilho ao presidente do Guarani, Mingone, que o site da FPF insiste em grafar como Mengoni) até ser extinto. Aliás, coisa que ocorreu com tantas equipes (inclusive de Campinas), como o saudoso Mogiana e mais recentemente o próprio Campinas. Tudo bem que o regulamento do Campeonato Paulista prevê que os jogos finais da competição têm a FPF como mandante e a mesma pode escolher palcos onde eles acontecerão.

Mas, em qualquer situação na vida, em um país dito democrático e com estado de direito, deveria ser de bom tom agir com bom senso, sensibilidade ou, no mínimo, com coerência e pensar na grande maioria, que são os torcedores de futebol. É de conhecimento público tudo que o Guarani de Campinas tem passando nos últimos anos. Foram atuações desastrosas de administradores que levaram o time a quedas e acessos nas competições estaduais e nacionais. No ano passado, chegou-se ao cúmulo de os jogadores ficarem mais de quatro meses sem receberem salários.

Este ano, a equipe surpreendeu, chegou na final do Paulista da Primeira Divisão, algo que não ocorria desde 1988, portanto há 24 anos. Estamos falando de um time que foi o primeiro e até hoje é o único do interior de um estado a ser campeão brasileiro da primeira divisão, no ano de 78. Depois, o time seria campeão brasileiro da Taça de Prata (equivalente a segunda divisão) em 81 e duas vezes vice-campeão brasileiro da primeira divisão, em 86 e 87. Seja a decisão em que foi campeão ou as outras, o Guarani jogou diante de sua torcida, em seu estádio, como acreditamos que sempre deveria ser.

Para finalizar e mostrar quanto é absurda a decisão da FPF, essa mesma Federação (que agora tira o direito de a maioria da torcida bugrina ver a equipe jogar a final em Campinas) permitiu, em 2008, que outra equipe da cidade, a Ponte, fizesse um dos jogos finais (contra o Palmeiras) em seu estádio, que tem menos capacidade de público que o estádio do Guarani. FPF, não precisa explicar, ninguém iria entender mesmo...


Autor: Edson Terto Da Silva


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