Vestido Vermelho
Vestido
Vermelho
João viera do interior tentar a sorte na cidade grande. Deixara sua mulher Anita e seu único filho. João trouxe em sua bagagem muitos sonhos a serem realizados.
Em poucos dias estava trabalhando em uma feira livre como carregador. Sentia-se feliz, tinha quase tudo: um barraco na favela e um emprego, não era grande coisa, mais estava feliz.
Quando chegava em seu barraco, cansado pela labuta do dia, ainda tinha tempo para sonhar com Anita. Saudades daquele corpo escultural que o deixava louco de amor. Lembrava do sorriso inocente do seu pequeno filho. Quantas saudades!
O ano passou rápido. Dezembro chegou. João ia rever a família e seus amigos.
Acordou mais cedo do que de costume, deu mais uma olhada no único cômodo do barraco, suspirou fundo, ia sentir saudades daquele pequeno espaço. Fechou a porta e saiu com passos largos. Passou no barzinho da esquina, tomou um gole de cachaça, e continuou seu caminho. Caminha com passos largos, tinha medo em perder o único trem que o levaria de volta aos braços da mulher amada.
João ia pensando como ficaria Anita dentro daquele vestido vermelho que acabara de comprar. Será que ia gostar do decote ousado? Balançou a cabeça, como se quisesse apagar os pensamentos, e continuou a caminhar.
De repente um tumulto toma conta da rua. João, corre de um lado para o outro, desesperado tentava se esconder. Ele começou andar rápido, cada vez mais rápido. O alvoroço era grande, era gente correndo por todo os lados. E João bem que tentou, mas não deu. Um tiro. Ele cai imóvel. Entre seus braços, o vestido vermelho que Anita nunca usará.
Autor: Maria do Carmo Barbosa
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