Não é nossa intenção



Não é nossa intenção

 

Não é nossa intenção falar mal – menos ainda falar bem – deste ou daquele político. Principalmente nestes tempos em que nos ameaçam com alguns possíveis candidatos. Eles não merecem isso, mesmo representando uma ameaça!

E, de fato, não falaremos disso, não porque não haja nada sobre o quê falar, mas porque – infelizmente – no universo da política, nestes tempos em que a mídia os favorece, quanto mais os denunciamos demonstrando seus “pés de barro”, mais eles serão reforçados. Lembra da expressão: “fale bem ou fale mal, mas fale de mim”? Pois eles se utilizam dela e a fazem sua rotina no cotidiano – até preferem que se fale mal, pois coisas negativas permanecem mais tempo na mídia. Eles torcem por isso. Querem ser lembrados – não importa se bem ou mal, mas lembrados.  Isso porque o fato de falar – mesmo que seja denunciando – os mantém em evidência. E ser evidenciado é tudo o que eles querem, pois estarão sendo lembrados.

O melhor remédio, portanto, não são as denúncias, ou nossos xingamentos. O melhor remédio é aquele que os gregos antigos usavam: o ostracismo (prática de afastar do cenário politico aquele que houvesse cometido crime contra a cidade). Ou seja, o banimento de nossas lembranças e das manchetes. O pior castigo para um político não é ver seu nome envolvido em denúncias ou escândalos; não é aparecer nos jornais com a reputação manchada; ou ser mal falado nas ruas... o pior castigo para um político é não aparecer no jornal! É não ser mal falada nas ruas. É ser esquecido!!!

Mas é isso o que todos deveríamos fazer: esquecê-los. Condená-los ao ostracismo.

E olha que não são poucos os que merecem essa punição. Notemos que nestes tempos de “pre-candidatura”  muitos são os nomes que pairam como ameaça... e se não os isolarmos, essa ameaça pode recair sobre nós como um castigo do qual seremos merecedores caso não impeçamos de ocorrer. Já imaginou algumas dessas “figurinhas carimbadas” sendo eleitas para a prefeitura ou como vereador? Pois esse será nosso inferno se não os esquecermos, se não os isolarmos, se não os impedirmos de se abaterem sobre nós, na forma de uma tragédia!

Entretanto, não é nossa intenção mencionar nenhum deles. Por pior que sejam. Por mais malandragens que tenham aprontado, não os mencionaremos.

É evidente, também, que não podemos nos esquecer de obras mal feitas, da falta de escolas e creches, dos dramas no atendimento hospitalar e das ruas esburacadas! Não podemos nos esquecer que existem ruas intransitáveis e pavimentação acintosamente mal feita. Com certeza você, da mesma forma que eu, sabe de ruas que constam como asfaltadas, mas que nunca receberam uma gota de asfalto. Com certeza você, e muitos outros, sabem do inferno que é o serviço de saúde pública. É acintosa a falta de sinalização adequada nas ruas – isso quando não foram colocadas placas com sinalização equivocada (Em Rolim de Moura, se obedecermos à sinalização das placas do lado norte da avenida Norte Sul, é IMPOSSÍVEL passar do lado leste para oeste, ou vice versa, pois as placa proíbem tal travessia).

Mas porque tudo isso ocorre? Por causa das eleições, que são limitadas e limitadoras. Limitadas porque ocorrem de tempos em tempos e não envolvem a todos; além disso são limitadoras porque aqueles que são eleitos – e não vamos falar sobre eles, pois seria lhes dar um crédito que não merecem – se apropriam do poder emanado do voto, para satisfazer suas vontades e interesses.

E não sou eu quem está falando. Eu apenas estou repetindo as palavras de um cientista político. W. Leo Maar, no livro “O que é política” (1984, p. 76) diz exatamente isto:

“Não se vota, por exemplo, o que fazer com a economia do país, que política salarial adotar, ou se deve ou não haver produção de energia nuclear, o que fazer com a educação, etc.  Isso passa a ser responsabilidade exclusiva dos tutores eleitos; é certo que estes muitas vezes são eleitos com base em programas de governo ou de atuação. Mas mesmo que não os cumpram não há legalmente nada a fazer, a não ser esperar uma nova oportunidade de participação eleitoral. Enquanto isso não acontece, os tutores estão de posse exclusiva dos instrumentos de dominação e direção políticas que a lei faculta para, em nome do país [do estado ou do município] decidirem conforme sua própria vontade”

Esse é, pois, mosso drama. Sermos obrigados a conviver com uma situação em que aqueles que gerenciarão nossas cidades serão aqueles que produzirão nossa insatisfação. Mas não é nossa intenção falar sobre eles.

Nossa intenção é falar sobre o poder indescritível que tem o povo.

Ah!, o Povo! Se o povo soubesse! O povo é como o boi. Você sabia que se o boi soubesse a força que tem não virava churrasco! Nossa intenção é falar sobre essa força!

 

Neri de Paula Carneiro

Mestre em Educação, filósofo, teólogo, historiador

Rolim de Moura - RO


Autor: Neri P. Carneiro


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