Quem disse que um tapinha não dói?



Título:  “QUEM DISSE QUE UM TAPINHA NÃO DÓI?”

 

Preste atenção meu leitor

No que agora vou narrar

Uma estória interessante

Um caso de arrepiar

Da discussão dum casal

Que chegou a se lascar.

 

 

Essa briga aconteceu

No sertão do Ceará

Quem viu todo o acontecido

Foi a muié do seu Jajá

Que ficou toda espantada

E a polícia foi chamá.

 

 

O casal se conheceu

Em Juazeiro do Norte

Quando Franilda de Quinca

Rezava pra pedir sorte

De frente com Padim Ciço

Viu logo um homi bem forte.

 

 

De repente se agarraram

Ela pulou no machão

Ele disse: - vai comigo?

Vamo ali no motelzão

Que eu vou já lá te mostrar

Porque sou Zé Valentão.

 

 

Eles foram pro motel

Valentão logo comeu

Algo meio inesperado

Uma barriga apareceu

Franilda ficou buchuda

Zé foi e disse: - Não é meu.

 

 

Ela então voltou pra casa

Coitada, tava arrasada

Depois que Valentão disse:

- Eu não quero assumir nada

Eu sei que o filho não é meu

Você quem forçou, tarada!

 

 

Seu Quinca então percebeu

O desespero da filha

- Fique despreocupada

Hoje tou igual uma pilha

Vou pegar aquele cabra

Pra dá fim nessa bexiga.

 

 

Ela disse: - Tenha calma!

Cuidado, não bata em Zé

Eu sei que o senhor é bruto,

Mas Valentão também é

Já soube que ele bateu

Em um touro e um jacaré.

 

 

- É com esses cabra mermo

Que eu gosto de conversar

Pode ser o valentão,

Mas contigo vai casar

Vou procurar ele agora,

Quem mandou ele transar?

 

 

Nisso o véi saiu danado

Feito bicho do sertão

A caminho do encontro

Do tal do Zé Valentão

Que depois de conversar

Pediu a ela sua mão.

 

 

Então eles se casaram

E foram pra Fortaleza

Zé e Franilda ainda grávida

No início tava beleza

Amorzão pra lá e pra cá

Até Zé vim com brabeza.

 

 

Vivia chegando tarde

Só vinha do cabaré

E quando chegava em casa

Batia em sua muié

Melado e sem ter razão

Esse é realmente o Zé.

 

 

Eles brigavam demais

Mas só quem apanhava

Era a coitada da Franilda

Que sempre sofria calada

Mesmo prestes a parir

Ainda levava reada.

 

 

Chegou então o grande dia

Ela vai ter o bebê

Foi logo pro hospital

Esperando ele nascê

Enquanto Zé tava em casa

Bebendo pras nega vê.

 

 

Depois de muito aperreio

Ela foi então pra casa

Encontrou Zé, seu marido,

Com uma carai de asa

Era Maria Joana

A puta mais invocada.

 

 

Franilda ficou nervosa

Foi na casa de um vizinho

Que se chamava Chicó

Deixar o seu bebezinho

Explicou o que acontecia

E voltou ao seu lugarzinho.

 

 

A partir desse babado

Iniciou o bafafá

Era grito, choro, berro

Era um pra cá, outro pra lá

Franilda com raiva disse:

- Zé, você vai me pagá.

 

  

E foi assim que começou

O drama da discussão

Um alarme muito grande

Uma enorme confusão

Curiosos não faltavam

Chamou bastante atenção.

 

 

Franilda dizia pra Zé:

- Mulesta, troço, nojento

Me traindo logo em casa

Quer o fim do casamento?

E uma rapariga dessas

Bem aí de cu pro vento.

 

 

Franilda disse a Maria:

- Vou encher você de porrada,

E só vai sair daqui

Se tiver toda lascada,

Um hematoma na orelha

Mais uma perna torada.

 

 

A quenga ao escutar aquilo

Não aguentou ficar calada

Encarou Franilda e disse:

- Ei! Quero ser respeitada

Eu também sou uma mulher

Não me trate como nada.

 

 

Zé resolve entrar na briga

Deu um murro em sua muié

Virou pra puta e falou:

- Rapariga, arrede o pé!

Antes que a muié te pegue

E comece o cabaré.

 

 

Maria resolve então

Sair correndo de lá,

Porém ela não escapou

Quando Franilda foi e pá!

Caiu de bunda no chão

Se aguentou pra não chorá.

 

  

Zé agarrou a sua muié

Maria tentou fugir

Franilda queria escapar

Zé disse: - êpa! Fique aqui,

Pois eu não vou le soltar

Até essa puta sumir.

 

 

Quando Maria foi embora

Franilda escapou ao pular

Correu pra riba de Zé

Querendo le arrebentar

Mas ele deu-lhe uma tapa

E ela começou a chorar.

 

 

Zé muito bebo sentou

A sua muié no chão

Olhou para a cara dela

E logo meteu-le a mão

Depois ele foi na sala

À procura de um bastão.

 

 

Enquanto ele ia procurar

A coitada suplicava:

- Não bata em mim, por favor!

E ele se enchia de raiva

Encontrou o bastão e falou:

- Agora você me paga!

 

 

Quando ele subiu o bastão

A polícia foi ao local

Para acabar com a briga

Daquele jovem casal

Que só vivia brigando

De uma maneira brutal.

 

 

Um policial então

Pegou o braço do rapaz,

Tomou o bastão da mão dele

E afastou ele para trás

Olhou direto em seus olhos

E falou: - Já deu demais.

 

  

A partir desse momento

O Zé Valentão foi preso

E Franilda ficou em casa

Aliviada e sem medo

Cuidando do seu bebê

Le dando amor, aconchego.

 

 

Alguns anos depois disso

O Zé Valentão foi solto

Cumpriu toda a sua pena

Por ter sido um homi louco

Da lei Maria da Penha

Num escapou nenhum pouco.

 

 

Quando saiu da cadeia

Foi atrás da sua muié

Arrependido demais

Chorando feito um mané

Quando chegou em casa disse:

- Muié, tu ainda me qué?

 

 

Ela indignada falou:

- Sai pra lá, seu machão

Você num tem nem vergonha

Não te quero, Valentão,

Vá em busca de suas putas

Apanhar? Quero mais não!

 

 

Depois Zé voltou pra casa

Onde morava os seus pais

E Franilda com seu filho

Tá vivendo bem demais

Aqui termino a estória

Daquele casal sem paz.

 

 

E você que é uma mulher

Não sofra sempre calada

Denuncie o seu marido

Quando tu levar peada

Pois a lei Maria da Penha

Existe pra detê o caba.

 

 

 

Autores:

Francisco Erivan, Flauber Matheus e Amanda Rafaella.

 

Download do artigo
Autor: Francisco Erivan De Almeida Júnior


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