ENFRENTANDO O FLAGELO DAS SECAS



ENFRENTANDO O FLAGELO DAS SECAS

                              Odaci Lima

 

Em 1877/79, a seca dizimou os rebanhos da pecuária cearense. No mesmo período,50% das pessoas tiveram as vidas ceifadas por causas ligadas, direta ou indiretamente, àquela escassez de chuvas. Destaque-se que, em nenhum outro estado do Brasil, seja por falta, seja por excesso de chuvas, a História registrou calamidade tão intensa quanto àquela que ocorreu no Ceará. Desde então, o caboclo cearense tem sua atenção voltada para a possibilidade de ocorrência semelhante, em consequência do que o seu maior desejo é que seja encontrada uma solução definitiva frente à constante ameaça a que somos submetidos. No Ceará.

Diferentemente do que se passava com os hebreus, que aguardavam se libertar do cativeiro egípcio e chegarem à Terra prometida por seu pai Abraão, os cearenses aguardam em sua própria Terra o surgimento de algo que reduza a proporções suportáveis, o indesejável fenômeno climático, o qual, periodicamente, tem se abatido sobre si, de maneira implacável e irresistível. Agora já se pode dizer que a concretização  desse desejo já tem um data prevista: 2.040. É o projeto Cinturão das Águas, elaborado pelo Governo do Estado. No âmbito da Secretaria de Recursos Hídricos.

Cinturão das Águas é uma extensão do Projeto Canal da Integração, iniciado no Governo  Lúcia Alcântara e ainda em fase de execução. Partindo do açude Castanhão, no município de Alto Santo, o canal estará interligando, em breve, as Bacias do Jaguaribe e da Região Metropolitana de Fortaleza, extendendo-se até o Porto do Pecém. É uma obra admirável, composta de canais, adutoras, túneis, sifões e estações de bombeamento. Ao longo do seu percurso, de 225 km, o canal terá passado por 12 municípios, irrigado pelo menos 33 mil hectares, garantindo abastecimento d`agua ao complexo industrial do Pecém e à Região Metropolitana de Fortaleza, onde estão os distritos industriais de Maracanaú, Pacajus e Horizonte.

Mais abrangente, o Cinturão das Águas é um complexo de canais e adutoras medindo 3.000 km de extensão, sendo 1.200 de canais. Com esta estrutura, o Governo pretende interligar todas as bacias hidrográficas do Estado, incluindo dezenas de açudes, e com o reforço das águas provenientes da transposição do São Francisco, oferecer o precioso líquido, praticamente à mão, a cerca de 90% dos habitantes do Estado. Isto significa disponibilizar aos usuários um volume d´agua nunca inferior a 45 mil m3  por segundo.

Compare isto com as dificuldades que estamos enfrentando com a seca, neste ano, e responda se o Cinturão das Águas não será, de fato, o que o Ceará e os cearenses há muito esperavam.


Autor: José Odaci Lima


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