Trauma psicológico na visão do autogerenciamento vivencial



TRAUMA PSICOLÓGICO NA VISÃO DO AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL

A vida nos permite interpretar de diferente formas os nossos conflitos vivenciais.

Há teorias que descrevem os traumas psicológicos, como um acontecimento externo que nos domina e com os quais teremos que lutar. Algumas acreditam que o simples ato de pressionar uma criança para que largue a chupeta, gerará nela traumas profundos, tornando-a insegura, medrosa, introvertida no futuro.

Vêem o trauma psicológico com poderes de interferirem em nossas vidas, apesar da nossa vontade e que precisamos tratá-los para que não dominem a nossa mente. 

Existem, no entanto, outras maneiras de analisar os traumas psicológicos. O autogerenciamento vivencial, por exemplo, afirma que os traumas psicológicos são resultado de uma construção interna. Dependem da importância que damos aos acontecimentos desagradáveis, injustos, abusivos, desrespeitosos, etc. vividos por nós e não propriamente do acontecimento que nos faz sofrer.

Um episódio conflituoso só se torna um trauma quando domina uma pessoa, atuando como uma espécie de freio aos seus processos psíquicos, criando um estado de dormência em sua atividade mental, corrompendo o seu juízo crítico, tornando-a desorientada e submissa. A pessoa, sob o domínio dele, terá dificuldade em vislumbrar novas perspectivas para a sua existência.

O surgimento do trauma depende da maneira com que a pessoa reage a uma situação conflitante. Nós o criamos, ao lhe darmos uma importância exagerada. Assim um episódio traumático só se torna um trauma, quando nos tornamos refém dele.

 Embora o sofrimento, a dor, a decepção, a frustração sejam ingredientes de um episódio traumático, não são, na realidade, as verdadeiras causas dos nossos traumas.  A grande causa é a forma como interagimos com as dificuldades vivenciais.

Segundo o autogerenciamento vivencial, ao vivermos presos a certos episódios, por não aceitarmos a realidade dos fatos, propiciamos o surgimento do desequilíbrio vivencial que, por sua vez, irá compor os traumas, transformando-os em elementos interiores ativos e desorganizadores. Os traumas desfiguram, dissociam, desequilibram, inibem o crescimento mental,interferindo na dinâmica vivencial de uma pessoa, podendo ter conseqüências restrita a área de conflito ou geral, envolvendo a pessoa como um todo. Talvez sejam os elementos responsáveis pelo processo mais desorganizador da vida humana.

Cuidado!!! Ao usar a ilusão para desfazer um acontecimento doloroso, aumentará dentro de si a entropia (a desordem) que gerará um caos psicológico ainda maior. Essa forma de reagir bloqueia a capacidade de autorreflexão.

A revolta, ou seja, a não aceitação da realidade dos fatos, também aprisiona a mente, inibindo a autorreflexão, o que dificulta o entendimento do episódio traumático e a sua superação. O acontecido passa a ser o centro do sistema fechado. Tudo passa a girar em torno dele. A pessoa busca explicações e justificativas, mas não consegue encontrar solução para o seu problema. E assim adoece. Fechar-se é se deixar dominar pelo acontecimento traumático. É alimentar a dor que a faz sofrer, perdendo assim a oportunidade de viver a vida de uma forma mais proveitosa.

           Na visão do autogerenciamento vivencial, temos que aprender disciplinar o teor dos nossos pensamentos, pois eles estruturam a nossa lógica vivencial, determinando a nossa dinâmica vivencial. Se não paramos o processo conflituoso logo no início, teremos, com o decorrer do tempo, mais dificuldades para superá-lo. Uma pessoa, por exemplo, dominada pelo medo, se não encontrar uma solução imediata para o que sente, mais será subjugada por ele.

Atenção!!!!!Quando nos entregamos ao que nos faz sofrer, mais força terá o mal que nos consome.

É importante não esquecer que quem da vida ao trauma, somos nós mesmos. A dor que sentimos se nutre do que pensamos e que apesar das limitações e das dificuldades vivenciais, mesmo assim, somos resultados dos nossos desejos, do nosso querer. É através deles e com eles que enfrentamos as adversidades da vida. Não podemos esquecer que a nossa força interior é direcionada pelos nossos desejos e pela nossa ação em realizá-los. Não é a deficiência, a dificuldade ou a limitação que faz com que a pessoa busque solução para superá-los e sim, em que cada um foca o seu desejo pessoal. São as escolhas vivenciais que fazem com que cada ser busque ou não superação.

Alerta!!! A realidade assumida, no caso, o episódio traumático, sobrepõe à necessidade de superação, embotando o desejo de transformação. Infelizmente, há pessoas que se contentam com respostas erradas e inadequadas para as questões da sua vida.

Acorde!!!Apesar dos pesares sempre há uma luz. Ame-se mais e, ainda mais nos conflitos e episódios traumáticos, pois são nesses momentos que mais precisará de você.

 Drº Cláudio de Oliveira Lima – psicólogo

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Autor: Cláudio De Oliveira Lima


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