A enfermagem frente a humanização dos cuidados ao cliente terminal e sua família



 

A ENFERMAGEM FRENTE A HUMANIZAÇÃO DOS CUIDADOS AO CLIENTE TERMINAL E SUA FAMÍLIA

 

Iza Cristina dos Santos

Rita de Cássia Ribeiro

Cristiana Fialho B. Da Silva

Luciane Vercillo

Descritores: enfermagem, morte, humanização

INTRODUÇÃO: A enfermagem é gente que cuida de gente, com os mesmos medos e temores de qualquer outra pessoa, por este motivo surgiu à necessidade de se falar de humanização no atendimento de enfermagem a pacientes terminais, pois percebe-se que a evolução científica e técnica dos serviços de saúde não têm sido acompanhada por um avanço correspondente na qualidade do contato humano. A morte é um assunto tão complexo que sequer há uma concordância quanto sua definição. No campo filosófico, essa discussão fica ainda mais sinuosa. Apesar de considerarmos a morte como um evento biologicamente irreversível, ela não pode ser determinada exclusivamente pelo critério biológico, pois envolvem também questões ontológicas e filosóficas (TIMERMAN e FEHER, 2007) O termo humanização tem sido empregado constantemente no âmbito da saúde. É a base de um amplo conjunto de iniciativas, mas não possui uma definição mais clara, geralmente designando a forma de assistência que valoriza a qualidade do cuidado do ponto de vista técnico, associado ao reconhecimento dos direitos do paciente, de sua subjetividade e cultura, além do reconhecimento do profissional. Tal conceito pretende-se norteador de uma nova práxis na produção do cuidado em saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). O objeto do estudo consiste em analisar a assistência de enfermagem prestada ao paciente terminal e sua família baseada na humanização. Pois sempre é possível cuidar de forma humanizada uma pessoa doente. OBJETIVOS: Identificar e analisar as condutas dos profissionais de enfermagem perante o paciente terminal em uma UTI e sua família à luz da humanização. METODOLOGIA: Estudo descritivo, exploratório de abordagem qualitativa. O local do estudo foi uma Unidade de Terapia Intensiva de um hospital especializado em cardiologia, da esfera Federal, situado na cidade do Rio de Janeiro. A UTI do presente estudo abrange pacientes de alta complexidade. constituída de 20 leitos onde sua especialização é atender pacientes de pós-operatório de cirurgia cardíaca e está localizado no 10º andar. Os 17 sujeitos do estudo entre enfermeiros e técnicos de enfermagem assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido onde seus nomes foram trocados por números para manter o anonimato.conforme resolução do CNS 196/1996. O período de coleta de dados foi de julho a agosto de 2007. Após aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram entrevistados 17(dezessete) integrantes da equipe de enfermagem, entre eles 5 (cinco) enfermeiros, 12 (doze) técnicos em enfermagem, todos com mais de um ano de experiência profissional no setor de Terapia Intensiva. A opção por profissionais mais experientes justifica-se por conviverem com situações extremas ocorridas na unidade há mais tempo. As informações foram agrupadas, em categorias conforme preconizado por Bardin (2000) para realização da análise de conteúdo. Do estudo emergiram as seguintes categorias: Cuidar do próximo como a si mesmo, Dignidade Humana / Direito das Pessoas e Não Caracterizam o termo Humanização do Cuidado: Os resultados mostraram que, ainda existe dificuldade em definir o termo humanização do cuidado pela equipe de enfermagem. Muito profissionais enfatizam os cuidados técnicos face à interação e a atenção da enfermagem. Em relação aos familiares do paciente terminal observou-se que alguns entrevistados são solidários ao seu sofrimento, porém, em muitos casos foi ignorado o fato que lidar com a família imprescindível para um atendimento humanizado. Também foi observado que cuidar do paciente terminal provoca desconforto e ansiedade e o fator mais relevante para tal situação é que estes profissionais não foram preparados adequadamente para lidar com a morte. Nos relatos a seguir nota-se que o profissional de enfermagem tem desejo de cuidar para a vida, no cuidar para a morte, não ocorre o mesmo desejo; esta preocupação, por sua vez, pode estar associada a uma insegurança pessoal, decorrente de uma outra mais profunda, que é sua própria morte. Cuidar do ser humano que está morrendo nos faz refletir sobre a fragilidade da vida, e muitas vezes, coloca aquele que cuida frente às suas próprias impotências. Estes sentimentos podem estar ligados ao fracasso de todas as tentativas de manter vivo o paciente, como sugere Spezani e Cruz (2004). A enfermagem, mesmo diante desse quadro atual que tenciona angústia, deve continuar cumprindo o seu papel social de lutar pela vida, nas suas diferentes formas, de diferentes maneiras. CONCLUSÃO: Considerando sua preparação profissional para lidar com paciente em situação extrema. Verificamos que a grande maioria dos entrevistados não teve preparo para lidar com a terminalidade do paciente, e somente as experiências profissionais, influenciam diretamente o atendimento da assistência adequada aos pacientes e seus familiares.Por meio deste estudo pudemos observar a importância de discutir o processo de humanização de maneira realística para que os atores da ação busquem formas de compreender e reconstruir sua maneira de encarar a morte do outro e da sua própria morte. A promoção de debates e reflexões a respeito da humanização, das situações de morte no ambiente da terapia intensiva palco marcado pela tecnologia e busca pelo sucesso de manter a vida e ocultar a morte.

REFERÊNCIA:

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70. 1988

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Humaniza SUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS / Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. – Brasília: 2004..

SPEZANI, R.; CRUZ, I. C. A percepção da equipe de enfermagem em situação de morte: ritual do preparo do corpo “pós-morte”. Rev. Esc. Enf. USP, v. 32, n. 2, 2004.

TIMERMAN, S., GONZALEZ, M. M. C. & RAMIRES, J. A. F. Ressuscitação e emergências Cardiovasculares - do Básico ao Avançado, São Paulo, Editora Manole, 1ª. Edição 2007.

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Autor: Iza Santos


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