Uma comparação entre os novos-keynesianos e os pós-keynesianos



1. INTRODUÇÃO

Uma crítica comum à teoria geral do emprego, do juro e da moeda criada por Keynes, é que: a economia keynesiana é a economia da depressão. A síntese neoclássica interpreta a revolução keynesiana como sendo tão somente a solução fiscalista de Keynes para as crises temporárias de desemprego. Após a divulgação de suas ideias e utilização das mesmas para solucionar a crise de 29 o economista britânico John Maynard Keynes se tornou um maiores ícones da economia. Com os olhos de muitos pensadores do mundo inteiro a sua obra que ficou mais conhecida como simplesmente teoria geral, ou GT (abreviação em inglês) sofreu muitas críticas, mais precisamente dos neoclássicos e dos monetaristas, assim como foi fonte de inspiração para novas linhas de pensamento como a teoria novo-keynesiano e a teoria pós-keynesiana.

Os modelos keynesianos da GT, tendo como estrutura teórica a hipótese de longo prazo da curva de Philips (tradeoff permanente entre inflação e desemprego), não conseguiram prever e explicar o processo de estagflação (crescimento econômico nulo com aumento do nível de preços ocasionando perda do poder de compra da população), verificado no início dos anos 70 na economia mundial.

2. TEORIA NOVO-KEYNESIANA

A teoria novo-keynesiana utiliza como seus pilares de sustentação os princípios macro e microeconômicos keynesianos, no entanto faz um questionamento maior no que entende ser a questão central da GT: a rigidez de preços e salários. Suas ideias surgiram a partir dos anos 80 e dentre seus principais defensores temos Mankiw, Romer. Gordon, Greenwald e Stigltiz. Seus pensadores também são chamados nos meios acadêmicos de “keynesianos bastardos” por fazerem outra interpretação da teoria Keynesiana.

Modelo salário-eficiencia

A fim de explicar a rigidez para baixo dos salários, os novos-keynesianos desenvolveram o conceito de salário-eficiencia. As firmas reconhecem que os trabalho não é um bem homogêneo e a produtividade de seus trabalhadores é influenciada diretamente pelos salários pagos à eles, nunca iriam reduzir os seus salários temendo uma queda da sua produtividade que levariam a uma diminuição de seus lucros e participação no mercado.

Tradeoff insider-outsider

A teoria novo-keynesiana crê na existência de um tradeoff entre trabalhadores que já estão empregados e por consequência mais qualificados e sindicalizados denominados insiders, e os desempregados outsiders que em sua maioria são desqualificados e desorganizados politicamente. O impasse se dá quando as firmas têm de substituir um insider por um outsider, tal processo demanda altos custos de contratação e treinamento por parte das firmas e em outra situação quando os insiders utilizam o seu poder de barganha sindical contra demissões em massa e redução de salários.

Para os novos-keynesianos os preços são rígidos (consideram que o ajustamento de preço possui custos denominados menu-costs, que estão relacionados com o poder de monopólio das firmas), assim também os salários  no curto prazo (tradeoff insider-outsider).

O desemprego involuntário, conceito criado por Keynes na GT, é visto pelos novos-keynesianos como sendo decorrente da hipótese de inflexibilidade de preços e salários ao contrario de outros pensadores que afirmam que o desemprego involuntário se dá a partir de uma situação de insuficiência de demanda efetiva.

3. TEORIA PÓS-KEYNESIANA

A teoria pós-keynesiana surgiu praticamente como uma as críticas ao keynesianismo feitas por economistas monetaristas e novo-clássicos, principalmente a partir da década de 1970. Utilizando uma linhagem neoliberal e buscando, a partir dos desenvolvimentos teóricos originais da GT desenvolver uma abordagem alternativa que procure dar explicações convincentes sobre o funcionamento do “mundo real”. Seus ícones foram os economistas Paul Davidson, Hyman Minsky e Jan Kregel. Os pós-keynesianos são também chamados “não reconstruídos” por tentarem reformular as ideias originais de Keynes.

Uma das intenções de Keynes na GT era uma crítica ao conceito da mão invisível de Smith que auto-equilibrava e regulava o mercado e apresentar mecanismos que evitassem as flutuações e as depressões econômicas (teoria quantitativa da moeda).

Crítica ao “laissez-faire”

Uma das características principais dessa escola de pensamento é mostrar, de forma coerente e consistente, que uma economia, quando deixada ao livre jogo das forças de mercado (conforme defendiam pensadores neoclássicos), é incapaz de alcançar e/ou permanecer em uma posição de pleno emprego da força de trabalho (utilização total de seus recursos). Uma de suas conclusões é que : os mercados não se autoequilibram e, por isso, são falhos.

A política do “laissez-faire”, deste modo, é considerada inadequada como solução para os problemas econômicos e sociais do mundo atual, particularmente o desemprego e a distribuição de renda.

A teoria pós-keynesiana defende um papel permanente para o governo na economia, não se confundindo com a simples substituição dos mercados privados pela ação do Estado na determinação do investimento. Propõe à adoção de políticas econômicas dirigidas a aumentar o nível de demanda agregada, para estimular o empresariado a realizar novos investimentos uma vez que os níveis de emprego e utilização da capacidade dependem dos determinantes da demanda agregada. 

Não neutralidade da moeda

Outra ideia proposta pelos pensadores pós-keynesianos no mundo real a moeda além de não ser neutra possui algumas propriedades específicas, o futuro é incerto e o desemprego é o resultado normal da atividade econômica. Logo segundo os pós-keynesianos é impossível que o investimento cresça sem que haja um crescimento de poupança ou de quantidade de moeda. E prosperidades e depressões são fenômenos peculiares em uma economia na qual a moeda não é neutra.

As teorias do investimento, crédito e financiamento sempre estiveram envoltas em acirrados debates. Embora nenhum consenso tenha sido atingido até hoje, a partir de1983, o conceito de assimetria de informações ganhou enorme projeção nas escolas de pensamento econômico tradicional (chamadas main stream). Esse novo conceito permitia explicar problemas que, até então, a abordagem baseada nos instrumentos analíticos da teoria tradicional não era capaz de captar para além de distúrbios exógenos e imprevisíveis que desequilibravam passageiramente os mercados. Seus criadores, economistas novo-keynesianos, pareciam ter avançado significativamente na fronteira do conhecimento econômico.

Será sobre esse importante debate que nos debruçaremos. A conclusão tomada é fundamental para os rumos do entendimento dos processos econômicos do investimento, crédito e financiamento. Para isso, estudaremos, primeiro, as posições dos defensores e dos opositores da assimilação; em seguida, observaremos os avanços que os conceitos de assimetria de informação e racionamento de crédito proporcionaram à teoria econômica e, para finalizar, tentaremos responder à questão: devem os pós-keynesianos assimilar o programa de pesquisa novo-keynesiano sobre assimetria de informação e racionamento de crédito?

3 COMPARATIVO ENTRE AS DUAS TEORIAS

Por diversas vezes é difícil distinguirmos os pensadores novos-keynesianos com os pós-keynesianos, isso porque tanto os pós-keynesianos como os novos-keynesianos são partidários da teoria de Keynes, a diferença está na interpretação e no aprimoramento de diversos pontos do pensamento dessa escola. Apesar das suas divergências, os resultados teóricos das duas interpretações das ideias contidas na GT levam os executores de políticas a prescreverem políticas econômicas muito similares.

Ambos tiveram como base não somente as ideias keynesianas, mas como também as críticas feitas por pensadores neoclássicos, novos-clássicos e monetaristas, principalmente os monetaristas que se tornaram os principais críticos da análise keynesiana.

Um ponto comum entre a teoria novo-keynesiana e pós-keynesiana são os pilares macro e microeconômicos desenvolvidos por Keynes na GT, tais como: princípio de demanda efetiva, pleno emprego, teoria quantitativa da moeda, desemprego natural etc. Basicamente o enfoque que cada uma das teorias dá em relação à obra principal, no caso da teoria novo-keynesiana era o foco na rigidez de salários enquanto na teoria pós-keynesiana uma crítica ao “lassez-faire” neoclássico propondo uma política econômica intervencionista e a não neutralidade da moeda.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERRARI FILHO, Fernando. "keynesianos", monetaristas, novos-clássicos e novos-keynesianos: uma crítica pós-keynesiana. Ensaios FEE, Porto Alegre, n.2 , p.78-101, 1996.

OREIRO, José Luís; PAULA, Luiz Fernando de. Pós-keynesianos e o intervencionismo estatal. Valor Econômico, Rio de Janeiro, p. a14. 06 jan. 2003.

SIMÕES, Daniel. Teorias keynesianas. Disponível em: . Acesso em: 14 maio 2008.

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