A batalha de Trafalgar e a hegemonia britânica no século XIX



Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP) 

Faculdade de Ciências Sociais – Curso de História

Trabalho de Conclusão de Semestre 

Samuel R. Morales 

Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP) 

Faculdade de Ciências Sociais – Curso de História

Disciplina: HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA I

Turma MA5

São Paulo -2012

A Batalha de Trafalgar e a hegemonia Britânica no séc. XIX.

Introdução 

Em 21 de outubro de 1805, ocorreu no sul da Espanha região da Andaluzia, próximo à cidade de Cádiz, a batalha de Trafalgar.

Geograficamente, o nome Trafalgar advém do Cabo onde se desenrolou a batalha, sendo ela uma das consequências da chamada guerra da terceira coalizão, promovida pelo Imperador Napoleão Bonaparte, aquele que foi o salvador da burguesia num primeiro momento, depois o conquistador e por ultimo o Imperador regente do domínio francês no velho mundo, na ocasião dos eventos abordados aqui.

Como figuras centrais citaremos O Vice Almirante Horatio Nelson nascido em Norfolk, Inglaterra em 29 de Setembro de 1758 e morto em combate em Cabo Trafalgar Espanha em 21 de Outubro de 1805.

O Almirante Nelson como é lembrado e referenciado, teve o inicio de sua carreira militar na Marinha como timoneiro, sob influencia e ajuda de seu tio o Almirante Maurice Suckling.

Atuou em diversas batalhas, no mar do Caribe, no mediterrâneo (dentre elas a campanha Napolitana) e no mar das Índias orientais. Impulsivo, corajoso, por vezes inseguro, más sempre disposto a morrer pela marinha britânica e os interesses da coroa, por vezes desobedeceu ordens imediatas, perdeu e ganhou batalhas, mas dentre as que ganhou, estas tiveram enorme importância, para o poder britânico dos mares. Para um jovem puritano, era mulherengo, o que em qualquer sociedade machista, puritana ou não, em geral é bem aceito. Dentre sua vitorias nos mares, em se tratando de aspectos estratégicos, a Batalha do Nilo, (aquela onde Napoleão ocupa o Egito, evento este que indiretamente para a História e arqueologia mundiais teve grande importância já que ali descobriu-se a "pedra de Roseta" e a partir dela nasceu a Egiptologia, bem como a interpretação de hieróglifos

1), não deixou ser na opinião de muitos historiadores a mais importante, pois além do aspecto estratégico, fortaleceu relações de muito interesse para a coroa Britânica, sendo elogiado pelo Czar da Rússia, e também pelo Sultão da Turquia Selim III pois, através desta vitória sobre os Franceses, reestabelece a ordem Otomana no Egito.

1

 

The World´s Great Archaeological Treasures. Pg. 36. Paul G. Bahn . Weidenfeld & Nicolson London

2 Catedral de Westminster! ou Vitoria Gloriosa! A Batalha de Trafalgar. A batalha, seus navios e seus Comandantes. Pg. 12.

Sofre ao longo de sua carreira, varias crises de malária, perdeu um dos olhos, perdeu o braço direito, sendo ferido gravemente por diversas vezes. Seu grito de guerra famoso e reconhecido como o "estilo Nelson de ataque" era o

"Westminster Abbey! or, Glourious victory!"2 Página 6

Chegou a receber o título de Barão do Nilo, embora achasse que este título estava muito aquém de seu merecimento.

A outra figura importante é o próprio Napoleão Bonaparte que nasceu na Córsega, em 1769, e aos dez anos foi enviado pelo pai à França para estudar em escolas militares. Devido ao seu empenho chegou a Tenente de artilharia do Exército francês aos 19 anos.

Aproveitou o cenário da revolução francesa (1789 à 1799 ) e chegou a General aos 27 anos. Quando tornou-se Cônsul através do golpe de estado conhecido como o "18 de Brumário" onde adquiriu poderes quase absolutos.

Mesmo com uma grande instabilidade política e econômica na França, Napoleão recebeu forte apoio da burguesia que defendia um governo forte para pacificar o país e gerar um ambiente de " ordem "

3 . Os políticos do Diretório deram a Napoleão o apoio necessário e propuseram o uso da força militar para que ele assumisse o governo.

3 Grifo meu.

A burguesia via nele a oportunidade de ascensão e poder de sua classe social.

No ano de 1804, Napoleão finalmente tornou-se imperador. Com total poder nas mãos, ele formulou uma nova forma de governo e também novas leis.

Visando atingir e derrotar os ingleses, Bonaparte ordenou um Bloqueio Continental que tinha por objetivo proibir o comércioda da Europa continetal, com a Grã-Bretanha.

No ano de 1812, o general francês atacou à Rússia, porém, ao contrário de muitos de seus outros confrontos, este foi um completo fracasso. Após sair de Moscou, Napoleão enfrente outra batalha, o povo alemão decidiu lutar para reconquistar sua liberdade.

Após ser derrotado, Napoleão foi obrigado a buscar exílio na ilha de Elba contudo, fugiu desta região, e em 1815 retornando à França assume com seu exército (ele sempre foi muito admirado entre os militares) o poder e inicia o governo de Cem Dias.

Após ser derrotado novamente pelos ingleses na Batalha de Waterloo é enviado para o exílio na ilha de Santa Helena, local de seu falecimento em 5 de maio de 1821.

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O contexto Histórico

 

O mundo assistia ao final da Segunda Coligação

ou Segunda Coalizão, que fora a aliança formada pela Grã-Bretanha e pela Rússia, Áustria, reino de Nápoles, Portugal e Império Otomano - nações absolutistas, contra a França revolucionária, em 24 de Dezembro de 1798.

Nesse ano havia sido confiado a Napoleão Bonaparte o comando de uma expedição militar francesa ao Egito, que se encontrava sob o domínio do Império Otomano, para ali interromper a rota britânica até à Índia. As tropas francesas desembarcaram em Alexandria, tendo assim invadido o país.

Após a dissolução da Segunda Coligação, a negativa da Grã-Bretanha em entregar a ilha de Malta aos Cavaleiros da Ordem de São João de Jerusalém iniciou-se novo conflito com os franceses. Em 1805, com a adesão da Áustria, do Reino de Nápoles, da Rússia e da Suécia ao conflito em apoio aos ingleses, originava-se a Terceira Coligação

ou Terceira Coalizão.

 

A Espanha era então aliada da França.

A ideia desta coligação era tentar deter as crescentes ambições do governante francês, Napoleão Bonaparte, que em Maio de 1804 recebera o título de imperador.

Napoleão enfrentou os austríacos, que haviam invadido a Baviera, tendo vários Estados alemães apoiado a França na ocasião. As tropas francesas derrotaram as forças austríacas na batalha de Ulm, onde fizeram vinte e três mil prisioneiros, e iniciaram o avanço, ao longo do rio Danúbio, sobre Viena. As tropas russas, lideradas pelo general Mikhail Kutuzov e pelo czar Alexandre I da Rússia, levaram reforços aos austríacos, mas foram vencidas na batalha de Austerlitz. A Áustria rendeu-se novamente, e assinou o Tratado de Presburgo em 26 de dezembro de 1805.

Em consequência, foi formada a Confederação do Reno, tendo Napoleão aproveitado a situação para nomear os seus irmãos, José I, rei de Nápoles (1806), e Luís I, rei dos Países Baixos.

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A Batalha

 

Napoleão já imperador do domínio Frances no mundo, tinha a intenção de invadir a Inglaterra, e isto seria feito a partir do desembarque no condado de Kent, região vizinha a Londres. Para este feito, reuniu 2.000 canhões e 167.000 homens

4. Más Napoleão precisava ter certeza de que o poderio naval Britânico estivesse bem longe do canal da Mancha no momento da invasão.

4 Grandes Batallas Confictos Decisivos que Han Conformado La Historia. 2009. Em espanhol. Pg 149.

5 Ibidem pg. 150

A frota Franco-espanhola de 33 navios liderada pelo Almirante Pirre Charles Jean Baptiste Silvestre ( Conde Pierre Villeneuve) , nascido em 31 de Dezembro de 1763 e morto em 22 de Abril de 1806 em Renne, partiria de Boulogne e de Calais ambas no norte da França.

Nelson em meio à vários confrontos no mediterrâneo, apostava em um encontro com a frota Franco-espanhola no mesmo mar, eles estando à caminho do Egito. Então navegava entre a Sardenha e a Cecília. Em 10 de maio, Nelson muda de ideia e decide rumar para o atlântico com destino as Antilhas.

Villeneuve, que neste momento reunia navios e poderio, estava em Martinica com 10 vasos, e aguardava o Almirante Ganteaume com mais 21 vasos, para unir-se a força tarefa.

A partir deste ponto, Villeneuve deveria retornar a Europa, para garantir os desembarques de Napoleão, até no máximo 22 de junho.

Em 26 de maio, unem-se a frota 06 navios de bandeira espanhola sob o comando do Almirante Frederico Gravina (1757-1806).

Nelson recebia por vezes informações erradas e não encontrou ninguém ao chegar à Trinidad, onde supostamente estaria a frota Francesa.

Já seu colega o Almirante Sir Robert Calder, encontrou por acaso a frota inimiga no Cabo Finisterre, na região da Galícia espanhola. Engajou combate e capturou 02 navios espanhóis, danificando outros quatro, más perdeu na batalha 199

5 marinheiros, tendo ambas as frotas se separado logo após.

Nelson regressa a Inglaterra em 19 de agosto sem nada do que celebrar. Ele então recebe o comando do bloqueio à Cádiz, e em 29 de setembro ele comemorou seu aniversario de 47 anos. Ele comemora também ter recebido reforços, mais cinco fragatas sob o comando do Capitão sir. Henry Blackwood ( 1770-1832), que as posicionou a 3 milhas da Costa para vigiar a frota Combinada.

A estratégia original de Nelson já era esperada por Villeneuve.

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A frota combinada começou a sair de Cádiz nas primeiras horas de 19 de outubro e dois dias depois já estava na entrada de Gibraltar. A frota estava desordenada e dispersa em uma linha de 9 milhas de comprimento.

No dia 21 de outubro, as ondas anunciavam a chegada de uma tempestade, então Villeneuve deu ordens para que a frota invertesse o sentido, pois estava disposto a morrer em combate. As dez horas a frota posiciona-se em forma de uma meia lua, com espaços entre as embarcações.O Almirante Le Pelley formava a linha de vanguarda, enquanto os navios espanhóis de Gravina compunham a retaguarda. Uma hora depois Villeneuve observou Nelson "desabando" sobre eles em duas colunas separadas.

Desde as seis horas, os Ingleses haviam se preparado para a batalha, supondo persegui-los em fuga, mas para sua surpresa a força combinada manobrou na direção dos ingleses.

Nelson posiciona seu navio o HMS Victory com seus 100 canhões a dianteira da formação, embora tivesse sido advertido dos riscos de tal manobra.

As onze horas Nelson emite um sinal incomum más estimulador aos marujos, "A Inglaterra espera que cada homem cumpra o seu dever". Um tremendo rugido por parte de todos os homens de todas as patentes fora ouvido sobre as águas do Atlântico assim que a mensagem foi lida e compreendida.

Quarenta e cinco minutos mais tarde iniciaram-se os primeiros disparos.

Em meio a disparos de canhões e de mosquetes por atiradores franceses e espanhóis, o

Victory sobre muitos danos, perdendo a roda do timão. O Victory impôs também muitos danos e dezenas de mortes ao Bucentaure, enquanto o restante da frota inglesa seguiu rompendo a linha Franco-espanhola.

Eis que a batalha tornou-se barco a barco, onde artilharia inglesa possuía superioridade.

As 13:10 o

Victory combatia o Redoutable sob as ordens do Capitão Jean-Jaques Lucas, em minutos os atiradores franceses haviam matado 40 marujos ingleses, e um franco atirador, havia atingido Nelson, com um disparo que lhe penetrou o ombro, perfurando um pulmão e também sua coluna vertebral.

Nas horas seguintes, a batalha atinge sua maior fúria. O HMS

Téméraire com seus 98 canhões, engaja combate ao Redoutable más Lucas e sua tripulação negaram-se a hastear a bandeira de rendição. Finalmente após a quase destruição completa da embarcação Lucas e seus homens ainda sobreviventes se renderam. O saldo para o Redoutable foram 487 mortos, e 81 feridos entre eles seus Capitão.

As 14:30 o

Santíssima Trindade estava arrasado, sendo tomado pelos Ingleses. Às 16:15 o Bucentaure estava arrasado com 450 baixas e apenas um tripulante em pé, com seus três Capitães feridos.

 

Villeneuve,

 

que havia ficado em pé durante toda a batalha desejando ser abatido, não sofrera um arranhão se quer, quando seu navio rendeu-se ao Capitão Israel Pellew do HMS Conqueror. Página 10

Às 14:30 deste mesmo dia o cirurgião Dr. William Beatty declarava Nelson morto em combate, tendo ele padecido sabendo que a sua querida frota havia vencido a batalha.

O saldo da batalha foi, 17 navios da frota combinada foram capturados pelos Ingleses, e outro flutuava em chamas. Dos 15 navios sobreviventes, 4 foram tomados na batalha de Ortega em 4 de Novembro e somente 11 conseguiram regressar a Cádiz sob o comando do Almirante Gravina, gravemente ferido.

A noticia da vitoria de Nelson chegou a Inglaterra em 6 de novembro, e diante da derrota do inimigo e pela eliminação do risco de uma invasão, a alegria instaurada serviu para mitigar a dor da perda do maior herói britânico dos mares.

A vitoria marca o inicio de um século de domino quase indiscutível , da Marinha Real Britânica sobre os mares do mundo.

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As Consequências

 

A partir de agora, focaremos menos a figura do grande vencedor desta batalha, para podermos adentrar as questões relativas as consequências, que de forma indireta atingiriam o Brasil, colônia de Portugal,que era aliado da Grã-Bretanha, naquele momento histórico.

Napoleão, furioso com a derrota naval intensifica suas ambições em sua área preferida de atuação, infantaria, cavalaria e artilharia. Um ano depois de sua ascensão a imperador, Napoleão realiza a melhor campanha de sua carreira, quando derrota os exércitos combinados da Rússia e Áustria em

Austerlit6z, onde ele, seus generais e suas tropas bem treinadas, demonstraram seu valor no campo de batalha. Apesar de sua genialidade em combate por terra, essa vitoria não lhe trouxe a paz imediata.

6 Ibidem pg. 156

Napoleão queria o domino sobre toda a Europa, ele tinha plena ciência da cumplicidade existente entre Portugal e Inglaterra sua maior inimiga, então faltava acertar a situação da Península Ibérica.

Enquanto isso a temperatura permanecia alta na península, pois Napoleão precisava fazer valer o bloqueio continental à Inglaterra, e Portugal naquele momento era um cúmplice Britânico na Península. Em 7 de Julho de 1807, é Assinado o Tratado de Tilsit com a Rússia. Nos termos do tratado, a Suécia e Portugal seriam forçados a aceitar o Bloqueio Continental. Em 12 de agosto de 1807, os embaixadores da França e da Espanha, com a finalidade de obrigar Portugal a aceitar o Sistema Continental, ameaçam cortar relações diplomáticas com aquele país. Um mês depois é assinado o Tratado Luso-britânico. Más em 25 de setembro, Portugal anuncia a adesão ao bloqueio continental. Em 30 de setembro, os diplomatas franceses e espanhóis em Lisboa abandonaram Portugal, por terem considerado insuficiente a obediência de Portugal às exigências de Napoleão.

Em 17 de outubro, o Corpo de Observação da Gironda atravessa o Bidassoa e dirige-se para Portugal. A 20 de outubro, relutante, o Príncipe Regente de Portugal declara guerra ao Reino Unido, numa tentativa de pacificar Napoleão, mas assegurando-se de que a Inglaterra sabia que ele estava a agir sob coação.

Em 22 de outubro, é assinada uma convenção secreta entre o Reino Unido e Portugal, com o objetivo de preservar as relações entre estes dois países, face à pressão francesa.

Em 29 de outubro, D. João assina um decreto que altera a composição e o recrutamento de Milícias, pela primeira vez, são criados dois regimentos de milícias na cidade de Lisboa. Os efetivos dos regimentos de Infantaria são aumentados.

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Em 8 de Novembro, o Príncipe Regente ordena a detenção dos súbditos britânicos que se encontravam em Portugal. O embaixador britânico, Lord Strangford, reclamou e solicitou o seu passaporte.

Á 12 de novembro, O exército francês sob o comando de Junot, concentrado nos arredores de Salamanca, dirige-se para Sul, para Valência de Alcântara. Em 17 de novembro, Strangford embarca no HMS Hibernia, da frota do Almirante Sidney Smith, que se encontrava ao largo da costa portuguesa. Inicia-se o bloqueio do Tejo. As primeiras tropas francesas entram em Portugal, pela fronteira de Segura, na Beira Baixa.

Em 23 de novembro, as primeiras tropas francesas, do exército de Junot, chegam a Abrantes.

A saída para D. João foi aproveitar-se do apoio Inglês, e transferir sua corte com sua linhagem real ao Brasil, isto ocorrendo em 27 de Novembro de 1807.

A Inglaterra já aguardava uma invasão francesa à Portugal, o que colocava o herdeiro do trono português D. João em uma situação bastante delicada. Deveria ele enfrentar Napoleão, correndo um sério risco de derrota mesmo com o suporte Inglês, e neste caso sem condições de administrar coisa alguma ter sua principal colônia tomada pelos Ingleses? Ou transferir a sua corte e linhagem para o Brasil temporariamente?

A saída para ele foi aproveitar o apoio inglês, e transferir sua corte com sua linhagem real ao Brasil, isto ocorrendo em Novembro de 1807. Ancoraram no Brasil cerca de 14 navios com 15 mil pessoas. Devido a uma forte tempestade, parte da esquadra aportou em Salvador e parte no Rio de Janeiro.

O rei permanece em Salvador por alguns dias e toma algumas medidas visando uma injeção de animo à economia brasileira. Determinou a abertura dos portos a todas as nações amigas, (lê-se Inglaterra), e a instalação de industrias, algo toda vida proibido por Portugal.

Surgem então fabricas de trabalho manual em tecido, que não prosperaram devido ao comercio dos tecidos ingleses. A partir daí constroem-se estradas, os portos recebem melhorias, e o Chá é introduzido no país pois, enquanto outros países pagavam 24% de impostos sobre mercadorias inglesas o Brasil pagava 15% fomentando o interesse por produtos ingleses. A atividade econômica começa crescer, e no início do séc. XIX o açúcar e o algodão disputam o ranking das exportações, e o café se torna o produto absoluto em nossa economia.

Em março de 1808 D. João chega ao Rio e muitos moradores, sob ordem de D. João, foram despejados para que os imóveis fossem usados pelos funcionários do governo. Este fato gerou, num primeiro momento, muita insatisfação e transtorno na população da capital brasileira. A cidade do Rio ganhou chafarizes e fornecimento de água, calçadas nas ruas e iluminação pública. Ele cria também o Banco do Brasil e a Junta de comércio.

Página 13

É neste período que os "sábios", autores das literaturas de viagem do séc. XVII ao XIX como Debret

7 que menciona que com a Corte presente a colônia dava sinais de civilização, devido as melhorias instaladas por interesse dela própria, a corte, e para outros a partir do Rio de Janeiro sua capital, a civilização poderia irradiar-se-ia por todo o território do Brasil.

7

 

ARQUITETURA DA ALTERIDADE, A - A CIDADE LUSO-BRASILEIRA NA LITERATURA DE VIAGEM (1783-1845) Amilcar Torrão Filho.

Em 1818, a mãe de D. João, D. Maria I, faleceu e D. João tornou-se rei. Passou a ser chamado de D. João VI, rei do Reino Unido a Portugal e Algarves.

Posteriormente, D. João deu impulso a cultura criando o Museu Nacional, a Biblioteca Real, a Escola Real de Artes e o observatório Astronômico. Vários cursos foram criados sendo Agricultura, química, desenho técnico, etc., na Bahia e no Rio. O rei trouxe também a Missão Francesa ao Brasil.

O Ingleses continuaram atrapalhando o intento de Napoleão na península Ibérica, e conseguiram derrotar o exercito francês em Portugal, quando o povo português passou a querer o retorno do Rei.

Em 1820 estoura a revolução do porto e os vitoriosos exigem o retorno de D. João agora D. João VI. Este então percebe não haver saída e decide retornar a pátria mãe.

Uma constituição seria promulgada em Portugal e o Rei deveria estar presente para garantir sua Coroa em seus interesses. O Rei retorna em Abril de 1821, mas antes de partir esvazia os cofres do Banco do Brasil, levando dinheiro e ouro, causando manifestações. Deixa em seu lugar o filho D. Pedro com Príncipe regente, este que na partida do pai já recorreu ao exército local para conter e abafar manifestações motivadas pelo espólio dos cofres do Banco do Brasil.

Pressões locais, e insurreições, forçam o Príncipe regente a manter o controle, da Colônia, que se não fosse mais colônia de Portugal que fosse um império novo, más nas mãos do príncipe regente "português" e nobre.

E em 7 de Setembro de 1822, após o processo de independência D. Pedro agora "I", torna-se Imperador do Brasil.

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Conclusão

 

Com a vitória em Trafalgar, a Inglaterra não só reduziu drasticamente o poderio naval de seus maiores opositores, tanto em termos de navios, vários deles agregados a frota britânica, como também de marinheiros, não tendo ainda sofrido o dissabor de uma invasão, a Inglaterra coloca-se triunfante como potência hegemônica do séc. XIX, dominando o comércio marítimo, e tendo inclusive condições tanto de impor-se como de proteger-se. a si mesma e a seus aliados.

Todos os problemas comerciais e militares causados pela ofensiva da península ibérica, devido a derrota de Trafalgar pela revolta de Napoleão, não chegaram a ser algo duramente lamentado pelo povo inglês, já que as batalhas, os bloqueios econômicos, foram resolvidos do "quintal" alheio, ficando a cargo dos soberanos e suas forças militares.

A vitoria na batalha de Trafalgar pela Inglaterra como foi visto no texto favorece mesmo que indiretamente, a independência do Brasil pois, a proximidade de Portugal com a Inglaterra, a decepção de Napoleão pela derrota no mar, infringindo pesadas perdas a França, e com isso intensificando a ofensiva da península ibérica por parte das forças francesas, desencadeia um processo de "fuga" da corte portuguesa ao Brasil, com isso um impulso no progresso e nas ideias. E com o retorno da corte posteriormente a Portugal, esvaziando os cofres do banco do Brasil levando riquezas não pertencentes a coroa, deflagra uma grave insatisfação de uma "burguesia" local, que passa a aqui e ali criar focos de insurreições através, e sempre através, do povo, das mais baixas classes sociais, tratadas por muitos autores sob aquele discurso do poder onde só reverberam os nomes dos "grandes homens e dos heróis da pátria"

8 ficando o povo esquecido em meio as palavras, terminando com a independência do Brasil pelas mãos do então príncipe regente, que não só por interesses locais e seus pessoais, más também por independência de uma "ex-metrópole" que temia um desligamento total e absoluto e prejudicial as suas aspirações relativas a sua "ex-colônia".

8 As Lutas do Povo Brasileiro Do "Descobrimento" a Canudos. 15a. Edição.1997

Júlio José Chiavenato Editora Moderna.

 

Página 15

 

Bibliografia

 

Grandes Batallas

 

Conflictos Decisivos que Han Conformado La Historia - Pg. 148

Editora Parragon

Editor: Christer Jorgensen. Edição em Espanhol 2009

 

A Batalha de Trafalgar

 

A batalha, seus navios e seus Comandantes.

PDF gerado usando o pacote em código aberto mwlib

.

 

Arquitetura da Alteridade - A Cidade Luso-Brasileira Na Literatura de Viagem (1783-1845).

 

 

 

Cap. III.

 

São Paulo: Hucitec/Fapesp, 2010

.

 

Amilcar Torrão Filho

 

The World´s Great Archaeological Treasures

 

. Pg 36.

Weidenfeld & Nicolson London.

Paul G. Bahn

 

As Lutas do Povo Brasileiro

 

Do "Descobrimento" a Canudos. 15a. Edição.1997

Júlio José Chiavenato Editora Moderna.

 

HTTP://code.pediapress.com/

 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Trafalgar

 

http://www.historiazine.com/2011/05/trafalgar-incrivel-vitoria-de-nelson.html

 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Terceira_Coliga%C3%A7%C3%A3o

 

http://www.infoescola.com/historia/a-vinda-da-corte-portuguesa-para-o-brasil/

 

Página 16

 

São Paulo - 2012

 

A Batalha de Trafalgar e a hegemonia Britânica no séc. XIX.

 


Autor: Samuel R. Morales


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