A Formação Do Sujeito Leitor Das Classes Multisseriadas



O trabalho concernente à Língua Portuguesa tem provocado, certamente, discussões inúmeras, considerando-se que, de um modo geral, esteve focado, basicamente, nos aspectos descritivos da gramática tradicional. Mesmo em face das transformações sofridas pelo ensino de Língua Portuguesa, existe um modelo conservador que não perdeu a sua força; pelo contrário, impõe-se, ainda, pelo discurso autoritário em favor de um ideal de língua portuguesa, muitas vezes, legitimado pelos manuais didáticos e pelos próprios documentos oficiais. Esse modelo conservador, que ratifica um ideal de língua uniforme, ignora a complexidade lingüística, de fato, do nosso país e em nada contribui para a formação de leitores proficientes. Com o advento da globalização, sobretudo das novas tecnologias da comunicação e informação, urge, pois, a necessidade de o homem estar apto a utilizar uma gama de instrumentos que proporcionem a aquisição de conhecimentos para si mesmo. E é nesse momento que as habilidades da leitura são acionadas, de modo que possibilite ao educando a conquista de sua autonomia intelectual. Sabe-se da infindável necessidade de se investir na formação de sujeitos-leitores, haja vista que na contemporaneidade tal característica exerce grande influência no tocante ao exercício pleno da cidadania, das práticas sociais de leitura, de possibilidades de ampliação de conhecimento e, de certa forma, melhores condições de vida. Assim, ao pretender formar leitores proficientes, a escola deve levar em conta o que os educandos trazem consigo, as suas vivências, expectativas, anseios e toda a sua bagagem cultural e a própria maneira peculiar de se expressar, de visualizar a linguagem, uma vez que, é através dela que o homem se reconhece como humano, pois pode se comunicar com outros homens e trocar experiências. No tocante às classes multisseriadas, nas quais o professor se depara com alunos dos primeiros ciclos do Ensino Fundamental I (I e II Ciclos), as discrepâncias aumentam consideravelmente se comparadas àquelas em que os alunos são dispostos em seriação, ou seja, divididos por série. Nessas turmas, que normalmente estão localizadas na zona rural das cidades, a heterogeneidade se constitui fator de extrema importância: se percebem saberes, pontos de vista, níveis de desenvolvimento cognitivo e vontades diversificadas, mas convergentes e que nesse ínterim se bifurcam, pois tais possibilidades tanto podem permitir as relações internas e com outros grupos, através das trocas lingüísticas, como também podem se constituir num entrave ao desenvolvimento da turma, haja vista que se direcionada sem um aporte metodológico, poucos dos estudantes daquelas turmas se desenvolverão.
Autor: Handherson Leyltton Costa Damasceno


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