Hipócrita; crítico de menor envergadura.



Hipócrita; crítico de menor envergadura. 

Hipócrita: do Grego Hipo+Critios (Hipo = Pequeno / Crítios = Critico), ou seja, critica vinda de um menor/inferior.

   Aplica-se para aquele que te obriga a fazer algo com a excelência que ele mesmo não tem. Exige do outro o que ele não tem para dar, ou seja, é aquele que sem conseguir ter autocrítica da percepção dos próprios enganos, constrói uma verdade simbólica interior equivocada, inferindo a partir dela o significado do mundo. A esta construção simbólica equivocada dá-se o nome de revelação. Esta denominação é usada por que seu autor não tem coragem nem condições de afirmar sua origem, porque, como se sabe, o hipócrita é um critico menor, não autorizado, de origem extra- acadêmica invalidável sob um mínimo processo de escrutínio.

Como suas inferências são invalidáveis logicamente, tem-se que justificar logicamente a falta de lógica do argumento; construindo-se para isso as falácias lógicas com premissas não verificáveis, ou seja, os dogmas.

   Ao expressar sua opinião (doxa) como se fosse informação *validável (episteme), ele inibe a produção de conhecimento. Falseando a opinião

(dando a ela caráter de informação), transformam outra opinião, ou outra versão (adversário), em falsidade e mentira. Assim, fabricamos mentiras com nossa habilidade de falsear a opinião. Aquilo que é apenas outra versão, ou seja, fruto da liberdade do pensamento passa a ser a mentira ou heresia contra a verdade estabelecida.

   A Doxa, que é a opinião do indivíduo, não esta apta para produzir episteme. A episteme que é o produto do conhecimento de um povo e de uma época necessita da hermenêutica para ser compreendida. É correto por tanto, afirmar que se a doxa nos for vendida como episteme, teríamos restringido o campo analítico. Uma vez restringido o campo analítico a capacidade de compreensão fica igualmente reduzida, impossibilitando assim a produção de conhecimento. Uma vez que não posso discordar ou mesmo pensar diferente, sendo estes princípios considerados insalubres para o convívio, a razão se torna adereço dispensável, ou meramente um apêndice descartável.  Na ausência da razão todas as sombras de delírio são consideráveis. Na Idade Média a inacessibilidade a fontes de informação, foi capaz de manter um sistema de exploração religiosa do gênero humano, por cerca de 1000 anos, quase que totalmente unanime. Quem se opunha aos líderes religiosos se opunha ao próprio Deus. As pessoas oprimidas por este sistema se sentiam na verdade protegidas por ele. Uma vez que o acesso à informação era restrito, a opinião dos clérigos era a única fonte disponível. Aproveitando-se desta vantagem os clérigos construíam para seu povo terríveis medos e perigos, sendo eles próprios a única solução, ou melhor, a divina solução, para todos aqueles medos. Povo assustado é povo desinformado. O conhecimento chega tirando o medo e consequentemente expulsa também o falso dominador, o que é assustador, para eles.

 

 

 

 

*Ou seja, alcançadas através de pesquisas, construídas por um sistema verificável e o principal podendo citar suas fontes e objetivos com aquela alegação.

 

 

 

 


Autor: Rafael Da Silva Tinoco


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