Graça (Parte I)



Maravilhosa Graça

Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues; e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.  Nele temos a redenção pelo seu sangue, o perdão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça.  

 (Romanos 6.17-18; Efésios 1.7)

 

O alvo final da nova aliança é a graça. Graça que permite as pessoas desenvolverem uma relação íntima com nosso Deus eterno, único e verdadeiro.

 Começamos nossa história condenados e afastados de Deus: “... vós, que antes estáveis longe”, nos revelaPaulo em Efésios 2.13. Só não conseguimos entender o quão longe estávamos. Como podemos compreender a enorme distância que o pecado colocou entre nós e o Senhor? Nossa mente visualiza o lugar mais longe que podemos imaginar. Mas não se trata de distância, e sim de relacionamento. 

 “Naquele tempo, estáveis sem Cristo,... não tendo esperança e sem Deus no mundo. (Efésios 2.12).

 Nós não podíamos conhecê-lo, não podíamos nos relacionar com Deus, não podíamos falar com Ele e nem desfrutar de Sua comunhão. Estávamos, separados da vida de Deus. Entretanto, Deus decidiu derramar sobre toda a humanidade o perdão dos pecados de acordo com as riquezas da sua graça. Como parte do seu plano misericordioso, o Senhor enviou seu filho Jesus para pagar o preço desta redenção.

 

Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus (1 Pedro 3.18)

Nele temos a redenção pelo seu sangue, o perdão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça (Efésios 1.7)

 

Agora, o quadro é drasticamente alterado. Por meio de Cristo, não estamos mais afastados de Deus. Nós somos agora membros da família de Deus. Conforme Efésios 2.13,19, somos seus filhos amados:

 Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus.

 Pela obra do Espírito Santo em nossos corações, podemos clamar intimamente ao Senhor como o nosso "Papai do Céu!" Quando cremos, recebemos o Espírito de adoção pelo qual podemos clamar: Aba, Pai. É o próprio Espírito quem testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Romanos 8.16), ou seja, o Espírito Santo, que passa a habitar em nós no momento da nossa conversão, nos dá esta certeza que somos verdadeiramente filhos de Deus. Quer uma evidência? Preste atenção neste texto:

 Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão. (1 João 3.10) 

 

 Nosso Pai Celestial quer construir uma relação íntima com seus filhos. Ele deseja estender o Seu amor a nós, o amor que foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Romanos 5.5). Mas para que? Para que possamos corresponder a este amor (amando a Ele) e refletir este amor (amando ao próximo):

 Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor... Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro. Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.  (1 João 4.8,19,20)

 Deus quer que O invoquemos, para que Ele possa responder a nós. “Clama a Mim” diz o Senhor, “e Eu lhe responderei" (Jeremias 33.3). Ele quer que esvaziemos nosso coração para que possa preencher com a Sua graça. “Confiai nele, ó povo, em todo tempo; derramai perante ele o vosso coração; Deus é o nosso refúgio." diz o Salmo 62.8. Pela graça de Deus, o caminho para uma íntima comunhão está agora aberto para nós.

 John Newton foi um homem que compreendeu, confiou e se apropriou desta graça. Depois de um curto tempo servindo na Marinha Real Britânica, passou a se dedicar ao trafico de escravos. Conta-se que certo dia, durante uma de suas viagens, sua embarcação foi atingida por uma forte tempestade em alto mar. Momentos depois de Newton deixar o convés, o marinheiro que tomara o seu lugar foi jogado ao mar, fazendo com que ele próprio voltasse a conduzir a embarcação pela tempestade. Diante daquela situação, sentiu quão frágil era e desamparado estava, concluindo que somente a Graça de Deus poderia salvá-lo. Incentivado por esse acontecimento, Newton resolveu abandonar o tráfico de escravos e entregou-se a Cristo. Num belo momento de inspiração, ele compôs uma oração de confissão, que mais tarde se tornaria a canção Amazing Grace (“Maravilhosa Graça” em português).

 Em Atos 4.33 lemos que “Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça”.

Nossa oração é para que neste projeto, você possa testemunhar corajosamente da ressurreição do Jesus Cristo, e que a maravilhosa graça do Senhor seja derramada de forma abundante sobre sua vida.  

Deus o abençoe!

Julho de 2012.

Este devocionário foi baseado no livro Day by Day by Grace de Bob Hoekstra.


A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo                                                               

“... pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos.” (2 Coríntios 8.9)

 Deus deseja que conheçamos a sua graça, que aprendamos sobre ela, e depois a experimentemos na prática em nossas vidas.

 Mas o que é graça? Graça tem sido corretamente descrita como "um favor imerecido”. Graça é Deus proporcionando livremente para nós tudo o que necessitamos: desde nossos anseios mais básicos (e que iremos sempre ansiar) até àquelas coisas que Ele espera que façamos, mas que nunca se tornariam realidades se dependesse unicamente de nós, pois nunca poderíamos produzir por conta própria. Jamais poderíamos ganhá-la por mérito pessoal, porque graça é algo que jamais mereceremos. Jamais poderíamos mantê-la por mérito pessoal, porque o favor de Deus é algo que não podemos dominar.

 Graça é algo que não merecemos ganhar e que não podemos perder, pois se não dependeu de nosso esforço pessoal para obtê-la, tampouco depende de nosso mérito pessoal para retê-la. Nunca tivemos e jamais teremos condições para isto. Graça é Deus oferecendo livremente o que todo ser humano necessita desesperadamente, mas que só Ele pode proporcionar.

 Essa maravilhosa graça é encontrada somente em uma pessoa e através de uma pessoa: o Senhor Jesus. É a "graça de nosso Senhor Jesus Cristo." Assim sendo, ela é acessível apenas através de um relacionamento contínuo e pessoal com ele.

 A Graça foi disponibilizada para nós pela vontade de Jesus: vontade de fazer a obra que o Pai confiara em suas mãos de levar a nossa falência espiritual sobre si mesmo, proporcionando-nos a possibilidade de participarmos de Sua riqueza espiritual. Antes de Sua encarnação, Jesus gozava de toda sorte de riquezas celestiais, "... que, sendo rico..." (conformePaulo descrevera). Ele compartilhava da comunhão infinitamente rica com o Pai e com o Espírito, sendo também digno de riquíssima adoração dos seres angelicais. Jesus gozava ainda dos direitos da plenitude da divindade e ilimitados privilégios de ser um com Deus.

 Então, para nosso benefício, Jesus voluntariamente tornou-se pobre: “... se fez pobre por amor de vós”. Ele se humilhou a andar como um homem entre a humanidade pecadora. Ele que era adorado acima de todos tornou-se o mais desprezado de todos (Isaías 53.3). Aquele que resplandecia na gloriosa divindade no céu escolheu vestir-se da mais humilde humanidade na Terra. Ele que criou todas as coisas foi morto por aqueles que criou. Aquele que existia na eternidade passada morreu no tempo; que não conheceu pecado tomou nosso pecado sobre si mesmo (Filipenses 2.5-11).

Somos tremendamente beneficiados por esta obra da sua graça: todos os que nEle crêem se tornam espiritualmente ricos: "que pela sua pobreza nos tornássemos ricos". Agora, nós cujas "justiças eram como trapo da imundícia" (Isaías 64.6) tornaram-se "a justiça de Deus nele" (2 Coríntios 5.21). Nós "que não éramos povo... agora somos povo de Deus" (1 Pedro 2.10). Agora, pela graça, temos sido "abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo" (Efésios 1.3).

 Medite: Conhecer a obra de Cristo na cruz é conhecer a graça de Deus. Confiar unicamente nesta obra para salvação é experimentar a plenitude da graça em nossas vidas.

 Ore: Senhor, eu te agradeço e louvo por tua infinita graça sobre mim. Posso conhecer cada vez mais a graça do Senhor Jesus Cristo através de um crescente relacionamento contigo. Ajuda-me a me tornar um instrumento de Sua graça na vida dos outros, unicamente para a Sua glória e honra, em nome de Jesus. Amém.

 

 Graça sobre graça em nossas vidas                                                       

 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai... Porque todos nós temos  recebido da sua plenitude e graça sobre graça. (João 1.14,16)

 A graça de Deus é encontrada em uma única pessoa: Jesus Cristo (conforme vimos em 2 Coríntios 8.9). Foi somente através do Filho que a mensagem do Pai pôde ser proclamada em Sua inteireza, como nos revela o escritor de Hebreus:

 Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho..." (Hebreus 1.1-2).

 Um dos títulos de Jesus é Logos, traduzido para o português como “Palavra” ou “Verbo”. Quando Ele se fez homem, tornou-se a mensagem encarnada de Deus, Sua Palavra para a humanidade: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós”.

Quando os primeiros discípulos observavam a vida de Jesus - Sua vida perfeita de piedade, eles estavam vendo nada menos que a revelação da glória do Deus único em forma humana! Assim João descreve: “E vimos a sua glória, glória como do Unigênito do Pai”.  Sua vida foi uma demonstração transbordante da graça divina e da verdade, pois o Verbo de Deus é descrito como "cheio de graça e de verdade".

Jesus mostrou o tipo de vida Deus pode desenvolver em nós, uma vida de verdade, plena da graça divina. Jesus veio como o único meio para oferecer essa plenitude a todos os que nEle confiam.

 Agora, para desfrutar desta comunhão disponível, precisamos aprender a depender dele no nosso dia-a-dia, recebendo “... da sua plenitude e graça sobre graça”.

A graça de Deus nos proporciona, primeiramente, perdão e novo nascimento espiritual. Em seguida, transformação e crescimento através da obediência. Depois fecundidade através do serviço e a vitória pela humildade e dependência constante. Graça sobre graça é recebida pela fé, conformePaulobem escreveu:

 “... a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.”  (Romanos 1.16)

 Veja que vida plena a graça de nosso Senhor Jesus Cristo dispõe para nós!

 “Porquanto, nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade. Também, nele, estais aperfeiçoados.” (Colossenses 2.9-10).

 A vida plena que o Senhor nos promete provém da plenitude da sua graça. Onde quer que estejamos em nossa jornada espiritual, o crescimento só pode vir a partir da sua graça, por meio da fé.

 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;não de obras, para que ninguém se glorie. (Efésios 2.8-9)

 Creio que se interpretarmos devidamente a palavra salvação, não apenas como justificação (o livramento da penalidade do pecado em nossas vidas), mas também como nossa santificação (crescimento espiritual) e glorificação (futura estada eterna com o Senhor), ampliaremos consideravelmente nossa compreensão deste versículo e o aplicaremos corretamente.

 Medite: A vida cristã diária é para ser vivida "graça sobre graça, sobre graça, sobre graça, sobre graça, sobre graça...” até estarmos face a face com o Senhor (pela Sua graça)!

Ore: Senhor Jesus, obrigado por ter vindo para habitar entre nós. Eu te louvo pela plenitude da graça disponívelem ti. Aprecio cada graça que o Senhor construiu em minha vida. Dirijo-me a ti com a expectativa de receber a graça necessária para os próximos dias. Isso eu peço no nome santo de teu Filho Jesus. Amém.

 

 A grandeza da graça de Deus                                                       

“No qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça... Para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus... A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo” (Efésios 1.7; 2.07; 3.08)

 Qual é a magnitude da graça de Deus? E qual a extensão de seus recursos? Muito frequentemente, nós subestimamos de maneira drástica a oferta da graça de Deus para nós.

 Deus é rico em graça. Quando Eleperdoou os nossos pecados, Ele o fez “segundo as riquezas da sua graça".  Pense na medida generosa de graça que foi derramado sobre nós para remover a nossa culpa e vergonha que o pecado traz. Deus generosamente derramou sobre nós o seu perdão e lavou completamente as nossas iniqüidades. No entanto, ao fazê-lo Ele não esgotou todos os tesouros da sua graça.

 Em Efésios 2.7, Deus fala da "riqueza da sua graça". A graça do Senhor vai muito além de qualquer recurso que jamais poderemos compreender ou experimentar. O estoque desta graça é tão abundante que Deus continuará derramando sobre nós pelos "séculos vindouros" sem que a gente saiba ou mereça. Dá para imaginar? Você vai precisar de uma eternidade para entendê-la completamente. Pense nisso: além dos ilimitados recursos desta abundante graça, Deus ainda nos faz os objetos de Sua bondade para todo o sempre!

Podemos comparar as riquezas da graça de Deus a um oceano infinitamente vasto. Pense na imensidão dos oceanos do mundo. Apesar de serem magníficos em sua vastidão, todos os oceanos podem ser pesquisados e sondados. Cada oceano tem limites que podem ser alcançados. Embora vastos, eles são finitos. Mas não é assim com a graça de Deus. Paulotestemunhou que o Senhor lhe deu graça para ir adiante e proclamar as "insondáveis riquezas de Cristo".

 Assim como o apóstoloPaulo, nós também fomos comissionados a proclamar esta maravilhosa graça que Deus deseja derramar em muitas vidas. Quanto mais proclamarmos, mais pessoas poderão experimentá-la, mais Deus despejará verdadeira água viva àqueles que estão sedentos e mais o Seu nome será glorificado!

 Como entender qual é a exata dimensão da largura, comprimento, altura e profundidade da graça de Deus? Lemos em Romanos 5.20 que:

 “Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado,superabundou a graça”

 Guarde esta frase: É impossível alguém pecar mais do que Deus pode perdoar.

 Medite: O que existe de água em todos os oceanos do mundo é infinitamente menor que a graça disponível no coração de Deus! Não importa o quanto já experimentamos ou percebemos esta graça que há em Cristo... nós apenas começamos nossa busca.

 Ore: Pai Celestial, a magnitude de sua graça muito me impressiona. Perdoe-me por subestimá-la com tanta frequência. Ilumine os olhos do meu coração para que eu possa conhecer a riqueza da sua graça. Que o oceano incomensurável de tua graça venha suprir minha necessidade diária, através de Jesus Cristo, meu Senhor. Amém.

 

Debaixo da graça, não da lei                                                        

 

Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. (Romanos 6.14)

 O pecado continuará dominando todas as nossas áreas de nossas vidas enquanto insistirmos em andar pela força da nossa carne.  Graça é remédio de Deus para que o pecado não reine mais em nossas vidas.

 Antes de virmos (pela fé) a Jesus Cristo, estávamos sob o completo domínio do pecado. Toda a humanidade estava condenada diante de Deus por causa do pecado. Muitos podem não ter consciência desta condição calamitosa, mesmo assim, vivíamos tão controlados por nossas paixões, que Deus nos chamou de "escravos do pecado" (Romanos 6.6).

 Muito longe do que alguns pensam, a lei não ofereceu nenhuma esperança de escape desta situação. Na verdade, a lei veio para evidenciar nossa condição e nos condenar. Note o quePauloescreveu para os cristãos de Roma (Romanos 3.19):

 “Agora sabemos que tudo o que diz a lei, ele diz que para aqueles que estão debaixo da lei, que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus.”

 Jamais poderíamos nos libertar da condenação do pecado “simplesmente” pelo nosso desempenho em cumprir a lei de Deus. Lemos em Gálatas 2.16

 “Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado.”

 Se é impossível ao homem ser justificado pelas obras da lei, a graça de Deus é a nossa única e eficaz esperança. Não há perdão dos pecados senão pela graça. Conforme Pauloensina, obtemos “o perdão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça” (Efésios 1.7). Além disto, o crescimento na vida espiritual deve obrigatoriamente ser pela graça de Deus, conforme 2 Pedro 3.18

 "Antes crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo"

 Nenhuma dessas bênçãos celestiais torna-se nossas por meio de nossa capacidade de viver segundo os padrões santos da lei de Deus.

 Medite: Nosso relacionamento com o Senhor é baseado em Sua graça, e não na lei. Começamos nossa caminhada com o Senhor pela graça, pela obra que Ele fez por nós. Continuaremos andando com Ele, por sua graça operando em nossas vidas.

 Ore: Senhor, meu Deus, eu me alegro muito por estar sob a tua graça e não debaixo da lei. Tua santa lei justamente condenou-me por meus pecados contra Ti. Agradeço-te por perdoar os meus pecados por tua graça gloriosa. Eu te louvo por me justificar, declarando-me inocente aos teus olhos, por tua infinita graça. Ajuda-me a continuar esta jornada de fé, confiando que é somente pela tua graça inesgotável que continuarás tocando e moldando a minha vida. Peço-te em nome de Cristo Jesus. Amém.

 

 

 A lei e a graça                                                       

“Disse o SENHOR a Moisés: Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes:  Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo. (Levítico 19.1-2)

 Mas qual é a mensagem cabal da lei de Deus? Sabemos que a lei foi dada para alguns propósitos, mas quero comentar sobre quatro deles. Primeiramente, dentro do contexto em que foi dada, esta lei seria o conjunto de regras e normas para reger uma nação que acabara de se formar: o povo hebreu recém saído do Egito.

 E que grande nação há que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que eu hoje vos proponho? (Deuteronômio 4.8)

 Segundo, a lei revela quem é o Senhor, seu caráter e sua santidade absoluta. Note bem num detalhe que Levítico 19.2 revela: “Eu, o SENHOR, sou santo”.

O terceiro motivo, como este mesmo texto diz, foi estipular um padrão para nós. Neste chamado à santidade, o Senhor mesmo se coloca como o motivo e o padrão de santidade: “Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo”.

 Deus é santo, e exige santidade como um traço distintivo de seu povo. Assim como Ele é santo, devemos ser. Nosso Deus não se contenta com menos do que isto. É um padrão nobilíssimo e por demais elevado. O não atingi-lo mostra nossa falta de integridade, santidade e perfeição. Jesus mesmo nos estimulou:

“Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.” (Mateus 5.48)

 Se você chegou até aqui e a sua auto avaliação é positiva, parabéns. Você é tão santo quanto Deus e merece ir para o céu... quem sabe governar a criação com Ele! Mas se você não se vê tãããããão santo assim, não se preocupe. Você é absolutamente humano.

 Aqui temos, então, o quarto propósito que quero comentar: a lei foi dada para nos condenar. Ela mostra exatamente isto: que ninguém consegue cumprir a lei, atingir o padrão que é Deus! É isto que Paulo quis dizer quando nos lembrou:

 “Como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.” (Romanos 3.10-12)

Diante desta realidade, só temos uma saída: recorrer à graça de Deus. Jeremias foi um profeta que captou bem esta mensagem, por isso concluiu:

 “As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim” (Lamentações 3.22)

 Misericórdia significa que não recebemos aquilo que merecemos. Graça significa que recebemos aquilo que não merecemos.

 Medite: As misericórdias de Deus se transformamem graça. Você consegue perceber o quanto dependemos e somos beneficiados por esta graça em nossas vidas? Graças a Deus, por Cristo Jesus, nosso Senhor.

 Ore: Pai Santo, eu te adoro por tua perfeita santidade. Não há, ó Senhor, santo além de ti. Tu és puro em todo o teu ser e justo em tudo o que fazes. Pai, eu estou ciente, e condenado, à minha falta de santidade inata. Confesso que eu nunca poderia produzir uma vida que poderia medir até seus padrões sagrados. Te agradeço pelo perdão gracioso que está disponívelem seu Filho, Jesus Cristo. Conforta-me, e ajuda-me a encontrar esperança na justiça que seu Filho pode trazer para aqueles que confiam nEle dia após dia!

 

Graça e integridade                                                       

"Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste." (leia Mateus 5.17-48)

No famoso Sermão do Monte, Jesus surpreendentemente quebra vários paradigmas da velha religião. A partir do verso17, acentralidade de seu discurso passa a girar em torno da lei. Este era um ponto nevrálgico dentro do judaísmo. Porém, sua instrução fornecia uma compreensão mais aprofundada da lei do que os intérpretes de sua época tinham compreendido. Jesus mostrou como a lei vai muito além do comportamento externo.

 As palavras: “Ouvistes que foi dito... Eu, porém, vos digo..." colocava-O (no mínimo) em pé de igualdade com o que havia de mais intocável e inquestionável para o judeu: a lei mosaica. "Ouvistes que foi dito... Eu, porém, vos digo..." deveria arrepiar qualquer um de seus ouvintes. Mas Jesus não estava anulando a lei (conf. 5.17,18), e sim interpretando e aplicando esta mesma lei numa profundidade muito mais significativa.

 Jesus fez esta colocação (Eu porem vos digo...) seis vezes no sermão do monte, mudando drasticamente os conceitos que seus conterrâneos faziam sobre vários assuntos.

 Numa rápida análise, vemos que em 5.21-26, Jesus dirigiu-se ao mandamento sobre homicídio, mostrando que quando a ira vingativa inunda nossos pensamentos, é o mesmo que abrigar um espírito assassino dentro do coração. Aqui, o desejo de vingança merece o mesmo julgamento de um assassinato. Nos versículos 27-30 Jesus usou este mesmo padrão de instrução para revelar a perspectiva de Deus sobre o adultério, revelando que o adultério não é apenas a consumação do ato, mas que acontece muito antes. Quando a imaginação lasciva entretém nossos pensamentos, o adultério já ocorreu. Nos versos 31-32 Jesus fala sobre o divórcio e do 33 a37 sobre juramentos, levando-nos a refletir sobre as intenções por trás de nossas ações. Dos versos 38 a42 Ele fala sobre mansidão e do 43 a47 sobre o verdadeiro amor e como praticá-lo. Finalmente, no verso 48, Jesus conclui: “sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste”. O que ele quis dizer com isto?

 Perfeito (gr.teleios) significa finalizado, inteiro, completo. É isto o que Deus espera de nós: integridade. Deus não apenas deseja um caráter íntegro. Muito mais do que isto, Ele nos quer inteiros para Si. Não apenas que apresentemos uma casca de religiosidade e aparente santidade, recheada de más intenções. Devemos nos colocar diante de Deus sem fingimento algum, cientes que Ele tudo vê – até os pensamentos mais secretos e as intenções ocultas do nosso coração.

Mais uma vez, vemos que o padrão de perfeição é o próprio Senhor. E mais uma vez percebemos o quão longe estamos de atingir este padrão. A graça completa o que falta... mas não abuse!

 Medite: Jesus deixa bem claro que os mandamentos de Deus podem ser transgredidos tanto pelas ações visíveis do corpo, como pelas atitudes invisíveis do coração. Você manifesta com suas ações aquilo que passa dentro do seu coração?

Ore: Querido Pai Celestial, a tua palavra é tão confrontante quanto desafiante. Tu és perfeito em todos os sentidos. Eu sou tão imperfeito em cada área do meu ser. Senhor, até ações que eu acho que são aceitáveis à tua vista podem ser poluídas por intenções inaceitáveis que ficam muito aquém do que esperas de mim. Assim, debruço-me em Tua misericórdia e graça, esperançoso do teu perdão e teu poder transformador, através de Cristo meu Senhor e Salvador. Amém.

 

  

A graça e a Lei do Amor                                                       

 

Mestre, qual é o grande mandamento na Lei?                                     (Leia Mateus 22.36-40)

 Em sua resposta à pergunta acima citada, Jesus fornece uma síntese da mensagem da lei de Deus: Ser amoroso (Amarás o Senhor teu Deus... amarás o teu próximo). Jesus ainda revela que "destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”, indicando que cada comando na lei de Deus estava relacionado a estes dois mandamentos. Vejamos cada um deles:

 Amarás o Senhor teu Deus: A demanda principal da lei é uma relação de amor total com nosso Criador. Deveríamos amá-Lo "com todo nosso coração, com toda nossa alma e com toda nossa mente", isto é, integralmente! O amor deveria estar sendo derramado de dentro para fora constantemente em direção ao Senhor. Em cada expressão da nossa personalidade, o amor deveria fluir em direção a Deus. Em cada pensamento, o amor por Deus deveria ser a motivação e o conteúdo. Qualquer aspecto da nossa vida (pensamentos, palavras, ações, intenções do coração) que não indica um amor abrangente e irrestrito para com Deus é uma ofensiva violação da Sua lei.

Amarás o teu próximo: O segundo mandamento, mas não menos importante, da lei de Deus é um amor desinteressado para com qualquer outra pessoa. A ordem é amar os outros "como a nós mesmos". Alguns têm usado erroneamente esta frase para nos empurrar um terceiro mandamento imaginário: Precisamos aprender a amar a nós mesmos! Não, Jesus disse que há apenas dois mandamentos aqui. Amar o próximo como a si mesmo é um desafio para dar aos outros o tratamento, a consideração e o cuidado que todos nós temos dado a nós mesmos ao longo de nossas vidas.

 Faça uma reflexão. Neste momento silencioso, de quietude da alma, seja bem sincero com você mesmo e com Deus: você tem cumprido cabalmente estes dois mandamentos da lei em sua vida? Você realmente ama a Deus acima de todas as coisas? Você o considera em todos os seus planos? Você ama o próximo do jeito que Deus espera que você ama? Você ama como você se ama? Cuida dos interesses de Deus e do próximo como cuida se seus próprios interesses?

 Se a resposta é não, parabéns pela sua sinceridade. Mas não se desespere. Você é um ser humano como bilhões que existem no mundo! Ninguém consegue e Deus sabe disto. Lembre que se a lei não salva, porém nos condena, este extrato concentrado da lei evidencia muito mais nossa falibilidade humana. Um pouco mais adiante, Jesus uniu e intensificou estes dois mandamentos, dizendo:

 “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros." (João 13.34)

 Jesus estabelece aqui um novo referencial para amar o próximo. Não é mais como nos amamos, mas como Ele (Deus) nos amou! Você pode pensar: Ai de mim! Se antes era difícil, agora se tornou impossível!!!  Mas lembre-se que o que para nós era impossível, Deus tornou possível através do derramamento de graça do Seu Espírito.

 Medite: Você tem utilizado as ferramentas (capacitações) que Deus disponibiliza para você através do Espírito Santo? (veja-as em Gálatas 5.16-18; 22-23). Ou continua agindo conforme a carne? (Gálatas 5.19-21)

Ore: Senhor Deus, eu me prostro diante de ti como o Deus de amor infinito. Só posso amar porque o Senhor me amou primeiro. No entanto, o meu amor por Ti é tão falho! Eu jamais conseguiria amá-Lo como Tu mereces. Assim como o meu amor pelos outros é constantemente enfraquecido por meu próprio egoísmo. Ensina-me a amar como convém! Eu humildemente peço que o Senhor trabalhe em mim um amor mais profundo por Ti e um amor incondicional para com os outros, em nome de Jesus. Amém.

 

 

 Não ouvir a lei                                                       

Dizei-me vós, os que quereis estar sob a lei: acaso, não ouvis a lei? (Gálatas 4.21)

 Enquanto as pessoas não derem ouvidos ao que Deus quer comunicar com a lei, correm um sério perigo de ainda desejarem viver debaixo da lei e afastados de Deus.

 Aqueles que estão perdidos e morrendo no mundo, estão longe de Deus porque subestimam a mensagem da lei. Geralmente imaginam que a lei é só para crentes ou fanáticos de alguma organização religiosa, ou qualquer coisa assim. Por desprezarem ou desconhecerem a mensagem da lei, eles optam por confiar apenas em sua própria consciência para julgar seu comportamento e estilo de vida. Além disso, gostam de ser eles mesmos a palavra final sobre qualquer assunto: do profano ao espiritual.  Esta é uma forma de "não ouvir a lei".

 Por outro lado, muitos dos que são resgatados para uma nova vida em Cristo, ainda desejam permanecer sob a lei, pois julgam ser necessária para o crescimento espiritual e santificação do crente. Esta é a outra forma de "não ouvir a lei". Qualquer crente que espera agradar ao Senhor com base em seus próprios esforços de cumprir a lei, realmente ainda não ouviu o que a lei tem a dizer sobre a vontade de Deus.

 Ainda no Antigo Testamento, Deus revelara de forma explícita o que Ele espera de nós:

 Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e  andes humildemente com o teu Deus. (Miquéias 6.8)

 Deus nunca exigiu que nós devêssemos nos esforçar para sermos “o melhor”, mas Ele espera que pratiquemos a justiça. Deus nunca exigiu que nós fôssemos tão santos quanto Ele, mas quer que amemos a misericórdia. Ele também jamais exigiu que nós nos esforçássemos o máximo para alcançarmos a perfeição, mas pede (simplesmente) que andemos humildemente com Ele.

 A lei de Deus não está nos pedindo para aprimorarmos a nós mesmos ou para procurarmos ser melhor do que os outros. Deus, na Sua lei, nos desafia a amar o próximo incondicionalmente e sacrificialmente.

 Muitas vezes pensamos o seguinte: - Se eu fizer o melhor que puder, decorar versículos, não faltar nos cultos e reuniões de oração e der o dízimo regularmente, Deus se agradará de mim e agirá em meu favor. Afinal o que mais Deus poderia requer de mim?

 Bem, Deus exige muito além do nosso melhor humano.

Medite: A lei de Deus nos chama a vivermos uma vida santa (sede santos, porque eu sou santo); a amarmos a Deus e ao próximo e sermos íntegros em nossas ações e intenções.  Além disso, a lei mostra que Ele mesmo é o padrão de santidade, amor e perfeição.

 Ore: Senhor Deus, tu és santo, amoroso e perfeito. Eu, por mim mesmo, nada sou. Eu te agradeço por tua misericórdia. Eu te louvo por tua graça infinita. Humildemente me coloco diante de ti, pedindo que trabalhes mais e mais tua santidade através da minha vida. Não alimento nenhuma outra esperança fora de ti, peço que mais de teu amor possa preencher a minha vida. Peço que o Senhor me transforme a cada dia para parecer mais com teu filho Jesus, através de quem eu oro. Amém.

 

 

 A lei é incapaz?                                                       

Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas...

Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado. (Romanos 3.21; 8.3)

 A palavra de Deus revela que a lei traz em si uma “incapacidade estratégica”. Não se trata de uma falha ou que haja alguma área inútil nela, pois a própria palavra revela que ela é boa, pura, santa e perfeita. A questão é simples: a lei exige perfeição, mas ela não oferece recursos para o aperfeiçoamento de ninguém: “pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma” (Hebreus 7.18-19). Certamente essa incapacidade não é devido a qualquer mancada por parte de Deus. Pelo contrário, esta incapacidade está relacionada ao que Deus nunca quis que a sua lei realizasse.

 A lei de Deus não foi dada como um meio para aperfeiçoar pessoas (no sentido espiritual). Definitivamente, ela não nos foi dada para ser uma ferramenta pela qual o homem pudesse se apoiar para melhorar a sua condição espiritual diante de Deus. A lei nos mostra o que Deus gostaria de ver acontecer em nossas vidas, mas a lei não prevê qualquer recurso para efetuar as alterações necessárias. Assim, qualquer tentativa de desenvolver um relacionamento com Deus que dependa do nosso desempenho, será sempre um empreendimento sem esperança.

 Qualquer pessoa que deseja se aproximar de um Deus absolutamente santo e perfeito deve buscar uma maneira mais eficaz do que tentar apoiar-se em seu desempenho pessoal, por melhor que lhe possa parecer. Devemos lembrar que o padrão de perfeição é medido pela santa lei de Deus. Quem quiser conhecer a Deus, caminhar com Ele e viver com Ele, seja neste tempo, e para toda eternidade, deve buscar algo superior que a lei de Deus.

 A lei não tem o poder de nos apresentar puros, santos e imaculados diante de Deus, isto é, ela não pode justificar-nos. Ela não nos fornece uma declaração de inocente para apresentarmos a Deus. Ela não pode transformar a nossa vida até a estatura da imagem de Cristo. A lei também é incapaz de desenvolver um caminho de piedade na qual possamos trilhar diante do Senhor, isto é, ela não pode nos santificar. Para alcançar qualquer uma dessas preciosas bênçãos de Deus, faz-se necessário alçar a expectativa de algo muito maior. Na graça de Deus reside esta esperança que nos permite aproximar de Deus, por meio do seu Santo Espírito que nos proveu inicialmente de novo nascimento e agirá continuamente em toda nossa jornada para uma vida de intimidade e amadurecimento.

 Medite: Qual foi a sua participação no novo nascimento que o Espírito Santo proporcionou para você? Quanto você se esforçou para merecer ser salvo por Deus? Para ser declarado justo diante do Pai? E agora, quanto da lei você precisa cumprir para se manter puro diante de Deus? 

 Ore: Pai Santo, tu és perfeito em teu caráter assim como perfeito é o padrão da tua lei.  Tua lei corretamente exige perfeição de mim. Pai, peço que tu me faças lembrar muitas vezes que eu não posso viver de acordo com essa exigência divina em meus próprios recursos. Traga sempre à minha lembrança minha incapacidade. Mexa em meu coração para que eu possa confiar apenas no teu Espírito, e não no meu esforço. Senhor, desejo caminhar junto contigo. Quero confiar apenas na tua graça, como a única esperança suficiente que me permite a aproximar de ti, em nome de Jesus Cristo eu oro. Amém.

 

  

A incapacidade da lei para justificar                                                       

Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado. E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé. (Gálatas 2.16; 3.11)

 A grande necessidade de qualquer ser humano é a salvação. É receber de Deus a declaração de inculpável e justo diante dEle. À primeira vista, esta parece ser uma situação impossível para o homem. Deus, nosso juiz, é santo por sua natureza, enquanto o homem, que teve sua alma permanentemente manchada por causa do pecado, é ímpio por natureza, como vemos em (Isaías 64.6):

 "Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças são como trapo da imundícia".

 As conseqüências de tal impiedade são inevitavelmente graves e estendem-se a toda humanidade, comoPaulobem lembrou em sua epístola aos Romanos:

 "Todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” e “O salário do pecado é a morte" (3.23 e 6.23a)

 Frente aos nossos pecados contrastados à natureza pura, santa e eterna de Deus, a sentença é única e fatal para toda a humanidade: separação eterna de Deus.

 A lei de Deus não oferece ajuda nenhuma e nem esperança de remediar esta situação calamitosa:

 “... visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Romanos 3.20)

 As pessoas jamais serão justificadas pelas obras da lei. Mesmo que você se esforçasse o máximo que pudesse ao longo de toda a vida, jamais conseguirá obter um veredicto de inocente diante de Deus. Em toda a história humana, Jesus é o único que pode ser avaliado pela lei de Deus e receber uma declaração de vida absolutamente pura, santa e íntegra. Jesus foi “... tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado." (Hebreus 4.15). Nenhuma outra pessoa poderia realizar obra suficiente ante a lei de Deus para conseguir uma declaração de justo.

 Votos e promessas de melhoria pessoal não oferecem nenhuma esperança. Pedir aos outros que se esforcem mais intensamente também não ajuda em nada. Sóa fé em Cristo Jesusfornece o auxílio necessário para nossa justificação: “... o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus."

 Medite: Confiar em nossos próprios esforços nos mantém culpados diante de Deus. Confiar na obra perfeita de Cristo na cruz nos torna justificado diante de Deus. Qual é a sua decisão?  "O justo viverá pela fé".

 Ore: Senhor, meu Deus, eu te louvo por sua gloriosa graça derramada sobre mim na justificação. Pela graça me declarou justo aos teus olhos. Eu era totalmente culpado segundo a tua santa lei. Eu não tinha recursos e nenhuma esperança de me salvar. Tua lei justamente me condenou, e eu nunca poderia ter revertido o veredicto através de justiça própria. Tu enviaste teu filho para a nossa justificação, e somente nEle deposito minha fé. Para ti, meu Senhor, toda honra, glória, adoração e ação de graças, por meio de Cristo Jesus, meu Salvador. Amém.

 

 A incapacidade da lei para santificar                                                        

 

Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne? (Gálatas 3.2-3)

 A primeira pergunta aqui em Gálatas 3 traz novamente à tona o tema justificação. Pauloquestiona os crentes daquela igreja: "Recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?" Nós recebemos o Espírito Santo de Deus que passa habitar em nossas vidas quando nascemos de novo, assim nos tornamos filhos de Deus. Este é também o selo que o Senhor colocou em nós, quando nos declarou justificados, justos diante dele.

 Como o Espírito Santo veio habitar em nós? Foi por nosso desempenho e merecimento, tentando viver de acordo com a lei de Deus? Não! Foi "pela pregação da fé." Nós ouvimos a boa-nova de que Cristo morreu pelos nossos pecados. Ouvimos a palavra da verdade que Jesus poderia perdoar-nos todas as nossas injustiças. A fé foi acesa em nossos corações ao considerarmos esta mensagem. Simplesmente pela fé, pedimos ao Senhor Jesus a entrar em nossas vidas, para ser nosso Salvador pessoal.

 "Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o direito de serem feitos filhos de Deus, a saber,aos que crêem no seu nome "(João 1.12).

 A segunda pergunta que o apóstolo faz àquela igreja leva-os a raciocinar sobre o mesmo assunto, mas em direção à santificação.

 "Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?" (Gálatas 3.3)

 Pensar que podemos avançar no processo de santificação (nosso crescimento espiritual, a transformação progressiva até a semelhança de Cristo) por nossos próprios esforços humanos (isto é, pela força da carne) é uma tolice.

 Assim como nunca poderíamos garantir nossa justificação por nosso empenho pessoal, nunca poderemos nos santificar, por mais que nos esforcemos. O justo viverá pela fé, do início ao fim!

 Medite: A lei não foi dada para nos salvar ou tornar perfeito, mas é o nosso referencial de justiça e santidade. Lembre-se que somente “aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6) 

 Ore: Querido Senhor, creio que minha justificação foi unicamente pela féem teu Filho Jesus, e que esta dádiva não dependeu em nada da minha capacidade ou mérito pessoal. Creio que a santificação é pela fé também. Confesso que muitas vezes pensava e agia como se eu pudesse produzir alguma justiça por meus próprios esforços. Sinto-me aliviado e encorajado em saber que a única e melhor maneira de crescer na tua graça é continuar confiandoem ti. Peço-te, Senhor, que me lembre sempre desta bênção à nossa disposição, para que eu me pareça cada vez mais com teu Filho. Em nome de Jesus me coloco diante de ti. Amém.

 

 

 A capacidade natural da lei                                                       

 

Deu-me o SENHOR as duas tábuas de pedra, escritas com o dedo de Deus; e, nelas, estavam todas as palavras segundo o SENHOR havia falado... “Ouvistes que foi dito... Eu, porém, vos digo..." (Deuteronômio 9.10 e Mateus 5.27-28)

 Embora a lei de Deus seja incapaz de justificar e santificar, ela tem alguma habilidade estratégica no plano de Deus para o homem. Os acontecimentos no Monte Sinai e o discurso de Jesus no Monte nos ajudam a refletir sobre este assunto. Essas duas seções são extremamente significativas na Bíblia e se referem à lei de Deus. A Torah se refere aos livros de Gênesis a Deuteronômio. Estes livros constituem a explanação mais abrangente da lei, enquanto que o Sermão da Montanha (Mateus 5-7) Inclui uma clarificação de Jesus sobre a lei para melhor compreensão do homem.

 Quando essas partes da Bíblia são lidas, estudadas ou ensinadas, a competência geral da lei diz respeito às nossas atitudes para com Deus e o próximo. Nessas passagens, o caráter e a vontade de Deus para nós são revelados. A mensagem relacionada a essas "duas tábuas de pedra", falam do caráter de Deus. Lembrando o que o Senhor falou: “Eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo." O resumo dessa mensagem, expressa a vontade de Deus para o homem: “ser santo." Os detalhes dessa mensagem, indicam como deve ser o relacionamento dos santos para com Deus e com os outros. Já as palavras de Jesus, acabariam por estender essa mensagem de santidade às atitudes e intenções do coração.

 A lei é o padrão de Deus para nossa avaliação social e espiritual. Este deve ser o nosso alvo. Errar este alvo é transgredir a lei. E a transgressão da lei é pecado:

 Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei. (1 João 3.4)

 Por sua lei, Deus mede a santidade na vida das pessoas, revelando Sua vontade que é baseada em Seu caráter santo. É por isso que todos nós estamos muito aquém da glória de Deus (Romanos 3.23). Nossa nota nunca alcançará o padrão santo de Deus.

 Medite: Os instrumentos de medição do homem são uma boa ilustração para compreendermos o verdadeiro papel da lei. Pegue, por exemplo, um fio de prumo, ou um nível de bolha, ou um esquadro, ou uma fita métrica.  Estes instrumentos são utilizados para orientar a construção ou conferir o que foi construído, segundo um planejamento prévio. Nenhum destes instrumentos tem a capacidade de consertar o que está errado, apenas apontam o erro. Assim é com a lei de Deus. A lei descreve e mede se estamos de acordo com o projeto que Deus idealizou para nossa vida. Ela não gera crescimento espiritual e nem conserta o que está quebrado, torto ou faltando. Somente a graça de Deus agindo em nossas vidas é suficiente para produz o que a lei não tem competência.

 Ore: Senhor, tu és a minha esperança. Eu te louvo por teu caráter santo, revelado em tua santa lei. Que a tua vontade seja a minha vontade. Que o teu desejo para que eu tenha uma vida santificada se cumpraem mim. Sei que estou muito aquém do teu padrão santo, mas te agradeço por me purificar de toda injustiça. Coloco minha esperança somente no Senhor para me ajudar a crescer na tua graça. Trabalhe a tua vontade em meu viver por meio do teu Santo Espírito. Esta é a minha oração em nome do teu Filho amado Jesus. Amém.

 

 

A lei nos responsabiliza

Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus, visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei,  em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado. (Romanos 3.19-20)

 A Palavra diz a todos os que estão debaixo da condenação prevista pela lei. Isso certamente inclui o povo judeu, pois a lei de Deus foi dada primeiro a eles (inicialmente gravada em pedras pela mão do Senhor e posteriormente escrita em pergaminhos que se tornariam as Sagradas Escrituras). No entanto, a lei também diz respeito aos  gentios, uma vez que eles a têm inscrita em suas consciências, conforme Romanos 2.15:

 "Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se"

 Assim, todos os judeus e todos os gentios estão sob a lei. Lembre-se o que o Senhor requer de nós (seres humanos): “... que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus”. Ainda que o homem escolha andar longe de Deus (e o resultado será uma sociedade marcada por impiedade e injustiça), qualquer ser humano tem consciência do que é certo e errado. Mesmo que não pratique a justiça e a misericórdia, ele sabe que deveria fazê-lo. A implicação de toda a humanidade ser sabedora desta mensagem, seja externamente, por escrito, ou internamente, estampada na consciência é que “toda boca se calará e todo o mundo será culpável perante Deus”

 O que diríamos diante de Deus se Ele avaliasse nossas vidas pela sua lei? O que poderíamos responder se Deus apontasse em um lado da balança: "aqui está a sua vida” e do outro: “aqui está a minha lei... Agora, pode dar conta de si mesmo”?  Penso que nossas bocas simplesmente calariam diante da santidade de Deus! Nós simplesmente não poderíamos dar nenhuma “desculpa”, explicação ou justificação de nossos erros.

 A lei implica justiça, e justiça implica prestar contas a Deus. Este veredicto é universal: “...todo o mundo seja culpável perante Deus”.  Não há exceções. Todos em todo o mundo estão incluídos. A lei de Deus revela a toda a humanidade o que o pecado realmente é.

 O pecado não é um fenômeno cultural. É o conhecimento do que é absolutamente inaceitável diante de Deus, à luz de Seu caráter santo: "Pela lei vem o conhecimento do pecado." O homem não teria ciência deste assunto se não fosse pela Palavra de Deus:

 Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado,senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera:Não cobiçarás. (Romanos 7.7)

 Medite: Assassinato, adultério, roubo, mentira, cobiça, inveja, soberba, rancor, ódio, indiferença, etc., são todos revelados à humanidade pela lei de Deus; e nós somos os únicos responsáveis pelos nossos pecados.

 Ore: Senhor, Deus de santidade e amor: a justiça que há na tua santa lei faz calar a minha boca. Eu não tenho nenhuma desculpa diante do teu padrão perfeito. O que leio na tua palavra confirma as certezas do meu coração: estaria eternamente condenado se não fosse por tua misericórdia e graça. Teu perdão me justifica, e não alguns atos de bondade que eu possa praticar. Ao olhar para a humanidade ao redor de mim, vejo que muitos ainda pensam que podem conseguir teu favor por boas obras. Por favor, me ajude a testemunhar  do teu perdão oferecido na cruz, para que conheçam a salvação da tua graça. Em Jesus eu oro. Amém.

 

 

A Lei nos condena

Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo, tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores... Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei. (1 Timóteo 1.8-9 e Gálatas 5.18)

  O fato de a lei trazer em si algumas inaptidões dadas por Deus, não a torna má. Em Romanos 7.12 o apóstolo Pauloatesta que “a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom".  Por outro lado, ela tem habilidades proveitosas “... se alguém dela se utiliza de modo legítimo”.  

 Uma aplicação inadequada da lei seria usá-la para tentar obter justificação (a declaração de ser justo aos olhos de Deus). Se alguém pensa que pode garantir um veredicto de inculpável diante de Deus por obediência irrestrita à lei, está redondamente (e biblicamente) errado.

 Outra aplicação inadequada da lei acontece quando galgamos nossa santificação pessoal (crescimento espiritual) através da observação dos mandamentos de Deus. Se uma pessoa imagina que pode crescer em piedade pelos seus esforços de viver de acordo com a lei, está tremendamente equivocada.

 Paulo ensinara a Timóteo que a lei é “para os transgressores e insubordinados". Podemos entender que a lei se aplica de duas formas básicas a este público: evidenciando seus pecados tanto para condenação, quanto para levá-los a perceber sua rebeldia contra Deus.

 Como crentes no Senhor Jesus, entende-se que já passamos por esta situação, mas que agora estamos vivendo “não mais debaixo da lei, mas debaixo da graça” conforme a Palavra nos ensina em Romanos 6.14. No entanto, somente aqueles que andam segundo o Espírito podem desfrutar as bênçãos desta realidade:

 Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei. (Gálatas 5.18)

 Quando crentes procuram andar pela lei e não pela graça, eles praticamente colocam-se sob um programa de performance para a prática diária. Neste caso, a condenação da lei, que é para os rebeldes, atua dentro a sua competência legal, expondo a condição inaceitável na vida de um crente auto-suficiente.

 Medite: Se insistirmos em andar pela lei, estamos comunicando com isto que desprezamos a graça de Deus em nossas vidas, ignorando o recurso que o Senhor colocou à nossa disposição para o nosso crescimento: seu Santo Espírito. 

Ore: Querido Deus de toda graça, confesso que vivia em rebelião contra ti. Mas teu Santo Espírito me convenceu do meu procedimento farisaico mediante a lei. Por tua graça me justificastes, pela féem teu Filho. Agora, Senhor, eu peço sinceramente para me mostrar aqueles momentos em que eu tento viver de acordo com os recursos da minha própria carne. Senhor, eu preciso ser santificado diariamente pela tua graça, assim como o Senhor me justificou pela tua graça. Eu te louvo pelo fato desta obra ser abundantemente disponível através do Senhor Jesus Cristo. Amém.

 

  

A lei como tutora

De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio. (Gálatas 3.24-25)

 A lei tem um papel fundamental que é levar pessoas a Cristo: “a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo." Conforme o plano de Deus, Ele usa lei para nos convencer sobre a nossa grande necessidade de Jesus Cristo. Lembre-se que a síntese da lei é: amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo. E nisso todo mundo falha!

 Além disto, a lei exige que sejamos santos como o Senhor é. Mas sabemos que não somos. Assim, a lei está dizendo para nós: "Você precisa de Jesus Cristo." A lei exige que sejamos amorosos. Percebemos, então que não amamos como deveríamos amar. Assim, a lei declara-nos: "Você precisa de Jesus Cristo." A lei insiste que sejamos perfeitos. Mas todo mundo está vendo que não somos perfeitos (pode perguntar a qualquer um...). Assim, a lei está berrando aos nossos ouvidos: "Você precisa de Jesus Cristo!" Neste processo, a lei funciona como um aio. Na cultura greco-romana aio ou tutor era uma espécie de professor ou mentor (poderia ser um escravo ou pessoa de confiança) que cuidava de um menino, educando-o ou disciplinando-o até que ele fosse maior de idade. Fazendo uma analogia, a lei cumpriu este papel de aio, instruindo as pessoas de sua necessidade, e que somente Cristo pode suprir através da Sua graça.

Uma vez que chegamos à maturidade, não estamos mais sob a tutoria deste aio, figurando que quando colocamos nossa fé em Jesus Cristo, não estamos mais sob a guarda da lei: “Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio”.

 Considerando que a lei dizia para sermos santos, temos de confiar em Cristo para a nossa  santificação: “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Coríntios 1.30).

 Considerando que a lei dizia para sermos amorosos, temos de confiar no fruto do Espírito que recebemos pela fé em Cristo para exercitar este verdadeiro amor: “Mas o fruto do Espírito é amor..." (Gálatas 5.22).

 Considerando que a lei dizia para sermos perfeitos, agora temos de confiar exclusivamente no Senhor para nosso aperfeiçoamento. “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”. (Filipenses 1.6).

 Medite: Quando você decidiu depositar tua féem Cristo Jesus para te salvar, considerou que a salvação era apenas pela graça e não pelas obras da lei? E a partir desta data, continua crendo exclusivamente na sua graça para te santificar?

 Ore: Senhor, meu Redentor, obrigado por nos dar a tua lei que serviu como um tutor para me levar a Jesus Cristo. Esta lei mostrou minha desesperada necessidade de um Salvador e ao mesmo tempo levou-me por um caminho para encontrá-lo. Agora, pois, me alegro por não estar mais sob esse tutor. Que prazer é cultivar um relacionamento contigo pela fé e não pelo meu desempenho. Que gostoso é me relacionar com uma pessoa graciosa e amorosa, o Senhor Jesus, em vez de a um padrão frívolo, inflexível e exigente, a lei. Senhor, complete em mim a boa obra da tua graça, iniciada no momento que entreguei minha vida a ti, através do teu Filho Jesus. Amém.

 

 Jesus cumpriu a lei?

Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir.  (Mt 5.17)

 A sublimidade da lei de Deus é incomensurável. Isso porque a lei reflete o caráter de Deus: santo, amoroso, justo e perfeito. À luz desta verdade, devemos nos perguntar: Como poderiam se cumprir as justas demandas da lei em nossas vidas? A resposta a esta questão vital está contida no fato de que Jesus já cumpriu a lei em nosso lugar.

 Porém, considere que Jesus foi acusado de “quebrar” a lei em vários momentos de sua vida: Ele efetuou obras no sábado (inúmeras vezes), comeu sem lavar as mãos, tocou em leprosos, conversava publicamente com mulheres de má fama, foi complacente com prostitutas em algumas ocasiões (permitiu até que uma tocasse nEle!), andava na companhia e fazia refeições com publicanos e pecadores, etc. Sua “ficha criminal” na CPI do Sinédrio era bem extensa...

 Devemos nos lembrar também que os fariseus eram conhecidos como “Mestres da Lei” por serem extremamente zelosos no cumprimento desta e o faziam de forma minuciosa. Neste sentido, podemos afirmar que os fariseus cumpriam a lei muito mais do que Jesus. O próprio Senhor Jesus reconhecia seus feitos, como por exemplo, na questão do dízimo: “... dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho...” (Mt23.23), ou seja, eram dizimistas fiéis, muito mais do que a maioria dos crentes atuais. Só que Jesus nomeia este tipo de cumpridor da lei de hipócrita, mascarado (Leia Mateus 23).

 Qual é, então, o verdadeiro sentido de “cumprir a lei?” Em que sentido Jesus alegou cumpri-la? No texto de Mateus 5.17, quando Jesus declara “vim para cumprir”, Ele usa a palavra pleroo. Esta palavra (tanto no português como no grego) tem vários significados e, portanto, a declaração de Jesus pode ser entendida, por um lado, de formas diferentes, mas que, por outro lado, todas elas se complementam. Para melhor entendermos quanto Jesus cumpriu a lei, vejamos alguns dos significados de cumprir (pleroo):

 1. Tornar cheio, completar. A realização da lei dependia da força da carne. Por causa da nossa imperfeição, somos incapazes de realizar. Jesus complementou o que faltava: aquela “incapacidade estratégica” da lei foi suprida pela obra de Cristo na cruz. A lei era incapaz de nos justificar, mas Cristo, sem lei, manifestou a justiça de Deus: “Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que crêem”, (Romanos 3.21,22). Através dele somos justificados, somente pela fé.

 2. Levar até o fim, levar a cabo, consumar.  Em João 19.30, no momento de sua morte, Jesus declarou: “está consumado!”. A palavra utilizada aqui para consumado é teleo, que significa levar a um fim, finalizar, terminar. Neste sentido, pleroo e teleo são sinônimas. “Está consumado!” significa que sua missão foi concluída e sua obra consumada: o preço do pecado foi pago por Cristo na cruz definitivamente. Além disto, seu maior desejo também se cumpriu: fazer a vontade do Pai aqui na terra.

 3. Efetuar, trazer a realização, realizar. Jesus fez cumprir os dispositivos que a lei exigia, cumpriu uma ordem ou um plano superior, cumpriu com a palavra, cumpriu com o previsto. Em Lucas 24.25 a 27, conversando com dois discípulos a caminho de Emaús, Jesus lhes disse: “Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras”. Neste texto, Jesus mostra para os seus que realizou (cumpriu) tudo o que a lei e as profecias diziam sobre Ele, o Messias.  

 4. Submeter-se a alguma determinação ou condição; sujeitar-se, obedecer. Jesus cumpriu a lei ao assumir a sentença que nos era imposta, submetendo-se à condenação imposta na lei e sujeitando-se à infâmia e humilhação de um julgamento desonroso e morte vergonhosa. Jesus fez a vontade de Deus aqui na terra. Veja o que Paulo nos revela em Filipenses 2.5-8: Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.

 5. Atender a; trabalhar, servir. Diversas vezes vemos Jesus declarando sua tarefa e principal papel aqui na terra: servir: “Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Marcos 10.45). Jesus cumpriu, servindo ao Pai e aos homens.

 6. Fazer abundar, fornecer ou suprir liberalmente. A lei prometia inúmeras bênçãos para aqueles que a cumprissem. Faltaria espaço para descrever quantas bênçãos a obra de Cristo na cruz nos proporcionou. Note o que Paulo escreve em Efésios 1.3: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo... pelo qual temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé nele”; e também em Romanos 5.1,2: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.” Para nossa alegria, aqui também Jesus cumpriu cabalmente “a lei e os profetas”

 Respondendo à pergunta: Jesus cumpriu a lei? Podemos dizer com toda certeza: SIM! Ele não cumpriu a lei como os escribas e fariseus faziam – e queriam que todos os imitassem, mas de acordo com a vontade de Deus e como deveria ser obedecida: com sinceridade, sem hipocrisia. Vemos que na sequência daquela conversa do Senhor com os escribas e fariseus, Ele completa: “...tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé” (Mateus 23.23).

 Mesmo não sendo merecedores, pense o quanto somos abençoados por Deus. Alguém pode pensar que não tem sido tão abençoado o tanto quanto gostaria, mas será que este conseguiria “cumprir a lei e os profetas” como Jesus fez? Gosto de pensar o seguinte: sei que não tenho tudo o que desejo, mas tenho muito mais do que mereço.

 Medite: Considere quão abrangente foi o cumprimento da lei por Jesus. Ele cumpriu a lei em sua vida tornando-se nosso exemplo, cumpriu a lei na sua morte tornando-se o nosso sacrifício substitutivo, ele se fez maldição em nosso lugar para que pudéssemos ser benditos de Deus.

 Ore: Pai Querido, que maravilhosa é a tua graça! Através da obra do Senhor Jesus a lei foi cumprida e todas as suas demandas foram satisfeitas. Meu fracasso ante a lei foi totalmente coberto por tua misericórdia e graça. Ó Senhor, é esta graça sobre graça que nos salva e nos transforma. Por isso eu te louvo e em ti me alegro. Senhor Jesus, obrigado por pagar a pena dos meus pecados. Desejo crescer na vida justa que tu viveste, totalmente disponível pela tua graça. Habita, Senhor, o meu coração e molde as minhas atitudes, minhas palavras, meus pensamentos, meus relacionamentos e os meus atos. Eu oro em teu poderoso nome. Amém.

 

 

 Justificação por meio de Cristo

Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que crêem; porque não há distinção, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus (Romanos 3.21-24)

 Para nós, o principal sentido de Jesus ter cumprido a lei, foi o fato de nos “justificar gratuitamente pela sua graça". Ele fez isso ao disponibilizar-nos "a justiça de Deus mediante a fé". No Evangelho da cruz, a justiça de Deus (sem lei) é revelada. É a mesma justiça exigida pela lei, mas não obtida pela lei. Na lei, a justiça é um padrão impossível de ser alcançado. No evangelho, a justiça é um dom da graça oferecido.

 Este dom da justiça está disponível a todos os que crêem, a todos os que depositam sua confiançaem Jesus Cristocomo seu Salvador e tem-no como único Senhor. Este dom de Deus é gratuito para quem o recebe, no entanto, teve um alto custo para o doador. Este presente custou ao Pai seu Filho unigênito. Custou ao Filho sua própria vida. Ele pagou o alto preço para nos resgatar do mercado de escravos do pecado e da morte, conforme registrado em 1Pedro1.18,19:

 Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo.

 Além de uma natureza pecaminosa intrínseca, herdada do vovô Adão, cada pessoa, um dia, contraiu uma dívida impossível de ser paga por nós mesmos: "Não há distinção, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus". Somos os únicos responsáveis pelos nossos atos, e ninguém mais. Diariamente acumulamos pecado sobre pecado, ainda que seja inconsciente. Precisamos assumi-los todos! Não quero com isso gerar algum tipo de sentimento de culpa (assunto enfatizado no Pentateuco). Pelo contrário, se a oferta pelo pecado foi integralmente suprimida pelo sangue de Cristo, a culpa deve ter sido igualmente cancelada na cruz (Colossenses 2.14):

 Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu- o inteiramente, encravando-o na cruz

 Por causa do pecado (e consequentemente a culpa pelo pecado), estávamos debaixo de maldição, mas “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro”, conforme Gálatas 3.13.

 

Agora, para todo aquele que nEle crê, a justiça de Deus lhe é imputada, ou seja, é creditada como um presente para quitar sua dívida. Desse modo, o Senhor nos justifica "gratuitamente pela sua graça". O Senhor nos declara justos diante dele, dando-nos "a Sua justiça que é através da fé".

 Medite: Se somos justificados gratuitamente, mediante nossa incapacidade, há alguma coisa que possamos fazer para nos manter justificados?

 Ore: Senhor, sou grato pelo fato de sua justiça não ser através da lei. Caso contrário, Senhor, eu seria eternamente condenado diante de ti. Obrigado pelo teu glorioso evangelho da graça. Alegro-me em ti porque sou justo agora aos teus olhos, através da fé em teu Filho amado e que a justiça necessária para minha santificação diária venha também por essa mesma graça, através da fé. Que o Senhor desenvolva em mim esse mesmo tipo de confiança. O teu evangelho é grande! Eu reconheço a tua majestade e te louvo por meio de Cristo, meu Senhor. Amém.

 

 

Continua em Graça (Parte II) 

 

 


Autor: Reinaldo Bui


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