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Com os pés no chão, sempre!

Não consigo imaginar o mundo sem música. Especialmente a boa música. Se bem que o que parece bom pra um, pode não parecer bom pra outro e vice-versa, enfim, uma discussão que existe desde o início da humanidade e sempre haverá, afinal já disse Nelson Rodrigues, com outras palavras, que nem toda unanimidade é inteligente.

Mas já que o assunto é música, na minha modesta opinião a boa música precisa ter conteúdo, mensagem e serve, não apenas para divertir, mas também para informar. Gosto de inúmeros cantores, cantoras e grupos brasileiros e latinoamericanos, que são autores ou intérpretes de músicas que retratam nossa realidade. Admiro a “visão jornalística” de certos artistas, que conseguem captar e refletir em música determinadas situações.

Um dia desses, voltei ouvir uma música do carioca Martinho da Vila, gravada nos anos 80, chamada “À volta da fogueira”. A obra tem mensagens lindas e o mais legal é saber que Martinho baseou-se numa música africana da cidade de Huambo (Angola), associou a situação de nossos irmãos africanos com a própria realidade brasileira, ou no caso mais específico com a de cariocas espremidos na miséria dos morros.

Seja em além mar ou aqui, Martinho teve a percepção de que alguns pseudos governantes permanecem no alto da arrogância, “não se aproximam de favelas, nem dos campos”, fazem contas difíceis de entender “e tem medo de tudo que é popular”.

Mas, como acrescenta nosso poeta Martinho, “Os meninos à volta da fogueira, Vão aprender coisas de sonho e de verdade; Vão perceber como se ganha uma bandeira; E vão saber o que custou a liberdade... Lá os meninos aprenderam coisas novas, E até já dizem que as estrelas são do povo...”

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