Itaboraí, O Seu Complexo E A Alternativa



ITABORAÍ, O SEU COMPLEXO E A ALTERNATIVA...

Caroline Santos Silva

Resumo

O presente trabalho surge em face de uma era de estimativas energéticas em relação à durabilidade do petróleo e a contínua construção de refinarias, bem como o surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável e as fontes alternativas de energia.

Estudante de Relações Internacionais
Instituto Superior de Educação La Salle
E-mail: [email protected]

Alcançar padrões internacionais de excelência em segurança, meio ambiente e saúde é hoje para a Petrobrás mais que um compromisso, é uma condição de negócio que queremos ver inserida em todas as etapas de nossas atividades, de modo a se consolidar definitivamente como um valor na Companhia.
José de Azevedo
Presidente da Petrobrás

O presente artigo não tem a pretensão de fazer um trabalho negativo em relação ao início de uma nova etapa na vida do Município de Itaboraí, mas sim, fazer um estudo do petróleo no Brasil no decorrer dos anos em que foi descoberto, culminando na construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro e as implicações positivas e negativas que decorrem desta mudança, tanto para o município e o país como para o mundo.

Existem muitos trabalhos acerca do tema energia e, principalmente no que diz respeito ao petróleo, porém são inexistentes artigos relacionados a esta fonte e a nova empreitada da Petrobrás no Rio de Janeiro, a não ser arquivos da própria empresa.

Diante do quadro de mudanças climáticas constantes que se apresentam todos os dias, este artigo tem como principal objetivo fazer uma análise das agressões ao quadro energético do nosso país, tendo como foco o Estado do Rio de Janeiro e a implantação do Pólo Petroquímico em Itaboraí, em 2012.

O homem, desde que descobriu meios de facilitar a sua convivência em sociedade (fogo, rodas, escrita...), virou uma máquina incessante de descobrir, não parou mais e, a cada década, milhares de descobertas marcaram etapas importantes da humanidade. Mas nenhuma delas seria tão convincente se não nascesse daquela que já existia antes do próprio homem e dela ele também ser formado: a energia.

Motor de civilizações, ela esteve presente em praticamente todos os momentos da vida do ser humano: não há vida, se não há energia! Após várias Eras, rodas movidas à água, Revoluções industriais celebradas em meio a muito vapor e carvão, o homem descobre a fonte com mais valor que qualquer pedra preciosa, o petróleo.

Esta sim seria a fonte da verdadeira Revolução, e foi. E é. O único problema: Sempre será?

BREVE HISTÓRICO DO PETRÓLEO NO BRASIL

Não adianta fazer um estudo respaldado num contexto internacional, em meio a crises e guerras, para chegarmos ao momento em que estamos vivendo, porque não acrescentaria o conhecimento que este artigo se propõe fornecer àquele que realmente quer entender as mudanças que estão ocorrendo em nosso Município.

A história da indústria petrolífera no Brasil se confunde com a criação da Petrobrás, em 1953, empresa que alavancou a exploração deste recurso natural que se tornaria um dos termômetros da política internacional. No cenário mundial hoje, o Brasil ocupa o 16º lugar no ranking dos maiores produtores de petróleo do mundo.

Até isso ocorrer foi preciso que houvesse um aumento da capacitação de recursos humanos, injeção de capital, crises internacionais e a criação de políticas que organizaram e priorizaram o petróleo para o desenvolvimento do país.

E este foi o resultado de uma caminhada que começou quando observadores e curiosos foram gradativamente desvendando os primeiros vestígios de petróleo em solo brasileiro a partir do final do século XIX.

Durante a década de 30, havia no Brasil uma campanha para a nacionalização dos bens do subsolo, por causa da presença dos trustes (união de empresas para controlar o mercado) que se apossavam de grandes áreas de petróleo e minérios (como o ferro).

Conhecido por obras marcantes na infância de qualquer criança, o escritor e também participante deste movimento nacionalista, Monteiro Lobato, foi uma das pessoas que mais sonhava com a prosperidade do país. Em 1931, Lobato retorna dos Estados Unidos engajado no modelo de país que viu por lá - próspero e abundante - começa a defender as riquezas naturais do Brasil e sua capacidade de produzir petróleo. Consegue fazer isso através de contribuições em artigos para jornais e palestras que promoviam a conscientização popular.

Alertou o presidente Getúlio Vargas quanto aos benefícios da política de trustes para o país e a necessidade de defesa da soberania nacional nesta questão energética.

Na mesma década, no interior da Bahia, o engenheiro Manoel Ignácio Bastos encontra amostras de petróleo e em 1939, perfura-se o primeiro poço comerciável do país.

Neste mesmo ano, o governo de Getúlio Vargas instala o Conselho Nacional do Petróleo (CNP), com a primeira Lei do Petróleo do país, a fim de estruturar e regularizar as atividades envolvidas, desde o processo de exploração de jazidas, até a importação, exportação, transporte, distribuição e comércio de petróleo e derivados. A partir deste decreto, o combustível tornou-se patrimônio da União.

Daí em diante, muitas perfurações foram feitas nas bacias do Paraná, de Sergipe Alagoas e do Recôncavo, sendo nesta última, as principais descobertas.

Nos anos 50, a intensificação da pressão da sociedade e demanda por petróleo somadas ao movimento dos partidos de esquerda, resultaram no lançamento da campanha O petróleo é nosso. Vargas, responde ao movimento com a assinatura, em outubro de 53, da Lei 2004 que instituiu a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobrás) como monopólio estatal de pesquisa e lavra, refino e transporte do petróleo e seus derivados.

Nesta mesma década, o consumo de petróleo aumenta muito por causa do desenvolvimento industrial e da construção de rodovias. Até este período, a produção nacional era de 2.700 barris por dia, enquanto o consumo estava na faixa de 170 mil barris diários, quase todos importados na forma de derivados (petróleo já refinado).

Atualmente, após passar por duas grandes crises do petróleo e muitos outros problemas de ordem interna (no que se refere às leis), a Petrobrás é referência no cenário internacional. Entre as mais de 20 bacias petrolíferas conhecidas no país, a produção ultrapassa 1,5 milhão de barris ao dia e detém o recorde mundial de perfuração exploratória no mar, com um poço em lâmina dágua de 2.777 metros. Ela exporta a tecnologia de exploração nesses ambientes para vários países.

O COMPLEXO PETROQUÍMICO

Após conhecermos um pouco mais do gigante PETROBRAS, e de como dentro de um pouco mais de 50 anos esta empresa obteve destaque não só no cenário nacional, mas principalmente mundial o que realmente interessa para a compreensão de nossa pesquisa, é o motivo pelo qual ela decidiu se instalar em Itaboraí.

No Estado do Rio de Janeiro, já participa com uma refinaria, a REDUC, em Duque de Caxias que, desde 1961 coopera para refino do petróleo pesado em derivados. Mas a Petrobrás reitera a excelência de sua atuação e amplia o compromisso com o desenvolvimento do país com a implantação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.

Em 2003, a Petrobrás, o Grupo Ultra e o BNDES fizeram um acordo para desenvolver um estudo conjunto com o objetivo de avaliar a oportunidade de implantar um complexo a partir do petróleo pesado.

Com a capacidade de processar 150 mil barris por dia de petróleo pesado nacional, a implantação do Complexo marca a retomada da Petrobrás ao setor petroquímico. Decisão estratégica que consagra sua posição de empresa global de energia construída pela competência e pelo talento dos brasileiros.

O Complexo será um dos maiores empreendimentos petroquímicos do mundo, com investimentos no total de 8,3 bilhões de dólares, terá refinaria, central petroquímica e plantas industriais de segunda geração numa mesma área industrial. A importância fundamental da iniciativa vai além do interesse comercial da Petrobrás, pois também é um estímulo à sustentabilidade e ao crescimento contínuo do país e do Rio de Janeiro.

O Município possui uma excelente localização para o Complexo por estar próximo à fonte de matéria-prima (petróleo Marlim) e inserido no mercado consumidor dos produtos de segunda geração, conferindo uma importante vantagem logística para a região.

Esse ganho será obtido pela substituição da exportação de petróleo pesado, de menor valor no mercado, pela exportação de produtos de maior valor agregado a serem produzidos no complexo. O petróleo pesado, produzido pela Petrobrás no Brasil será utilizado como insumo para gerar produtos petroquímicos, em substituição à nafta que ainda é em parte importada.

Essas vantagens foram os principais motivos do desenvolvimento do projeto, já que o Brasil consome aproximadamente dez milhões de toneladas de nafta e importa cerca de 30% desse volume. Os restantes 70% são atendidos pela produção das refinarias da Petrobrás.

A escolha do Município de Itaboraí aconteceu com base em estudos técnicos, de caráter multidisciplinar, conduzidos por empresas e universidades. Além dos vetores econômicos, dos aspectos logísticos e de infra-estrutura, a área escolhida tem que dispor de espaço no tamanho de no mínimo 20 milhões de metros quadrados.

Quanto às possibilidades tecnológicas, o cenário futuro indica escassez de matérias-primas tradicionais (nafta e gás natural), levando a uma busca por alternativas para esse suprimento. A utilização de matéria prima não convencional (petróleo pesado) foi selecionada como uma solução que mostrou se como a alternativa tecnologicamente viável.

Os aspectos de Responsabilidade Social do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro começam pela escolha do local de sua instalação. A área selecionada consiste em uma estrutura fundiária composta de fazendas e sítios, predominando pastagens de baixo aproveitamento. A presença de núcleos urbanos distantes cerca de 15 km do local do empreendimento, assegura uma localização próxima, porém segura. Além disso, o aproveitamento da mão de obra qualificada e existente no entorno do Complexo, oferecendo oportunidades que podem atingir os 1,3 milhões de habitantes estabelecidos na zona de influência.

A consciência social se estende com a instalação do Centro de Integração de São Gonçalo, com o objetivo de capacitar a população circunvizinha para o desenvolvimento industrial e empresarial em bases competitivas e sustentáveis, na implantação do Complexo Petroquímico.

O complexo também viabilizará a implantação de empresas de terceira geração, as quais utilizam os produtos petroquímicos na produção de itens para os mais diversos segmentos de consumo, desde utensílios plásticos, tintas, embalagens e tecidos, até componentes para computadores, veículos, navios e aviões. Ou seja, tudo aquilo que está presente na vida de todos no dia-a-dia.

Segundo a própria Petrobrás, a implantação do complexo vai incrementar ainda mais o nível dos investimentos, a geração de empregos e a arrecadação de impostos na região.

Sem mais observações neste aspecto, o que não é o propósito deste trabalho, alguns fatores negativos permeiam nossa mente quando tratamos do desenvolvimento do Município de Itaboraí, principalmente no que diz respeito ao Pólo Petroquímico:

- A demanda por mão de obra para construção do Complexo que ficará instalada na cidade, a princípio não será qualificada, e após sete anos de moradia, estarão plenamente inerentes na vida da sociedade itaboraiense. E, uma vez terminadas as obras, para onde irá esse contingente de trabalhadores desqualificados?

- Haverá realmente um comprometimento da Petrobrás com a responsabilidade social, no sentido de inserção dessas pessoas neste campo de atuação? Ou seremos uma repetição do que houve em Macaé uma cidade dividida?

- E, o propósito de discussão que não só permeia a mente dos cidadãos que vivem em Itaboraí, mas de todo o mundo: E QUANDO O PETRÓLEO ACABAR? Valerá a pena acabar com esse mega investimento?

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

... satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.

Gro Harlem Brundtlan

Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento - 1987

Falar de atividades envolvendo o petróleo e seu manuseio é se chegar à dúvidas e temores com a questão ambiental. E não é muito difícil se pensar em desastres quando, recentemente, assistimos, em nosso quintal, acidentes de alto nível de agressão, como o da baía de Guanabara ou com o trem em Itambi. E não deveria ser diferente ter preocupações quando se anuncia um complexo petroquímico e toda a sua mega estrutura de empresas de várias gerações, em Itaboraí, praticamente dentro da Área de Proteção Ambiental de Guapimirim. Mas é a Petrobrás. É o nosso petróleo e a nossa economia e, apesar de todos os acidentes, a empresa tem o seu centro de pesquisas com 1.500 funcionários, entre mestres e doutores, com desafios na área de excelência Ambiental, Sustentabilidade, Eco-Eficiência...

Desde 2004, a empresa vem dando prioridade às pesquisas de eco-eficiência voltadas para ar, água, solo, ecossistemas especiais, desenvolvendo tecnologias de prevenção, buscando remediar e minimizar os impactos das suas atividades. Seus estudos remetem principalmente a novas técnicas de avaliação de riscos, minimização de resíduos e substituição de matérias-primas por equivalentes ambientalmente amigáveis.

E mesmo com todas essas preocupações, como energia não renovável, o petróleo tem um fim marcado para a sua era, que os técnicos estimam em 2030 e nas melhores previsões no máximo por 50 anos.

Todas as outras eras, como a idade da pedra, não acabaram por falta de seus minerais, foram as novas tecnologias que fizeram o homem abandonar as pedras e a escassez de minérios que permitiram-no utilizar novas matérias primas, mais abundantes, transformando a qualidade de vida.

E foi assim que chegamos ao petróleo, que agora, na iminência de recrudescer a oferta natural, já está nos levando a descobrir tecnologias capazes de explorar outras formas de energia.

E assim, pensar em desenvolvimento sustentável, neste caso, é o que importa, pois em breve não teremos mais o combustível fóssil. Desta forma, o pensamento para essas fontes alternativas de energia necessitam de duas primícias complementares: Que sejam renováveis e que não agridam o meio ambiente, ou que pelo menos, agridam o mínimo possível.

FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA

O motor diesel pode ser alimentado com óleos vegetais e poderá ajudar consideravelmente o desenvolvimento da agricultura nos países onde ele funcionar. Isto parece um sonho do futuro, mas eu posso predizer com inteira convicção que esse modo de emprego de motor diesel pode, num tempo dado, adquirir uma grande importância.

Rudolph Diesel

Diante de todas as considerações sobre desenvolvimento sustentável, existe a necessidade cada vez mais latente de uma fonte alternativa de energia que substitua o petróleo e que tenha tanta força como ele. Existem, atualmente, diversos tipos de fontes de energia renováveis, mas a que está ganhando cada vez mais espaço no Brasil é o biodiesel.

O governo Federal autorizou o uso comercial desse novo tipo de combustível, que é obtido através de matérias-primas como mamona soja e dendê.

A entrada do biodiesel no mercado nacional vai gerar uma expressiva economia para o Brasil reduzindo as exportações do diesel do petróleo, além de contribuir para preservar o meio ambiente e promover a inclusão social de milhares de brasileiros.

Com o biodiesel, o Brasil inicia um novo ciclo no setor de energia e reforça a promoção do uso de fontes renováveis e a diversificação da matriz energética. Hoje, as fontes renováveis representam 43,8% da matriz brasileira, enquanto a média mundial é de 13,6% e a dos países desenvolvidos, de apenas 6%.

O Brasil reúne condições ideais para se tornar um grande produtor mundial de biodiesel, pois dispõe de extensas áreas agricultáveis, parte delas não propícias ao cultivo de gêneros alimentícios, mas com solo e clima favoráveis ao plantio de inúmeras oleaginosas. O país também conta com tecnologia para implantar o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) de forma sustentável.

Não precisamos nos ater a todos os detalhes do Programa, mas ele traz uma série de vantagens para o Brasil ingressar neste mercado alternativo, tais como:

- Mais uma fonte renovável;

- Competitividade e inclusão social;

- Flexibilidade e garantia de qualidade;

- Garantias para o consumidor;

- Mais divisas para o Brasil;

- Desenvolvimento para tecnologia;

- Meio Ambiente sadio, entre outras.

O que o Programa do governo esquece de apontar são os fatores negativos da adoção do combustível, não por seus fatores de produção, mas, como aponta a revista Surgente, promover geração de renda e emprego no campo e a agricultura familiar, contribuindo para a inclusão social, deveria ser uma das linhas de ação do programa para alcançar ganhos sociais, ambientais e econômicos. Mas a realidade que se desenha hoje é outra. A cadeia produtiva, em sua maior parte, está concentrada nas mãos de grandes empresas de agronegócio instaladas no Brasil.

O presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Heitor Pereira, alerta: O Brasil poderá repetir o erro do Proálcool, quando a produção ficou nas mãos dos grandes usineiros.

E ela mesma, a Petrobrás, já desenvolveu e patenteou um combustível com a mesma estrutura do biodiesel, porém que descarta de vez o pequeno agricultor: o H-Bio.

CONCLUSÃO

Isso é um fato: o petróleo vai acabar!

E quando acabar, de que valerão todos os investimentos? É claro que não podemos ser tão pessimistas, e devemos considerar que até isso ocorrer, teremos muito que lucrar com o Complexo e com os benefícios de pertencermos ao mesmo país da grandiosa Petrobrás.

Porém não podemos ficar menos preocupados com esse fato e devemos sim, fazer mais estudos de médio e longo prazo de nosso futuro energético, pois dependemos dele para cada ação que realizamos todos os dias.

Por enquanto estamos firmados na promessa de Progresso, mas que não deixemos de ter em mente o desenvolvimento sustentável e as fontes alternativas de energia, porque deles dependerá nossa velhice tranqüila e o crescimento saudável de nossos filhos e netos.

APÊNDICE

ENERGIAS ALTERNATIVAS

O mundo vive uma contagem regressiva. Muito se fala, mas poucos se dão conta de que uma das nossas principais fontes de energia está para acabar. Segundo especialistas, em um prazo de 50 anos, não teremos mais petróleo a gasolina, os derivados que conhecemos, terão chegado ao fim.

As pesquisas por fontes alternativas de energia são movidas por essa data-limite, mas também por outro motivo tão urgente quanto o próprio fim do petróleo. Salvar o planeta da escalada poluidora em que nos metemos. Na busca a uma energia mais "limpa", o Brasil terá um papel decisivo.

A onda da energia limpa e renovável é uma que o Brasil não pode perder. Afinal, o país tem todas as condições para produzir este tipo de energia: muito sol, vento, terras e água. Hoje, o Brasil é líder em produção e em pesquisa com o álcool combustível e o biodiesel começa a chegar às bombas. Mas, em alguns setores, o Brasil está apenas começando a engatinhar.

Já são 34 cataventos gigantes espetados nas areias da costa do Ceará. É uma energia que usa combustível com custo zero para o país. É um combustível estratégico, que é o vento. Combustível que não polui e não aquece o meio ambiente, comenta o gerente da Wobben Windpower Eduardo Leonetti Lopes.

Muito potencial, poucas usinas as de grande porte ficam no Ceará, em Pernambuco, Minas Gerais e no Paraná. Mas o poder do vento que movimenta uma indústria em Sorocaba, no interior de São Paulo, está bem longe. O principal destino das peças fabricadas é a Alemanha 5% de toda a energia consumida no país europeu, vem do vento. O Brasil tem 12 usinas eólicas. A Alemanha, 16 mil.

Além do vento, o sol. O Brasil tem muito dos dois. Mas só agora começa a descobrir a energia solar. Ainda estamos na idade do chuveiro elétrico. O banho diário custa caro.

O chuveiro consome muita energia em um espaço muito curto. Você precisa ter cabos muitos grossos, transformadores e subestações muito grandes, para usar durante meia hora, uma hora por dia, no que chamamos de horário de ponta. Isso é muito ruim para a concessionária, muito ruim para a distribuidora, explica o diretor da Heliotek Ronaldo Kulb.

Na ponta do lápis é ruim também para o consumidor. Quem tiver dinheiro para instalar o sistema de energia solar, fabricado aqui, recupera o investimento em dois anos e pode reduzir a conta de luz em até 50%. Enquanto o Brasil engatinha...

A Espanha, a partir de janeiro de 2007, tem uma lei federal obrigando o uso de aquecimento solar em todas as residenciais acima de 150 metros quadrados, conta Ronaldo Kulb.

É no campo que estão as maiores esperança do Brasil de reduzir a poluição e ao mesmo tempo ganhar dinheiro. Existe, é lógico, uma preocupação ambiental, mas o maior problema, segundo especialistas, é que em 50 anos começa a escassear o petróleo.

O país melhor preparado para enfrentar isso é o Brasil, porque tem água, tem terras e tem os vegetais que podem ser transformados em óleo e adicionados ao combustível. Mamona, por exemplo, que a gente encontra em qualquer matagal.

A soja sai do Brasil para alimentar rebanhos de todo o mundo. A novidade é que as exportações de óleo de soja refinado do país dispararam. A explicação está na Europa.

O programa de biodiesel europeu é que vai ser um programa portentoso, provavelmente quatro, cinco vezes maior que o programa brasileiro. Já está em marcha, porém, eles vão se servir de matéria-prima do resto do mundo, observa o especialista em Energia Fábio Silveira.

No Brasil, o biodiesel começa a chegar a alguns postos de combustível. Em Mato Grosso do Sul o óleo diesel vem com 2% de óleo de mamona ou de soja. Meu colega de trabalho diz que o desempenho é melhor, que a fumaça também é reduzida. Então eu estou usando para experimentar, diz o caminhoneiro Rodolfo Luis de Oliveira.

Quando se trata de álcool, o potencial do Brasil é imenso. É preciso abastecer o mercado interno e a demanda em todo o mundo vai crescer. No Japão, a mistura voluntária de 3% de álcool à gasolina pode se tornar obrigatória. Nos Estados Unidos, será de quase 6% até 2012. Na China, a mistura em algumas províncias é de 10% e pode ser estendida a todo o país. Na União Européia, será de 5% até 2011.

Com a pressão mundial para combater o efeito estufa, reduzir a poluição causada pelo petróleo cada vez mais caro, o país tem um caminho promissor. Sem que a fronteira agrícola continue avançando sobre o sul da Amazônia.

Há áreas que podem ser ocupadas ainda. Você pode aumentar a produtividade de áreas que já são ocupadas. Tem que ver se vai haver esse mercado lá na frente, mas tudo indica que sim, por causa da escassez do petróleo, comenta Fábio Silveira.


Autor: Caroline Santos


Artigos Relacionados


A Noite

Uma Folha

Zarpando

Confesso

"quadrinha"

Sonhos De Crianças

Meu Porto