Julgamento



“1 Não julgueis, para que não sejais julgados.

2 Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis vos medirão a vós.

3 E por que vês o argueiro no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu olho?

4 Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?

5 Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu irmão..” (Mt 7.1-5)

 

“Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados.” (Lc 6.37)

 

“Não julgueis pela aparência mas julgai segundo o reto juízo.” (Jo 7.24)

 

Todos estes textos foram proferidos por nosso Senhor Jesus Cristo, e devem ser apreciados em conjunto para entendermos melhor em que consiste o mandamento de não julgar para não sermos julgados.

Pelo fato de nosso Senhor ordenar que não devemos julgar segundo a aparência, mas segundo a reta justiça, em Jo 7.24, infere-se que a proibição de julgar de Mateus 7.1 e de Lucas 6.37, não é uma proibição genérica, aplicável a todos os tipos de julgamentos, de maneira que o próprio Senhor declarou a necessidade de se fazer julgamentos que sejam segundo a reta justiça.

A proibição de julgar dos textos de Mt 7.1 e Lc 6.37, visava sobretudo reprovar os escribas e fariseus que eram muito rígidos e severos, julgando e condenando com seu orgulho e arrogância, a muitos, pelos motivos mais banais e injustificados.

Certamente, por tal reprovação, nosso Senhor visava atingir a todos os que tivessem o mesmo comportamento dos escribas e fariseus.

Acrescente-se a isto, que nosso Senhor não veio julgar o mundo, mas salvá-lo, e isto será assim até que Ele volte, para fechar a chamada dispensação da graça.

Há então, desde que nosso Senhor se manifestou esta grande possibilidade do perdão de faltas e da reconciliação de pecadores com Deus.

Deste modo, nenhum juízo definitivo de condenação moral, será um reto juízo nestes dias da dispensação da graça, nos quais Deus está exibindo a Sua completa longanimidade para com os pecadores.

Evidentemente, isto não exclui o dever de julgarmos os desvios morais, e  nem tampouco o de estabelecer a devida disciplina e sanções, porque o próprio Senhor Jesus Cristo ordenou, até mesmo no caso de crentes rebeldes, que os tais fossem excluídos da comunhão da Igreja.

Todavia, os que julgam, devem antes julgar os seus próprios atos, e devem estar isentos de culpa e devidamente preparados para julgarem os seus irmãos. Não como quem assume uma autoridade e domínio sobre os outros, como é dado aos magistrados seculares para fazerem, mas sempre em exercício de amor e misericórdia. O mesmo amor e misericórdia que há na pessoa do próprio Cristo. 

E toda repreensão e disciplina devem ser realizadas com longanimidade e doutrina, ou seja com a mesma paciência de Deus, e segundo a verdade da Sua Palavra, e não por nossos ressentimentos e critérios particulares próprios.

Não nos cabe também julgar a condição e as intenções do coração de outros, porque isto é uma prerrogativa exclusiva de Deus, o único que conhece perfeitamente o que há no coração de cada pessoa. 

Deus usará de misericórdia para com aqueles que usarem de misericórdia nos seus julgamentos e censuras.

Vemos então que não é o ato de julgar que é proibido por Deus, mas o modo como se julga.

Desta forma, estão errados aqueles que procuram se justificar sempre e que não aceitam repreensões e correções, sob o pretexto de que Deus proibiu toda forma de julgamento.

Ora, quando alguém diz para você, quando exerce um reto juízo: “você está me julgando!”, procurando com isto não apenas se justificar, mas também nos intimidar, devemos lembrar-lhe que para dizer uma tal coisa, ele também teve que realizar alguma forma de julgamento, ou seja, ele está julgando que nós lhe estamos julgando indevidamente, quando na verdade, não estamos.  

 

Pr Silvio Dutra

 

 

 

 

 

 

 


Autor: Silvio Dutra


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