A Importância Do Turismo Para A História De Um Local



A IMPORTÂNCIA DO TURISMO PARA A HISTÓRIA DE UM LOCAL

A pesquisa realizada procurou discutir sobre o turismo como ferramenta de resgate cultural de uma comunidade.

A partir do momento em que se destaca uma cidade ou um lugar como pólo turístico é necessário que se estude a sua história. Assim, o turismo pode ser uma ferramenta para o resgate histórico e cultural da destinação, e não ser apenas uma atividade econômica, utilizada para gerar renda ou alguma forma de lazer para a população.

Os atrativos turísticos, por sua vez, também criam possibilidades para a revitalização da identidade cultural, a preservação de patrimônios, bens culturais, tradições e costumes da população local estimulando assim a participação da comunidade no desenvolvimento da atividade turística e consequentemente da sociedade.

Em se tratando de um estudo que visa valorizar a “história dos locais turísticos”, nada melhor que uma ajuda da arqueologia, ciência que estuda a origem das civilizações, para que se possa entender melhor toda a historia do local. Neste caso é preciso que as duas ciências, tanto o turismo quanto a arqueologia trabalhem em conjunto.

“É antes de qualquer coisa uma ciência social, que visa, a partir da análise das materialidades que nos rodeiam, contribuir para o conhecimento da história da nossa espécie. Nesse sentido, há muito que ela abandonou a sua matriz inicial de estudos de antiguidade para assumir, como âmbito da sua atividade, a totalidade do espaço planetário e do tempo histórico, até a atualidade. Há uma arqueologia pré-histórica, como existe, por exemplo, uma arqueologia contemporânea.” (JORGE, 2000, p11).

Junto à arqueologia têm-se a geografia, que é a ciência utilizada para estudar as transformações ocorridas no espaço, ocasionadas pelo homem e também as sofridas por ele em relação aos limites e regras impostas pelo meio físico e social do local/destino. Analisa também as paisagens, que nesse caso depende e varia muito com a percepção de cada pessoa, ou seja, pode causar as mais variadas reações nas pessoas e é através dela que se começa a criar possíveis fatos que serão comprovados quando juntados aos materiais (urnas funerárias, cerâmicas, pedras lascadas, pinturas rupestres). (RODRIGUÊS, 2001, p 18)

Voltando a arqueologia, pode-se destacar os sítios arqueológicos, que hoje no Brasil são mais de 20 mil. Locais estes, onde ficaram preservados testemunhos e evidências de atividades do passado histórico. (ARQUEOLOGIA, 2007)

Um exemplo de local em que o produto turístico está inteiramente ligado à arqueologia é o Parque Nacional da Serra da Capivara no Piauí, pois nota-se que o parque é o principal atrativo turístico para a região em que o parque está situado, mais precisamente nos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias, estão à mostra vestígios arqueológicos e pinturas rupestres existentes nos muitos sítios encontrados nas dependências do Parque.

O Parque Nacional Serra da Capivara, que é considerado Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO, desde 2002, possui mais de 912 sítios, números estes que aumentam a cada dia, por novas descobertas. Conta também com a Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM), tendo mais de três décadas de constante pesquisa, onde foram encontrados vestígios antigos da presença do homem (1000 anos antes do presente).

As escavações passam pelas seguintes fases: primeiro pela retrospecção. Onde procuram encontrar vestígios que permitam o conhecimento do sítio, segundo, a parte de documentação fazendo-se o levantamento topográfico do sítio, terceiro tira-se as fotografias e por último começam as escavações, única forma de datar os vestígios achados e definir os possíveis povos que habitaram esse habitat.

Na fundação do Museu Americano são realizadas exposições continuas, atualizadas regularmente coma as novas descobertas sobre a origem do homem e povoamento das Américas. Cada exposição é separada por salas.

Na primeira sala encontram-se um resumo das origens da humanidade, sua evolução e

dispersão pelo continente. A seguir, a estrutura da exposição se organiza a partir de uma

diferenciação cronológica e climática. Na sala superior,esta evidencias da preocupação dos povos em reservar a memória além da morte.Na ultima sala estão exposições de materiais de evoluções das técnicas utilizadas para fabricar ferramentas desde a pedra lascada até hoje ( FUMDHAM,2007)

Cada região possui características peculiares, com significados arqueológicos importantes em nível nacional ou até mundial, daí vem à importância da preservação de cada um, pois a destruição de cada sítio significa a perda para a própria história do povo.

Os atrativos turísticos, por sua vez, criam possibilidades para a revitalização da identidade cultural, da preservação dos bens culturais e das mais ricas tradições. Em suma, as atividades turísticas geram mecanismos de sustentabilidade e espaços propícios às expressões culturais.

Ao redor do parque vive uma comunidade muito carente e que dificilmente entenderá a importância de proteger o parque e acaba por depredar os sítios, pois por não terem uma consciência decorrente da educação fundamental a todas as pessoas, agem de acordo com suas necessidades prioritárias, utilizando-se da caça, do desmatamento, invadem o território do parque e realizam queima de pneus para esconder as pinturas, porque pensam que no momento que estas forem encontradas eles teriam que sair do local, exploram calvários, fontes ricas de sítios arqueológicos, para gerar rendas para sua sobrevivência e de sua família, sem ao menos perceberem o mau que estão fazendo, destruindo parte de sua história. (FUMDHAM, 2007)

O Ministério do Turismo, no âmbito do “Projeto de desenvolvimento sustentável do turismo na região do Parque Nacional Serra da Capivara”, financia ações no sentido desqualificar a população local para atender às necessidades que o turismo demandará.

Nesta linha, suas ações prevêem “Qualificação profissional e empresarial”, “Formação de formadores e professores”, “Educação para o turismo”, “Apoio a projetos de produção associada ao turismo”, “Curso de idiomas” e “Fortalecimento do associativismo, cooperativismo e empreendedorismo” (BRASIL, 2003).

O Parque também enfrenta problemas com questões financeiras. Para se manter o parque necessita de 400.000,00 mensais e no mínimo 300 funcionários, mas a realidade é totalmente diferente, pois o parque funciona com apenas 120 funcionários e praticamente sem dinheiro em caixa, apesar dos esforços da arqueóloga Niede Guidon para manter o parque os recursos são escassos e falta incentivo na iniciativa privada para financiar uma coisa que só traria benefícios à região. (SERRA,2007).

O desafio está em fazer com que investimentos possam de alguma forma beneficiar a maior parte da população, que na verdade são os e que geralmente necessitam, e não apenas deixar a mercê dos grandes empreendimentos. Um desenvolvimento concentrado beneficiando somente a alguns, possivelmente trará conseqüências já conhecida em nossa história, violência, prostituição, tráfico de droga, miséria, entre outros fatores negativos.

Por isso a importância de ser ter empreendimentos que objetivam criar mecanismos que buscam inserir a comunidade regional de maneira positiva neste segmento (PARQUE, 2007).

Com o apoio da FUMDHAM foram criados projetos comunitários com a intenção de ajudar as famílias na melhoria de sua renda a partir da utilização do patrimônio histórico e natural do parque, onde se destacam as atividades artesanais como a produção de cerâmicas que são réplicas dos objetos arqueológicos encontrados no parque e que hoje são vendidas para os turistas em lojas de souvenir na própria comunidade, além das cerâmicas existem cópias de objetos indígenas como machadinhos e também camisetas com estampa igual às pinturas rupestres encontradas no parque.

Com a atividade turística planejada de forma sustentável, resgatando a essência da história da população, pode se trabalhar com a conscientização da importância da preservação histórico-cultural do local/destino para os autóctones.

Pode se concluir que, tendo à frente do planejamento do produto turístico pessoas conscientes da importância da história de uma população, haverá desenvolvimento e sendo assim, é possível utilizar dessas ferramentas para que junto de um trabalho de educação e conscientização dos autóctones, se possibilite que os residentes se integrem às atividades turísticas e se familiarizem com uma nova forma de geração de renda e desenvolvimento, assim é possível que se sintam partes integrantes dessa atividade que é o turismo.

AUTORES:

RAFAELA FELICIANO ARAGÃO;

JACIR ALVES PORTO JUNIOR.

8º TERMO DE GRADUAÇÃO EM TURISMO

UNIESP – PRESIDENTE PRUDENTE - SP

BIBLIOGRAFIA

RODRIGUES, Vânia Ulian. Implantação de assentamentos de grupos indígenas pré-coloniais no baixo paranapanema paulista: Ánalise da paisagem, Presidente Prudente:2001, 87f.

JORGE, Vítor Oliveira. Arqueologia, Património e Cultura. Instituo Piaget, 2000.

SITES

ARQUEOLOGIA. Disponível em www.wikipedia.or. Acesso em 26 nov. 2007.

FUNDAÇÃO Museu do Homem Americano, Disponível em www.fumdham.org.br. Acesso em 03 dez 2007.

www.itv-j.net Acesso 04 dez 2007.

SERRA da capivara pode fechar. Disponível em http://www.bobnews.com.br/noticias/parque-nacional-da-serra-da-capivara-pode-fechar-em-setembro.html. Acesso em 10 dez. 2007
Autor: jacir alves


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