A Crise Americana



O fim de semana foi quente nos bastidores dos grandes bancos mundiais. A crise no mercado norte-americano ganhou contornos dramáticos com a grave crise de dois dos maiores bancos de investimentos do mundo – o Merrill Lynch e o Lehman Brothers. O primeiro foi comprado pelo Bank of América, pelo valor de U$ 50 bi (metade do que valia há um ano atrás) e o segundo deve anunciar sua falência ainda hoje.

Interessante notar que desta vez o governo Bush não socorreu nenhuma das duas instituições, na esperança que houvesse uma solução de mercado – fato que se efetivou com o Merril Lynch. O Federal Reserve não desejava mais uma vez ter que despejar uma fortuna para acalmar os mercados e salvar bancos que se lançaram no turbulento mercado de risco, mas que não tiveram condições de se manterem após uma queda contínua no valor de suas ações.

Este é o mercado, quando está navegando por águas tranqüilas, os economistas e grandes empresários, junto com a imprensa especializada cantam aos quatro ventos as vantagens que o livre-mercado proporcionam à economia, que o governo não deve intervir, mas sim apenas regular, etc. Quando a tempestade se avista, começam as mudanças de opiniões e a visão de que é necessária uma intervenção estatal num mercado absolutamente privado, para que se salvem as instituições e os investidores e o efeito cascata não atinja todo o planeta. Claro que uma ação dos governos se faz necessário neste momento de turbulência, até porque não se sabe até onde pode ir esta crise, mas esta necessidade de atuação tomada das rédeas por parte da “mão invisível do Estado”, quando o livre-mercado, tal como uma criança assustada pede ajuda, faz lembrar a célebre frase de Marx: “tudo que é sólido se desmancha no ar”. E por uma destas ironias, quem se desmancha agora, são aqueles, que até bem pouco tempo atrás, classificavam as categorias de investimentos de países e instituições. Lembro do noticiário informando: “De acordo com o Lehman Brothers, a análise de risco indica que o Brasil não é seguro para investimento” E quem avaliava o risco destas instituições?

Talvez esta crise só se aplaque com a atuação conjunta dos bancos centrais atuando em conjunto com medidas que diminuam o impacto e as perdas geradas, mas percebe-se mais uma vez a necessidade da atuação dos governos, visando regular e administrar os mercados, para que tais ocorrências não ocorram com tanta freqüência e com tamanho impacto na economia global.

Autor: Sérgio Ricardo Farias de Santana


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