Contemplação



 A cor do céu continua a mesma
O mesmo azul pálido de ontem

A cor do meu quarto também não mudou
O verde pastel está sempre lá quando abro os olhos

As mesmas vozes, o mesmo cheiro de café
O mesmo doce sorriso no amanhecer e ao anoitecer.

O copo pousado sobre a mesa, o meu desleixo
Sobrepondo a sua limpeza, continua o mesmo

Saio de casa à procura de algo diferente do mesmo
Não existe o mesmo num mundo que gira,
Num pôr-do-sol de rosas, laranjas e azuis,
Num mundo de mortes e nascimentos,
De febres, guerras, fome e mágoa.

Não existe o mesmo em um mundo de medo,
Onde todos tem medo do mesmo,
Onde andam juntos a cobiça e a corrupção
Onde a igreja da moda erradica o mesmo,
De nada serve o mesmo, o mesmo é careta.

Saí de casa à procura de algo diferente do mesmo.
Voltei para casa com saudade do mesmo.

Do mesmo cheiro de pão quente com manteiga,
Da risada gostosa, do latido ao abrir a porta.

Voltei com saudade do verde pastel, do azul pálido
e do vermelho-sangue que aquece meu corpo e meu coração.


Autor: estefania azevedo


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