Desenvolvimento (in)sustentável



Muito se tem falado sobre desenvolvimento sustentável – na esfera ambiental – seja na mídia, nas escolas e universidades, ou mesmo no círculo familiar ou entre amigos. Contudo, pode-se pensar em relação ao desenvolvimento sustentável sob outro prisma, no do desenvolvimento econômico respaldado por uma educação pública – ensino público e privado – com qualidade. Na perspectiva do crescimento econômico, o fator educação com qualidade emerge como um possível possibilitador de novas condições, de novos horizontes para a sociedade brasileira.                   

Existe um clima positivo em relação ao Brasil nos próximos anos no que se refere a sua condição econômica e posteriormente a empregabilidade e renda dos indivíduos. É fato que os últimos anos para o estado brasileiro foram importantes nos que tange ao seu desenvolvimento econômico, tanto no nível macro, ou seja, mais estrutural da economia, ou no micro, no plano da elevação da renda e do poder de compra das famílias. No entanto, pensar na consolidação deste crescimento é levar em conta alguns fatores para que o Brasil deixe de ser o país do futuro, para se tornar definitivamente o do presente.

Dentre esses fatores que podem influenciar nesse crescimento se percebe a educação. A educação com qualidade, personificada em uma escola com qualidade social – comprometida com o aprendizado e desenvolvimento de todos – pode impulsionar a consolidação de um projeto de nação. A formação de cidadãos e trabalhadores capazes são, sem sombra de dúvidas, um dos elementos principais para dar sustentação a esse projeto.

Durante vários anos pensou-se que a elevação da qualidade da educação escolar dependeria do aumento dos níveis de investimentos públicos neste segmento. Por muito tempo acreditou-se que no dia em que os investimentos em educação se elevassem, a qualidade do ensino seguiria o mesmo movimento, ou seja, também se elevaria. No entanto, vem se percebendo que os investimentos se elevaram nos últimos anos, mas a qualidade do ensino no plano concreto da escola, da sala de aula, não vem sendo proporcional.

Em relação à temática educacional, todos têm suas responsabilidades e tem necessariamente que cumpri-las com empenho e dedicação. Por exemplo, no caso do poder público, uma de suas responsabilidades é destinar recursos a serem investidos, já no caso da escola ou do professor é ensinar, e com qualidade. Os papéis já estão muito bem claros e definidos e a escola muitas vezes não cumpre bem sua parte neste esforço conjunto – entre poder público e escola – que é proporcionar aprendizados, saberes significativos aos educandos que poderão dar sustentabilidade a um projeto de crescimento da nação brasileira.

É inegável que os problemas estruturais no sistema educacional brasileiro são enormes. Seja no plano municipal, estadual ou federal as agruras crônicas como: indicações políticas, corrupção, baixos salários, reduzidas condições de trabalho, inexistência muitas vezes de planos de carreira e a falta de continuidade de políticas públicas; tornam a atividade docente cada vez mais difícil e desestimulante. Mas tudo isso, não desresponsabiliza o educador de exerce bem sua função de construtor de saberes e conhecimentos no espaço escolar.

Assim como Montessori – que lançou um olhar diferente sobre o desenvolvimento das crianças –, assim também como Anísio Teixeira – que defendia uma escola, um ensino para todos – e também como Paulo Freire – que acreditava que o diálogo crítico entre educador-educando e educando-educador seria capaz de refazer histórias – é o educador, em sua ação pedagógica que de fato poderá construir e re-construir saberes com vista ao desenvolvimento, seja dele próprio ou do educando e quem sabe do país.

Simplesmente o investimento público isolado na educação não será suficiente para minimizar diversas mazelas presentes no quadro educacional do país: repetência, analfabetismo, evasão escolar, dentre outros. Os recursos articulados a uma prática pedagógica comprometida com o ensino de qualidade é que poderão modificar o dramático status quo da educação brasileira – sobretudo no ensino médio, um dos gargalos no ensino brasileiro – e ditar o ritmo do desenvolvimento sustentável da economia do Brasil.

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Autor: Cheyenne Fernandes Duarte


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