Questão de Alteridade: Cultura Amazônica - Minha Ou Nossa?



Santos (2006, p. 26) afirma que a "constatação da variedade de modos de vida entre povos e nações é um elemento fundamental das preocupações com cultura".

E isto deveria ser o ponto de partida para se entender sociologicamente e antropologicamente a cultura humana.

No entanto, ainda hoje, notamos dentro do próprio espaço urbano amazônico discriminações com as culturas tradicionais (indígena, quilombola e cabocla) partindo deste pressuposto teórico, podemos dizer que o problema se encontra em uma construção ideológica "bairrista", que concebe "o outro" como um "não pertencente" a um determinado povo, ou seja, são concepções que transcorrem do ponto de vista individual para o coletivo.

Desde que temos uma visão de que "o meu espaço" e não "o nosso espaço" é mais importante, viveremos neste tipo de "concorrência" onde vale o "espaço que estou fixado"; trata-se do processo teorizado e exemplificado por Durkheim apud De Castro (2005) em seus estudos sobre a sociedade, denominada de solidariedade orgânica, onde a consciência individual prevalece sobre a coletiva e o "meu mundo" se faz acima de tudo e qualquer coisa.

A partir desta forma exposta por Santos (2006), e por Durkheim, pode-se, com certeza, constatar o quanto nossa noção de cultura é simplória e discrepante, ao ponto de não aceitarmos o que é produção, características de outros povos e o pior, reprovamos todas e quaisquer produções diferentes das nossas.

De todos os lugares, no meu ponto de vista, o ambiente mais "bairrista" no Brasil e o mais próximo desta visão de solidariedade orgânica é o Rio Grande do Sul. O "gaúcho" avalia a sua coletividade e seu ambiente cultural como sendo único e não aceita que este ambiente e esta maneira de ser, agir e pensar, seja estudada de maneira diferente de seu ponto de vista.

São de uma extrema "proteção cultural", o que no meu ponto de vista, se torna prejudicial a percepção de outras culturas.

Não é por dizer que eles estão errados, apenas estamos falando de um ponto de vista sociológico e critíco-antropológico!

Pelo contrário de pensar de que não admiro ou não gosto do povo dos "pampas": adoro sua cultura e seu modo único de "guardar" suas raízes, tradições, sem deixar de manutenir seu espírito guerreiro e atroz, sempre pronto as "peleias" que a vida apresenta.

Itaituba, por sinal, se constitui em uma mistura de culturas e diferentes prospectos sociais, e nos demonstra como é complexa e ampla esta questão da alteridade e de concepção cultural, da qual, pensamos que não fazemos parte, mas, que pelo contrário, fazemos, pois não possuem construções terminadas quando se fala de cultura, sempre estaremos diante do novo, queiramos ou não.


Autor: RAUL CLAUDIO LIMA FALCÃO


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