EVOCAÇÃO/REEVOCAÇÃO E O AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL



EVOCAÇÃO/REEVOCAÇÃO E O AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL

 Na visão do autogerenciamento vivencial, é impreciso acreditar que o conflito vivencial pode ser resolvido simplesmente tendo como paradigma o processo de evocação/reevocação. Na verdade, somente com o uso da técnica interpretativa, tendo como base as lembranças, não é possível construir e reconstruir a história psíquica de uma pessoa.

É importante ressaltar que o imaginário, em algumas situações, sobrepõe à realidade. Interfere tanto no processo de evocação/reevocação como no da interpretação, ou seja, atua no âmbito do analisador como no do analisado. Principalmente nos casos de conflitos vivenciais, em que a relação analisadora e analisada é estruturada através de relatos. O analisado descreve seus sintomas, procurando convencer o analisador de que está doente e este, por sua vez, estrutura o seu diagnóstico em cima desses relatos. Soma-se ainda a esse processo a subjetividade do analisador e também a do analisado que, ao fazer o relato dos seus sintomas psicológicos, pode, num mecanismo de defesa, fazê-lo de forma que atenua um confronto com a situação traumática. Enfim, é um processo que se prende excessivamente ao passado e ao traumático, dificultando o seu total entendimento no momento presente.

Ao considerar todas essas questões mencionadas acima, o autogerenciamento vivencial acredita que a superação do conflito vivencial só começa a ocorrer no instante em que a pessoa busca dentro de si motivos para alterar a lógica vivencial que a mantém em sofrimento.

A transformação interior começa acontecer no momento em que ela percebe o valor da sua plasticidade vivencial. Ou seja, no momento em que acredita na sua capacidade de autorreflexão e autotransformação, colocando em dúvida o processo de evocação/reevocação. Desconfia das interpretações e da importância que está dando agora aos fatos passados.

É importante destacar que o processo que justifica ou esclarece o ocorrido é posterior ao seu acontecimento, logo vulnerável a uma interpretação que poderá atribuir-lhe um sentido diferente.Além disso, não podemos ignorar que cada pessoa (analisador e analisado) é um elemento ativo na elaboração das suas certezas e justificativas, não importando como elas são elaboradas, seja através da realidade ou da ilusão. Infelizmente, nós possuímos a capacidade de refinar as nossas inverdades até torná-las apropriadas aos nossos objetivos, a nossa lógica vivencial.

Para o autogerenciamento vivencial seria mais coerente, em vez de evocar/reevocar conflito vivencial, buscar, através de processo de autorreflexão, conscientizar cada pessoa que a qualidade de cada ato vivencial depende exclusivamente das atitudes dela no momento presente. Despertar motivos que a motivem a realizar as transformações necessárias para superar o conflito vivencial, tornando-a parte da solução. Esse sim, seria o caminho, já que a realidade vivencial não muda através de justificativas e explicações, mas sim através da elaboração de novas lógicas vivenciais.

Os conflitos vivenciais devem ser vistos como respostas inadequadas a situações vivenciais atuais, gerando, assim, distorções na percepção da realidade. Essas sim é que são objetos de estudo do autogerenciamento vivencial, uma vez que o nosso aprendizado vivencial ocorre no momento em que a experiência vivencial está acontecendo, portanto não é com a lembrança do passado que iremos modificar o presente.

Nesse processo de autotransformação é de extrema importância que a pessoa assuma a responsabilidade pela vida que está vivendo. Pois, de nada adiantará justificar a dor atual através de uma lógica vivencial passada e muito menos responsabilizar terceiros por ela. Torna-se imperioso aprender a gerenciar e disciplinar o teor dos pensamentos, já que são os geradores da lógica vivencial, estruturadora da dinâmica vivencial. Logo, se não paramos o processo conflituoso no seu início, seremos cada vez mais envolvidos por ele e teremos, com o decorrer do tempo, mais dificuldades para controlá-lo. Uma pessoa, por exemplo, dominada pelo medo, se não encontrar uma solução imediata para o que sente, mais será envolvida e subjugada por ele, levando-a ao descontrole do medo (síndrome do pânico). Atenção!!!Quando nos entregamos ao que nos faz sofrer, mais força terá o mal que nos consome.

Enfim!!!! É extremamente insuficiente racionalizar o conflito vivencial apenas tendo como base as lembranças ou revelações passadas fornecida pela pessoa, no momento atual.  Desapegar e não reproduzir o passado é o caminho que nos conduzirá a autotransformação e ao equilíbrio vivencial.

Adendo: Para complicar ainda mais o processo de autorreflexão. Hoje em dia, as pessoas estão em busca de um ouvido amigo que apenas as ouças, ansiando em descarregar a sua tensão do dia a dia ou validar a sua opinião.

Para refletir!!!!! Cada pessoa cria a sua própria armadura. Quem é radical nas suas verdades bloqueia o processo de autotransformação. Para haver autotransformação terá que conquistar a si mesmo. Cuidado!!!Não se torne um poste pois para tornar-se flexível, só quebrando.

 Viver é sentir cada momento sem se preocupar em comparar um com o outro.

 Drº Cláudio de Oliveira Lima – psicólogo

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Autor: Cláudio De Oliveira Lima


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