Economia de limites e inovações, caminho do futuro



A desvantagem do capitalismo é a desigual distribuição das riquezas; a vantagem do socialismo é a igual distribuição das misérias. (Winston  Churchill) 

O surgimento de uma nova economia, denominada economia do meio ambiente, ou verde tem como principal atributo propiciar visibilidade crescente aos fundamentos e às consequências das diversas formas de produzir e medir a riqueza, que provém principalmente de formas não mercantis de cooperação.

A economia verde deve estar voltada à redução radical de utilização de materiais e energia necessários à produção de bens e serviços para atingir objetivos socioambientais do sistema econômico em que está inserida. Mas só isto não basta.

Apesar de processos de globalização, que integraram o mundo como se fosse um só em nível mercantilista, nos últimos 30 anos as economias de países ricos e emergentes experimentaram um processo crescente e cruel de desigualdade social.

Na Inglaterra, a cada US$ 1 gerado no sistema econômico entre 1976 e 2008, pelo menos US$ 0,58 parou nas mãos dos 1 % mais ricos. Nos EUA, entre 1980 e 2005, estonteantes 80 % do aumento de renda americana estacionou nos bolsos de apenas 1 % da população.

A disparidade de renda entre os 10 % mais ricos e os 10 % mais pobres é de 14 para 1 nos EUA; 27 para 1 na Turquia e Israel; 27 para 1 no Chile e no México. Quanto mais concentrada a renda menos benefícios aos mais pobres.

O grande desafio da economia verde é a reconstrução da relação entre sociedade e natureza, em busca de melhor qualidade de vida para todos. As organizações e as comunidades relacionadas a um determinado sistema produtivo devem decidir e expor claramente todos os fluxos diretos e indiretos de geração de bens e serviços. É uma nova cultura econômica.

Por exemplo, caso decida-se que, a níveis globais, só se possa emitir 750 gigatoneladas de gases de efeito estufa (GEE), para obter-se elevação média de temperatura de 2º. C até o final do século, como se irá distribuir esse orçamento”de carbono às nações.

A sociedade da informação que tomou forma no final do século XX e permite a conexão de praticamente um mundo todo, plano, homogêneo, possibilita progressos revolucionários de cooperação e ampliação de participação de indivíduos de várias comunidades em formas inéditas de inovação e criação de riqueza.

O ser humano, cada vez de forma mais incisiva, passa a ter as chaves decisórias de que mundo que quer viver. E irá perceber que as escolhas que fará dos caminhos do porvir estarão progressivamente mais acessíveis.

A transição para um novo modelo de economia passa necessariamente por duas mudanças estratégicas na relação da sociedade com a natureza: a primeira são os limites que devem ser impostos nessa relação; a segunda é a inovação, no sentido de fomentação de um sistema sustentável que minimiza o uso de recursos, energia e biodiversidade. 

Durante o século XX a população mundial quadruplicou, enquanto o PIB global cresceu 20 vezes, com óbvia e impactante demanda por matéria e energia. A nova economia deve então estipular regras rígidas para o uso dos finitos recursos terráqueos e proporcionar a criação de mecanismos inteligentes que maximizem esse uso e propiciem melhoria de qualidade de vida. 

O mecanismo que pode garantir o equilíbrio dos ecossistemas e dos serviços que prestam à sociedade, a maior parte deles de forma gratuita, é um certo metabolismo social. Uma economia não pode mais crescer a produção e o consumo de forma incessante, sem limites. Há que haver processos de freios, que se implantam com a redução substancial do uso de carbono na base da sociedade, sem deixar de atender as necessidades básicas das pessoas.  

A gestão de processos econômicos não pode mais se medir por balanços contábeis e sim por parâmetros de benefícios que trazem aos seres humanos. A ética, no sentido de justiça e virtude, tem que ocupar lugar central nas decisões econômicas de geração de riqueza.

Empresas serão cada vez mais cobradas por gerar produtos e serviços que gerem resultados que proporcionem bem-estar social. Indústrias alimentícias que produzem alimentos com altos teores de gorduras têm que ser responsabilizadas pela obesidade provocada na população que os consome.

No setor automobilístico, não se pode mais subsidiar a produção de veículos consumidores vorazes de carbono, altamente maléfico à saúde humana e usuário faminto de parcos recursos naturais.  Pelo contrário, as indústrias desse setor têm que desenvolver propulsores renováveis, e responsabilizar pelos danos causados ao meio ambiente e à saúde humana.

Países que alcançaram um certo nível de prosperidade e bem-estar social devem criar formas de brecar seu crescimento econômico e permanecer num estado de economia estacionária (steady state), usufruindo do que foi construído para torná-los ricos. Nessas economias os aumentos de produtividade devem ser utilizados para diminuir ainda mais eventuais desigualdades sociais e proporcionar mais lazer e felicidade aos seus trabalhadores.

Mas países em desenvolvimento ter como foco em suas políticas macroeconômicas de crescimento, ações voltadas à garantia de empregos e sistemas de transferência de renda que diminuam as desigualdades sociais bem como processo de manutenção e regeneração dos serviços ecossistêmicos.

Para os países em desenvolvimento, as políticas macroeconômicas devem focar seu desenvolvimento com ações voltadas à garantia de empregos e sistemas de transferência de renda que diminuam as desigualdades sociais bem como processo de manutenção e regeneração dos serviços ecossistêmicos.

Erradicar a pobreza, incentivar a produção e o consumo sustentável, reduzir impactos ao meio ambiente, e fomentar a inclusão social e o bem estar às pessoas são alguns dos principais elementos que compõe a economia verde, que para se estabelecer tem que embeber-se de limites e embriagar-se de inovações.

 


Autor: Rodnei Vecchia


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